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Análise Deus Ex: Mankind Divided (Playstation 4)

Estamos em 2029 e passaram-se apenas 2 anos desde o Aug Event, um acontecimento no qual os seres humanos modificados se tornaram violentos e atacaram os humanos “normais”. O mundo mudou muito desde então e é nessa nova realidade que tem lugar a acção de Deus Ex: Mankind Divided.

Este é, sem dúvida, um dos jogos mais aguardados de 2016 e um dos que mais elevadas expectativas gerou. Seguimos Adam Jensen, o protagonista da série, nesta nova aventura e contamos-vos como é a vida num mundo em que a tecnologia é utilizada para aumentar as capacidades humanas.

Em 2027 teve lugar o Aug Event, uma revolta em que seres humanos tecnologicamente modificados se tornaram violentos e aniquilaram milhões de pessoas. Este episódio foi retratado em Deus Ex: Human Revolution, que foi lançado em 2011. Quem é novo nesta saga ou quem não jogou o episódio anterior tem à sua disposição um vídeo de 12 minutos que explica todo o enredo e que serve de introdução para o que se vai passar a seguir.

Numa primeira missão, Adam Jensen – juntamente com um grupo de paramilitares – é transportado até ao Dubai para desmantelar uma rede de tráfico de peças electrónicas. Trata-se de uma primeira missão que não serve só para que o jogador se familiarize com a mecânica do jogo, mas também servirá como introdução para o resto da narrativa. Este tutorial é particularmente útil dadas as inúmeras formas que os jogadores têm de cumprir as missões. Podemos optar por um modo mais stealth, contornando os nossos inimigos – que são muitos – ou podemos optar por desempenhar a nossa missão com um pouco mais de acção.

Já desde o início se consegue perceber que existiu uma atenção muito especial dada à componente mais stealth deste jogo. É perfeitamente possível desempenhar esta missão tendo pouco ou nenhum contacto com os nossos inimigos. E temos um manancial de oportunidades que podemos aproveitar: desde atrair as atenções dos guardas para outro local até arranjar forma de entrar numa conduta de ar, encurtando caminho e evitando a detecção.

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Após o fim deste tutorial somos transportados para Praga, onde a acção principal do jogo tem lugar. Aqui, entramos num cenário diametralmente diferente do cenário do tutorial. O ambiente da cidade remete-nos para um estado policial onde os humanos modificados são tratados como seres inferiores, revistados e mandados parar pelas autoridades a cada passo. Apesar disto, a interacção com os NPC é reduzida. Podemos falar com quase todos os NPC’s, mas – na maioria das vezes – a conversa não tem mais do que duas frases.

Acontece, porém, que existem situações em que podemos estabelecer uma espécie de diálogo com NPC’s. Nessas situações, temos a possibilidade de cumprir algumas missões secundárias que se desenrolam no universo Deus Ex e que, não tendo nenhuma relação directa com a história principal, nos ajudam a perceber um pouco melhor a narrativa e alguns dos seus acontecimentos-chave. Podemos passar ao lado destas missões (visto que as mesmas são opcionais) mas, ao cumpri-las, estaremos a ganhar pontos extra que nos permitirão desbloquear boosts para os nossos augmentations.

Quanto à cidade propriamente dita, é muito fácil sentirmos-nos oprimidos e vigiados a cada passo que damos. O ambiente que se vive é o de um estado policial onde a lei e a ordem são impostas pelo medo e pelo controlo elevado dos seus habitantes. Existem áreas reservadas da cidade onde os humanos modificados não podem aceder e outras onde a sua circulação é permitida. Nestas últimas, existe um controlo apertado por parte das autoridades mas, ao contrário do que seria de esperar, as autoridades simplesmente ignoram-nos na maioria das vezes. Aliás, é possível andar com uma sniper-riffle na mão sem sermos incomodados. Ainda assim, caso venhamos a cometer algum crime que seja presenciado pelas autoridades, iremos ter problemas.

A cidade não é muito grande e encontra-se bem vigiada. Temos de ter bastante cuidado quando entramos em áreas restritas e evitar sempre as entradas principais, que se encontram bem guardadas. Esse acesso terá de ser feito às escondidas e de forma a evitar a detecção.

Praga é a única grande cidade presente no jogo, o que pode trazer alguma desilusão aos jogadores. Mas, apesar disso, está incrivelmente detalhada, desde as estruturas mais modernas e futuristas, passando pelos edifícios mais antigos e tradicionais.

Ainda assim, o exterior dos edifícios parece ter merecido mais atenção do que o interior, sendo notória a diferença entre o que se vê nas ruas da cidade e o interior das casas. Os apartamentos são, em geral, locais exíguos, muitas vezes com apenas uma divisão, e onde não há muito a explorar. É frequente entrar num apartamento pelas janelas e, depois, não conseguir sair pela porta por esta se encontrar fechada. Poderia haver aqui mais espaço à exploração, tornando real a possibilidade de circularmos por todo o edifício.

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Mas há mais no universo Deus Ex do que apenas a acção principal: acessível através do menu inicial, temos à nossa disposição o modo Breach. Neste modo de jogo – num estilo completamente arcade – desempenhamos o papel de um hacker cujo objectivo é infiltrar-se numa rede de dados e obter grandes quantidades de informação. Aqui, a acção decorre num ambiente completamente high-tech que mais parece saído do filme Tron.

Existe uma determinada quantidade de informação para capturar e temos de ir hackeando os vários servidores que encontramos pelo caminho para o fazer. Após conseguirmos ter em nosso poder toda a informação de que necessitamos, há um tempo limite para sair e é à saída que começa toda a acção. Conseguimos sentir o aumento de adrenalina e a pressão para conseguirmos escapar antes que o tempo limite termine. Muitas vezes, o jogador tem de enfrentar guardas cibernéticos e a única hipótese é conseguir neutralizá-los durante tempo suficiente para prosseguir caminho. Isto porque não é possível matá-los: podemos atingi-los a tiro e derrubá-los, mas alguns segundos depois voltam de novo à vida e continuam a sua perseguição para nos impedir de fugir com a informação que conseguimos roubar.

Veredicto:

No geral, Deus Ex: Mankind Divided é um jogo bem construído que transporta o jogador para uma sociedade onde a tecnologia reina e a discriminação daqueles que são diferentes é ostensiva ao ponto de pensarmos que não queremos viver num mundo assim. É uma boa continuação para a história deixada por episódios anteriores da saga. As missões – tanto a principal (que fornece o fio condutor à história) como as secundárias – estão bem desenhadas, sendo que algumas das missões secundárias acabam por ter um interesse maior do que a missão principal.

A aposta da Eidos Montreal na inclusão de um modo de jogo paralelo é uma aposta ganha, sendo este um modo de jogo bastante desafiante que acaba por complementar o jogo principal.

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