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Análise: Samsung Galaxy Note

A febre dos tablets chegou e contagiou-nos a todos pela sua portabilidade, flexibilidade aliado a um grande ecrã. Parece que o estado febril chegou também aos smartphones e a Samsung decidiu injectar um pouco dessa febre no seu modelo mais comercializado, o Samsung Galaxy SII, criando então um semi-tablet chamado Galaxy Note. O pplware analisou-o e o resultado é então apresentado nas páginas seguintes.

Será um tablet ou um smartphone?

A primeira coisa que chama à atenção do Note é o grande ecrã de 5’3 que nos traz semelhanças a um tablet em miniatura. Vem equipado com o mesmo CPU dual core do Samsung Galaxy SII, mas a 1,4ghz, o Exynos 4210. Vem também com 1GB de RAM e um dos GPUs mais poderosos do mercado o Mali-400. O ecrã é um Super AMOLED e devido à sua grande dimensão vem equipado com uma resolução muito generosa: 1280×800. Tem slot para microSD até 32GB e conta com 16 ou 32GB internos, mais que espaço suficiente para guardarmos filmes, jogos, séries, fotografias etc. Tem uma câmara com 8 megapixels com LED flash e grava a 1080p a 30fps. A câmara frontal tem 2 megapixels. De resto conta com os habituais bluetooth, wifi, 3G, GPS, jack de 3’5 para headphones, micro USB para ligação ao computador e para ser carregado.

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Para além da montra de hardware topo de gama o Galaxy Note tem uma particularidade, a S-Pen. A S-Pen é uma caneta stylus que serve de touch input como se estivessemos a usar os nossos dedos. Tendo em conta que é a imagem de marca deste telemóvel a Samsung teve o cuidado de nos presentear com uma sensação de touch com a caneta nunca antes vista, e verdade seja dita que a experiência de uso da S-Pen é fantástica e reproduz no ecrã com muita fidelidade tudo o que escrevemos ou desenhamos. Claro que isto é possível usando uma aplicação da Samsung que vem com o Note, mas para além disso é possível usar a caneta no uso normal do dispositivo como se fosse um dedo. O uso da S-Pen acaba por ser um pouco situacional, ou seja, não vai ser uma funcionalidade que se vá usar a toda a hora, mas apenas quando algumas condições se reunirem. Eu por exemplo só uso a S-Pen quando tenho as mãos sujas demais para o meu gosto e não quero deteriorar a qualidade do ecrã com sujidade, ou quando quero desenhar algo ou tirar alguma nota rápida. Claro que haverá muitos tipos de utilizações, mas no final vai ser sempre um uso esporádico. Apesar da detecção da pen ser fantástica parece que, quando estamos a usá-la, que a driver está mal concebida pois detecta o ponto de contacto entre a pen e o ecrã cerca de 2 ou 3 milímetros acima de onde estamos realmente a carregar. Fora isso a fiabilidade da escrita é mesmo muito boa. Como se pode ver pela imagem abaixo.

Passando á análise propriamente dita é importante referir que eu tenho uma forma de fazer análises de forma diferente do que estão habituados. Sou apologista de análises mais reais e fluídas em vez de estarem divididas por, por exemplo, “Performance” “Bateria” “Câmara” e por aí fora, como tal não esperem que não faça referência a possíveis bugs ou problemas. O pplware é conhecido pelo rigor e pela veracidade de informação e é isso mesmo que vão encontrar nesta análise.

 

A primeira sensação que se tem ao ligar o Note é o ecrã que é algo de espantoso. A resolução de 1280×800 é facilmente reconhecida pela definição das letras dos ícones espalhados pelo ecrã, algo impossível em quase todos os smartphones disponíveis no mercado. O único que é capaz de rivalizar com o Note a nível de definição e densidade é o Galaxy Nexus pois têm praticamente a mesma resolução. Passando a fase do “wow” a segunda coisa que se repara é nas cores vivas e atraentes principalmente com o wallpaper de origem que realça isso mesmo. Infelizmente nem tudo é um mar de rosas. A Samsung fez um trabalho horrível a nível de optimização de cores. Tal como aconteceu no Galaxy S, Nexus S e Galaxy Nexus as cores estão completamente erradas e têm um tom amarelado. Parece que ao fim de quase dois anos a produzir AMOLEDS a Samsung ainda não aprendeu a fazer drivers decentes com cores reais. Também infelizmente, talvez devido ao facto do touchscreen estar preparado para receber inputs da S-Pen, não consegui melhorar a driver do ecrã de modo a corrigir as cores, isto ao nível do Kernel. Talvez por isso é que o conhecido supercurio (famoso pelas suas drivers Voodoo para uma grande gama de aparelhos Samsung que melhora a qualidade dos ecrãs e de som) ainda não lançou nenhum pacote de melhoramento de cores. Espero sinceramente que ele tenha sucesso onde eu não tive. Mas a Samsung fica muito mal neste capítulo. Também desaponta pelo facto de não ter a palavra “Plus” no tipo de ecrã. O termo “Plus” inicialmente usado para identificar o tipo de display do Galaxy SII significa que o ecrã teria uma matrix RGB para desenhar os pixéis no ecrã. Ora, o Galaxy Note tem um Super AMOLED HD, por isso infelizmente vem com uma matriz Pentile, o que deteriora bastante a qualidade de imagem quando comparado com um Galaxy SII.

