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Análise Call of Duty: WWII (Playstation 4)

A 6 de Junho de 1944 teve início a maior invasão alguma vez ocorrida na história da Humanidade. Milhares de soldados americanos, ingleses, canadianos e das Forças Francesas Livres desembarcaram nas praias da Normandia – norte de França – com o objectivo de libertar a Europa do domínio Nazi que se fazia sentir desde 1939. É exactamente neste ponto que tem início a acção de Call of Duty: WWII que, passados muitos anos, voltou à sua temática original, a Segunda Guerra Mundial.

Após algumas horas de jogo é perfeitamente possível dizer que Call of Duty: WWII é tudo o que se esperava e muito mais. Repleto de acção, o jogo transporta-nos para locais icónicos do conflito como as praias da Normandia, os campos e vilas do norte de França ou a floresta das Ardenas.

 


Durante anos, a Activision ofereceu-nos um produto Call of Duty baseado na guerra moderna e até mesmo na guerra do futuro, esquecendo as origens daquele que é um dos melhores FPS’s de sempre. Essa mudança de tema originou, com o passar do tempo, a perda de fãs e adeptos do jogo. Há muito tempo que se pedia um reboot da série e esse reboot surgiu este ano com o regresso do jogo ao seu tema original.

Nesta edição, a Activision coloca à nossa disposição três modos de jogo: modo Campanha, modo Multijogador e o modo Nazi Zombies, oferecendo aos jogadores uma multitude de experiências diferentes, cada uma delas com os seus atractivos.

No modo Campanha, somos colocados na pele do soldado Ronald “Red” Daniels e atirados para o campo de batalha, tendo a nossa aventura início a escassos momentos do desembarque aliado nas praias do norte de França. Ainda antes de conseguirmos colocar os pés na areia percebemos que sair vivo daquela praia não vai ser tarefa fácil.

Call of Duty: WWII mostra-nos a realidade dura e crua da guerra, não se furtando a imagens mais fortes e violentas de forma a colocar-nos no centro da ação e a transmitir-nos a sensação de que estamos mesmo lá e não apenas a jogar um jogo. Quer na praia, quer nas enormes estruturas defensivas nas dunas quer, mais tarde, noutras missões com outros cenários diferentes, a sensação com que ficamos é a de fazer parte integrante da contenda.

Para isto contribui, e de que maneira, a excelência dos gráficos e a utilização sublime dos efeitos sonoros. A exactidão histórica dos vários elementos que compõem os cenários – desde os uniformes (americanos e alemães) ao armamento, passando pelos veículos (militares ou não) e pelos edifícios – confere ao jogo uma aura de autenticidade e realismo sem precedentes.

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A qualidade gráfica fica também patente na utilização de múltiplos sombreados para ilustrar a correcta incidência da luz solar e na utilização de texturas nos mais variados objectos e estruturas.

Apesar disso, observámos alguns bugs gráficos desconcertantes: quando rastejamos para abrir caminho e/ou para nos protegermos do fogo inimigo, não rastejamos por cima dos cadáveres de soldados mortos, mas sim “através” deles. Este tipo de situações, numa altura em que o poder gráfico das consolas é tão elevado, é inadmissível.

Os efeitos sonoros são simplesmente espetaculares e dão-nos uma nítida ideia do caos que reinava durante a invasão aliada do continente europeu. É difícil concentrarmo-nos com o barulho das balas e das bombas a rebentar. Barulhos mais mecânicos, como o dos disparos de uma metralhadora ou o som distinto das lagartas de um Panzer ou de um Tiger a aproximar-se, provocam em nós um aumento substancial da adrenalina.

Quanto ao enredo do modo Campanha, parece ter sido retirado de um filme de Hollywood. A fazer lembrar Saving Private Ryan, a componente emocional que se encontra presente neste modo de jogo facilita a nossa identificação com o personagem principal e faz-nos sentir como realmente pertencendo a um pelotão de soldados que avançam pela Europa tentando por todos os meios libertar o continente do domínio Nazi.

