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Buraco na camada de ozono da Antártida volta a fechar-se depois de evento anómalo em 2023

Este tema ainda é complicado para os cientistas, até porque o buraco do ozono teima em ter um comportamento muito próprio. Se em outubro passado era dito que o buraco na camada de ozono de 2023 era um dos maiores já registados, a verdade é que agora esse mesmo buraco fechou-se em dezembro passado. A questão então que se levanta é: o que pode causar este comportamento excecional na estratosfera?


Situada entre nós e o Sol, a camada de ozono, 20 a 30 quilómetros acima da Terra, atua como uma barreira invisível, protegendo-nos dos nocivos raios ultravioleta. No entanto, este precioso equilíbrio é posto em causa pelo enigma persistente do buraco do ozono, cujo comportamento peculiar em 2023 intrigou tanto os cientistas como os observadores.

Este buraco, que é na realidade uma região com menor concentração de ozono, desenrola-se sobre a Antártida, atingindo dimensões de até 25 milhões de quilómetros quadrados. Que segredos esconde este fenómeno atmosférico que, apesar dos seus anos de estudo, continua a ser um enigma para a ciência?

A vida própria da camada de ozono

Para balizar estes eventos é importante resolver o puzzle que explica o comportamento do buraco do ozono. A dinâmica da camada de ozono, influenciada por vários fatores, mergulha-nos num fascinante ballet atmosférico.

Durante o inverno, o vórtice polar, uma zona fria e densa que se forma no Ártico, intensifica a sua presença. Isto bloqueia a passagem do ar das zonas subtropicais, ricas em ozono, para a estratosfera polar. O resultado é a formação do conhecido “buraco de ozono” sobre o Ártico, com uma diminuição da concentração de ozono.

A radiação solar impulsiona processos que afetam a camada de ozono, com a temperatura estratosférica e os ventos a desempenharem papéis cruciais nesta interação cósmica.

Com a chegada da primavera, o vórtice polar perde força, permitindo que o ar ozonizado das zonas subtropicais flua para a estratosfera polar. Este processo fecha o “buraco de ozono” no Ártico, aumentando a concentração de ozono nesta região.

Esta oscilação sazonal da camada de ozono oferece-nos uma visão única da complexa interação entre a radiação solar, a temperatura e os ventos na nossa atmosfera.

Comportamento invulgar do buraco do ozono em 2023

Conforme demos conta, o ano de 2023 desafiou as expectativas ao apresentar um buraco na camada de ozono que quebrou o padrão estabelecido. Iniciado em setembro, este buraco chamou a atenção dos especialistas ao tornar-se um dos maiores observados em meados desse mês.

Apesar de depois se ter reduzido à média, a sua persistência em novembro sobre 14,2 milhões de quilómetros quadrados, aproximadamente a área da Antártida, posicionou-o como o terceiro maior para a época.

O processo de encerramento, marcado por ressaltos, foi prolongado até 20 de dezembro, sendo este um dos episódios mais duradouros, ultrapassando mesmo os buracos de 1999 e 2020 que se mantiveram até 27 de dezembro.

Mas então… o que terá acontecido nos últimos meses?

O comportamento anómalo do buraco do ozono em 2023 levou os cientistas a procurar explicações. Uma hipótese sugere que a erupção do vulcão Hunga Tonga – Hunga Ha’apai em 2022, que libertou grandes quantidades de vapor de água para a estratosfera, pode ter influenciado a intensidade da destruição da camada de ozono.

Outra teoria aponta para um fenómeno conhecido como o Modo Anular Sul, que poderia ter atrasado o processo de encerramento do buraco de ozono ao quebrar o vórtice polar. Além disso, investigações recentes destacam os padrões atmosféricos de longo prazo desde a década de 2000 como possíveis impulsionadores de maiores buracos de ozono, sugerindo impactos das alterações climáticas.

Apesar do sucesso global do Protocolo de Montreal, que proibiu a emissão de substâncias nocivas para a camada de ozono, o estranho comportamento do buraco do ozono em 2023 revela que a investigação neste domínio tem ainda grandes desafios pela frente.

É o quarto ano consecutivo em que o buraco do ozono no hemisfério sul apresenta um comportamento peculiar, apesar do sucesso global na proibição de substâncias que empobrecem a camada de ozono.

Como é que as alterações climáticas e outros acontecimentos naturais afetam este delicado equilíbrio atmosférico? Embora as respostas não sejam totalmente claras, o fecho do buraco oferece um vislumbre de esperança e motiva-nos a continuar a desvendar os segredos da nossa atmosfera.

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