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A nova Lomogon Art Lens da Lomography quer desafiar os limites da fotografia

Partindo de um peculiar gosto por máquinas fotográficas antigas, na sua maioria do período soviético da década de 80, nasceu em Viena em 1992 a Lomographic Society International. Com o intuito de voltar a explorar as imperfeições inerentes às câmaras supracitadas, surge assim a empresa Lomography.

Alternando entre comunidade de fotografia, amadora ou semiprofissional, temos aqui um nicho peculiar de artistas.


Fomentando o “não óbvio”, o fotografar pelo simples prazer de premir o obturador sem saber exatamente o que dali surgirá. Um movimento com fãs espalhados por todo o mundo e com uma crescente comunidade de utilizadores que todos os dias expõe os frutos das suas experiências com a luz. Entretanto, podemos considerar a lomografia numa prática paralela à fotografia, ainda que os seus contornos sejam extremamente difusos.

E de repente, a fotografia, ou melhor, lomografia

E se numa fase inicial o seu objetivo era voltar a despertar o interesse e curiosidade nesta área da fotografia sem regras, ou melhor, com 10 regras, entretanto, também já vende várias câmaras, lentes, e película. Todos os componentes necessários para quem nunca pegou numa câmara, mas quer começar por algum lado.

Tornar a fotografia mais divertida, e sobretudo despreocupada. Mas, ao mesmo tempo, manter vivo o espírito analógico de toda esta arte. Esta é uma das principais premissas da Lomography, algo que também explorarei daqui em diante. Prometo várias fotos desfocadas, mas essa acaba por ser uma das regras de todo o movimento.

Entretanto, destacamos agora a sua mais recente lente. Encontra-se neste momento na plataforma de financiamento comunitário, a Kickstarter e acabou por despertar a minha atenção. Tendo já uma das suas lentes na minha bolsa, a Daguerreotype Achromat, sei como podem ser frustrantes (e divertidas).

A peculiar Lomogon 2,5 / 32 mm da Lomography

Contudo, ao contrário da anterior, a nova Lomogon é uma lente mais versátil. Aproximando-se do nosso campo de visão natural, ou melhor, a distância focal de 32 mm, antevejo uma maior utilidade para este novo vidro. Segue a tradição da marca em lançar os novos produtos na plataforma de financiamento onde está a ser muito bem sucedida.

A título de curiosidade, à data de redação deste artigo já ultrapassou a sua meta inicial de 100 mil dólares, por conseguinte, o produto será comercializado. A campanha decorre até ao dia 22 de março de 2019 e já angariou mais de 300 mil dólares. Em seguida podemos ver o seu vídeo de apresentação e algumas das capacidades.

Integra o seu portfólio de “Art Lens”, similar na sua premissa ao da Sigma, ainda que com execuções e pathos algo antagónicos. Lentes orientadas para a produção artística. No caso da Lomogon 2.5/32 Art Lens da Lomography temos aqui um lente mais orientada para cenários urbanos. Fotografia de rua, sendo também adequada para viagens graças ao seu formato compacto.

A empresa afirma que esta lente também pode ser utilizada para retratos. Contudo, ainda que possa não distorcer a perspectiva, não creio que numa full-frame faça um ótimo trabalho em isolar o fundo. Já, por outro lado, numa APS-C (aproximadamente 51,2 mm, tendo em conta o fator 1,6x)

Caraterísticas da Lomogon 2.5/32 Art Lens da Lomography

Concebida para criar cores mais acentuadas (saturadas), prometendo um contraste acentuado e vinhetagem significativa. Vemos, imediatamente, que não é uma lente para quem procura fotografia exata, realista, ou perfeitamente nítida. Bem pelo contrário, os artigos da Lomography acabam por nos dar o oposto.

A sua maior peculiaridade é o anel rotativo para controlar a abertura focal da lente. Os valores variam entre f/2,5, f/4, f/5,6, f/8 e, por fim, f/11. Já graças a este design e implementação, o bokeh será perfeitamente circular, uma estética que poderá, ou não, agradar aos utilizadores. Ainda assim, é algo que a distingue.

Acabamentos em latão ou alumínio na Lomogon Art Lens

A Lomography promete ainda um sistema de “click and stop” para que o utilizador saiba exatamente quando definiu uma abertura. Assim, a Lomogon Art Lens torna-se adequada para fotografia, mas não tanto para cinematografia devido a este sistema de controlo da abertura.

A Lomogon Art Lens tem uma distância focal fixa de 32 mm. Apresenta 6 elementos (óticos), agrupados em 6 grupos com um círculo de imagem de 44 mm. Não tem qualquer tipo de controlo eletrónico sendo, portanto, totalmente manual. A sua distância mínima de focagem é de 0,4m (40 centímetros) e tem um encaixe de 62 mm para filtros.

Está disponível com vários encaixes (mounts), para Canon, Nikon e Pentax. Posteriormente, poderá contar com suporte para o encaixa de Sony, entre outras. Por fim, destacamos ainda o mecanismo helicoidal para focagem (completamente manual) da Lomogon Art Lens.

Uma “excentricidade” bem-vinda ao mundo da fotografia

Mais uma vez e à semelhança de várias outras lentes da Lomograpgy, a Lomogon Art Lens é totalmente manual e pode ser utilizada em câmaras APS – C apesar de ter sido concebida para câmaras full-frame. Além do mais, com um adaptador poderá ser utilizada em virtualmente qualquer câmara.

Mas, afinal porque é que estamos aqui a falar desta lente? Bom, por vezes surgem produtos que nos surpreendem e confesso que a Lomogon Art Lens conseguiu captar a minha atenção. Além do mais, julgando pela crescente legião de fãs das demais lentes Lomography, antevejo-lhe uma boa receção.

Já, por outro lado, reconheço que este tipo de lentes seja um mero capricho para um profissional da área o fotógrafo amador. Além do mais, preocupa-me a entrada de pó na Lomogon Art Lens graças ao seu disco das aberturas. Ainda assim, para quem só agora se está a aventurar no mundo da fotografia, a lomografia pode ser uma boa porta de entrada.

Um despertar, despreocupado, desregrado (não muito barato) mas divertido para este imenso mundo.

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