Um ponto muito forte do modo Campanha é a jogabilidade variada, com a acção a não estar limitada ao controlo que temos sobre o personagem principal. Podemos interagir com uma multiplicidade de veículos e dispositivos: metralhadoras pesadas, metralhadoras montadas em half-tracks, conduzir tanques e até mesmo pilotar aviões. Para além de diversificar a forma como se encara cada missão, é algo que, asseguro-vos, é extremamente divertido de se fazer. Infelizmente estas experiências duram muito pouco tempo, quase nos levando a desejar levar um tiro para poder recomeçar a missão e repetir a experiência.

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Também o tipo de acção é bastante diversificada: a Activision montou as missões de modo a que cada uma tivesse obrigatoriamente de ser encarada de uma forma diferente. Não contem ficar todo o tempo da campanha apenas de arma na mão a disparar contra tudo o que mexe. Todas as missões são diferentes e, se em algumas temos de ser rápidos no gatilho e certeiros no disparo, noutras teremos de ser o mais silenciosos possível para evitar a detecção.

A IA dos nossos companheiros – e dos inimigos também – está mais apurada. Não se tornam um empecilho e até nos ajudam, fornecendo munições e granadas, kits médicos e assinalando, por vezes, no terreno onde se encontram os soldados inimigos. Atenção: este tipo de interacção com os nossos companheiros de pelotão nem sempre é possível, também para que o jogo não se torne demasiado fácil.

No modo Multijogador também encontramos algumas alterações, a começar por uma abordagem bastante mais realista do que em títulos anteriores. Não existem armas especiais nem tão pouco os jogadores têm habilidades sobre-humanas. Dependemos apenas da nossa perícia e da capacidade que temos para prestar atenção ao que nos rodeia.

Podemos encontrar aqui todos os modos mais tradicionais como Team Deathmatch, Capture the Flag e Domination, mas um dos modos que mais chama a atenção é o modo War. Este modo de jogo é mais virado para o cumprimento de objectivos em equipa. Só por esta característica, este modo é já uma mais-valia porque traz a sensação de pertencermos a uma equipa de soldados que dependem uns dos outros e onde cada um tem um papel a desempenhar.

Existem cinco Divisões à escolha – Airborne, Infantry, Mountain, Armored e Expeditionary – com cada uma delas a deixar desbloquear habilidades associadas. Quando não estamos envolvidos numa batalha de arma em punho, podemos passar pelo Headquarters, um novo espaço social onde é possível participar em inúmeras actividades, vários modos secundários e a possibilidade de aceitar ordens do Major Howard e assinar contratos – objectivos secundários a troco de recompensas como experiência e Supply Drops – que é como quem diz, loot boxes.

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Para finalizar temos o modo Nazi Zombies que é, como o nome indica, um modo de jogo em que nos defendemos – ou, pelo menos, nos tentamos defender – de intermináveis e cada vez mais violentas vagas de Nazis Zombies que nos querem apanhar. Podemos, como é evidente, passear pelo mapa – de momento ainda só existe um chamado The Final Reich. Este modo de jogo também promete horas e horas de diversão e de adrenalina intensas.

Em forma de nota de rodapé, gostariamos ainda de revelar números adiantados pela Activision relativos às vendas de CoD: WWII. Segundo a marca o jogo amealhou mais de 500 milhões de dólares em apenas três dias após o seu lançamento, rendendo mais que as estreias de Thor: Ragnarok e Wonder Woman juntos. É obra!

Veredicto:

Este regresso às origens é bem-vindo numa série que já estava a começar a cansar e a desapontar imensos jogadores. Correcção histórica é uma das chaves do sucesso deste jogo, com a atenção ao detalhe gráfico e os efeitos sonoros a empurrarem a experiência para patamares elevados. Existem, de facto, alguns bugs gráficos que desiludem mas, no global, o aspecto gráfico dos vários mapas – quer no modo Campanha, quer nos modos Multijogador e Nazi Zombies – é pouco menos do que excelente.

O dinamismo das missões disponíveis confere à jogabilidade um atractivo especial, não se limitando a experiência dos jogadores apenas a andar a limpar os vários mapas até contemplar a missão. O retorno à realidade de que foi alvo o modo Multijogador também faz com que seja menos frustrante jogar online, já que apenas dependemos nas nossas habilidades. Call of Duty: WWII é uma clara tentativa por parte da Activision para manter a sua base de jogadores, evitando que muitos abandonem a série de vez. Por aquilo que vimos, experimentámos e sentimos, esta é, sem dúvida, uma aposta ganha.

Call of Duty: WWII

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