 

Depois de nos deslumbrarmos com o ecrã (que apesar das minhas críticas anteriores não deixa de ser fantástico) o que nos vai saltar a vista é a performance. E que performance… este Exynos dual core a 1,4ghz é um verdadeiro foguetão! Eu venho de um Galaxy Nexus que também é um dual core mas a 1,2ghz e notei uma diferença abismal, e não são os 200mhz de diferença pois mesmo depois de aumentar a frequência do CPU do Nexus para 1,4ghz ainda se nota uma grande vantagem de fluidez por parte do Note. Tudo se mexe sem lag, sem arrastamento, simplesmente voa. Será que o OMAP4 é assim tão mais fraco a nível de processamento comparado com o Exynos 4210? Parece que sim. O GPU Mali-400 foi realmente uma escolha muito acertada. Podem instalar os jogos que quiserem no Note que este Mali correrá tudo sem qualquer tipo de lag, ainda por cima a uma resolução tão grande…espantoso! Há que tirar o chapéu à Samsung pela escolha deste SoC (system on a chip). Está previsto a actualização do Ice Cream Sandwich para este dispositivo a partir de Março portanto com este nível de performance apresentado com o antigo Gingerbread, muitas coisas boas se podem esperar do Galaxy Note.

A nível de qualidade de som o Note porta-se muito bem. Não tem a mesma clareza de som que o Galaxy Nexus tem (para mim a melhor qualidade de som que já tive o prazer de experimentar de sempre), mas não lhe fica muito atrás. O único problema é que vem com o volume máximo ligeiramente abaixo do aceitável. Talvez tenha sido uma limitação intencional da Samsung, mas é um pouco chato se se gostar de ouvir música alto. A única solução é através do uso de uma aplicação chamada Voodoo LOUDER que através da injecção de um módulo no Kernel é possível atingir volumes máximos muito mais elevados.

A bateria…a eterna questão da bateria. Quando vemos um ecrã tão grande, capaz de produzir grandes quantidades de brilho, a primeira coisa que nos vem à cabeça é que este dispositivo terá a bateria como calcanhar de aquiles…ainda por cima tendo um dual core tão poderoso…será que se aguenta? Posso vos dizer que foi das “funcionalidades” que mais me admirou neste Note, com uma bateria de 2500mAh (grande capacidade em comparação com outros smartphones mas devidamente proporcional ao tamanho do ecrã), foi a sua autonomia. Quem é que acredita que um smartphone com as características que já descrevi consiga durar 2 e 3 dias com uso moderado? O meu Galaxy Nexus durou-me hoje 6 horas com brilho no máximo e 3G ligado e com um uso muito intensivo (cheguei às 4 horas de tempo com o ecrã ligado, o que até é bastante bom) e com o Note consigo passar facilmente as 4 horas de ecrã ligado com uso intensivo. Fui verdadeiramente surpreendido e é algo que vai agradar a muitos potenciais compradores. Há que notar que no final depende sempre muito da utilização de cada um.

 

Em termos da qualidade da câmara posso dizer que é tão boa quanto a do Samsung Galaxy SII, não encontrei qualquer tipo de defeito e tira fotografias com uma qualidade bastante acima da média. Grava 1080p na perfeição e sem quebras na gravação.

Fotografia com luz:

 

Fotografia com pouca luz:

 

Este dispositivo tem uma qualidade de construção bastante aceitável, mesmo com os típicos plásticos da Samsung consegue ser mais robusto do que o seu irmão mais novo. O vidro do ecrã é um Gorilla Glass sendo por isso muito mais resistente a choques, riscos e quedas. Sem dúvida uma boa escolha por parte da Samsung.

 

O Note vem com o Android Gingerbread versão 2.3.6 que é equipado com o Kernel 2.6.35.7. Nota-se que o Gingerbread não foi feito para este tipo de ecrãs de alta resolução pois os ícones e as letras ficam grandes demais (coisa que não acontece no Ice Cream Sandwich do Galaxy Nexus). Isto é facilmente corrigido com uma alteração da densidade do ecrã (valor que se encontra no build.prop). Eu pessoalmente diminuí para os 240 e melhorou e muito a minha experiência de utilização. Esperemos que com o update para o ICS agendado para Março possa corrigir esse pequeno defeito do já velhinho, mas robusto, 2.3.

Para além do software de origem há muito mais que se pode fazer no Galaxy Note. Para quem gosta de se aventurar por esses caminhos aviso desde já que a comunidade de developers no XDA-Developers para o Galaxy Note é bastante volumosa e com qualidade. Conta também com o meu trabalho na área do Kernel num tópico com bastante visibilidade e popularidade. Não vou abordar questões de root neste artigo pois isso já está mais que discutido e explicado e não é de todo o objectivo desta análise.

Considerações finais:

Ao início estava um pouco céptico quanto às suas capacidades e portabilidade, mas apesar de ter um tamanho quase ao nível de um tablet não tenho qualquer problema em usá-lo no dia a dia e cabe-me perfeitamente no bolso. Para quem tem mãos pequenas pode ser um pouco difícil de manusear pois é realmente grande. É impressionante a nível de performance portanto quem quer um dispositivo rápido e fluído não tem que procurar mais muito mais. Mas se tiver mãos pequenas e não quiser andar com um grande “tijolo” no bolso então este dispositivo não é sem dúvida para si.

 

Pontos positivos:

* Performance de topo. É provavelmente o telemóvel com mais performance no mercado

* Bateria dura dura e dura

* Boa qualidade de construção

* Ecrã generoso

* Interacção com a S-Pen

* Experiência de leitura de texto absolutamente fantástica

* Qualidade da câmara bastante aceitável

 

Pontos negativos:

* Cores do ecrã muito mal calibradas parecendo por vezes amareladas

* Volume máximo um pouco baixo demais

* Por vezes grande demais para usar com apenas uma mão

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