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Windows, Linux e as suas filosofias

Temos observado ao longo dos vários comentários dos nossos leitores, uma certa argumentação relativamente às filosofias por trás dos dois maiores sistemas operativos para PC. Pretendo com este artigo, concretizar algumas das diferenças entre Windows e Linux do qual resultará uma reflexão para os nossos leitores.


Desenvolvimento fechado ou aberto?

Windows:

Como todos sabemos, a Microsoft desenvolve as versões da sua família de sistemas operativos Windows, de uma forma fechada. Bem, é o mesmo que dizer o seguinte: imagine que vai a um restaurante e pede a especialidade da casa. Assim que lhe chega o prato às mãos, pode até saber bem e ser um prato de elevada qualidade, no entanto você não sabe como foi confeccionado, qual as condições sanitárias da cozinha de onde veio o prato, etc.. Esta analogia ao nível do Windows, serve para referir que o utilizador nunca poderá saber como a empresa de Redmond o programa/desenvolve. No fundo. para si, o Windows não é mais que uma caixa negra.


Linux:

Agora imagine a situação contrária: que vai a um restaurante onde por detrás do balcão, está a cozinha e para o seu espanto, quando pede o seu prato, pode observar como este está a ser confeccionado, temperado (pode até espreitar para ver se consegue fixar a receita). Melhor ainda, a interacção com os cozinheiros pode levar, se achar que o bife que pediu está mal passado, a pedir ao cozinheiro que o passe um pouco mais e vê esse processo a ser feito podendo efectivamente confirmar todos os processos de confecção. Neste exemplo retira-se a conclusão que em Linux o utilizador tem acesso ao código e detectando falhas pode propor que sejam corrigidas.

Ciclo de lançamento de novas versões

Windows:

O ciclo de desenvolvimento do software fechado, mais concretamente do Windows, é sempre mais longo. A Microsoft, depende de uma “task force” de programadores fixos que trabalham todos os dias para desenvolver a próxima versão do Windows. Embora não me possa pronunciar como ocorre o processo de desenvolvimento, é ponto assente que uma boa parte do processo de testes das funcionalidades é feito numa primeira fase de desenvolvimento, por colaboradores contratadas para o efeito num ambiente de elevado secretismo e condições de segurança.


Geralmente só na versão beta é que é lançada uma versão aberta a um público restrito de utilizadores/partners. As versões de Release candidade, geralmente são saltadas pela Microsoft pelo menos para os beta testers, só alguns partners privilegiados poderão ter acesso a esta versão existente entre a beta e a versão final. Esta premissa foi a base de todas as versões de Windows até ao Vista.

Isto porque, saliento que a Microsoft está a experimentar uma atitude mais liberal no Windows 7, de forma a quebrar o ciclo que referi, lançando deliberadamente várias builds da versão beta do seu novo sistema operativo para o público, alegando que foram enganos ou incidentes lamentáveis!!!


Ao abrir a beta do Windows 7 a um maior volume de utilizadores, leva a que a empresa de Redmond tire partido disto, recolhendo feedback e correcção de bugs. Apesar de esta nova faceta aberta da Microsoft, o processo de desenvolvimento é sempre demorado. Dando como exemplo o Vista, que foi lançado em 30 de Novembro de 2006, caso o Seven saia em Setembro de 2009, nada já irá mudar o ciclo de cerca de 3 anos de desenvolvimento.

Linux:

O ciclo de desenvolvimento do software livre, baseia-se em conceitos mais liberais. Desde o início de uma distribuição de Linux que qualquer pessoa tem um papel preponderante. Independentemente do perfil do contribuidor, seja este utilizador, programador, designer ou tradutor pode participar numa distribuição de Linux desde que tenha tempo e motivação para tal.

O software integrante de uma distribuição de Linux obedece a critérios bastante apertados de segurança. Na versão alpha, são escolhidas as versões de cada software que serão incluídas na distribuição de Linux final; desde esta fase os utilizadores avançados poderão ter um papel preponderante em testar as novas funcionalidades e reportar bugs.


Chegada a versão beta é feito um “code freeze”, isto é, não darão entrada quaisquer novas versões de software e o próximo tempo até à versão final será passado a corrigir falhas nos programas existentes. Nesta fase qualquer utilizador, independentemente do seu nível de familiarização com Linux, estará em condições de testar a distribuição e reportar bugs. Existe ainda, posteriormente, a fase de Release candidate, que serve como uma preview aos utilizadores do que irá ser a versão final. Esta fase permite dar-lhes uma última oportunidade de testar a distribuição e encontrar algumas falhas que ainda não tenham sido corrigidas.

Depois destas fases rigorosas nos processos de desenvolvimento de software, sai a versão final da Distribuição. Esta sai depois de 6 meses de intenso desenvolvimento, fruto do empenho de uma força de trabalho muito superior a qualquer empresa, o código é de todos e por todos trabalhado.

A quantidade de programadores a resolver bugs e utilizadores a testar uma distribuição de Linux acaba por ser maior, porque como é normal, desde o início do desenvolvimento qualquer utilizador independentemente do país onde esteja, marcará presença. Será mais fácil para o leitor entender o processo de desenvolvimento do software livre, como se o mundo fosse uma grande empresa. Acabado o ciclo de vida de 6 meses, começa o outro ciclo com a mesma duração de modo a começar o desenvolvimento da próxima versão.

Lançamento de correcções de Segurança

Windows: Por uma questão de política da Microsoft, as actualizações surgem à volta de uma vez por mês todas juntas via Windows Update. É como se o utilizador assinasse uma revista mensal: todos os meses sabe que vai recebê-la aconteça o que acontecer. Claro que a Microsoft disponibiliza geralmente as correcções antes, mas demora geralmente semanas.

E se você for afectado por uma falha, a única hipótese é ter de ir ao site da Microsoft e descarregar a correcção isolada para resolver o problema. A outra alternativa será esperar até que a Microsoft lance as actualizações por Windows Update no seu ciclo normal.

Este compasso de espera pode consistir num grande problema, as graves falhas de segurança antes de serem corrigidas, são aproveitadas por experientes hackers para construir vírus e malwares que se alastram muito antes do que um mês em que as actualizações de segurança da Microsoft são lançadas. Como o código do Windows é fechado, só utilizadores experientes ou qualquer utilizador por engano, consegue detectar estas falhas.

Claro que como a task force da Microsoft para uma empresa de software é extensa, irá resolver os problemas dentro do humanamente possível. Porém, não tem mãos para resolver tudo ao mesmo tempo, o que é normal e pode implicar que as falhas demorem mais tempo do que seria desejável para serem corrigidas.

Linux: A liberdade análoga por exemplo ao kernel de Linux, implica que assim que seja detectada uma falha, esta quase na altura seja corrigida por qualquer pessoa com conhecimentos de programação e submetida “Upstream” aos responsáveis do Kernel do Linux. Assim que as alterações são validadas e dadas como aceites (geralmente o processo total demora horas ou dias), estes patches de segurança são disponibilizados imediatamente sobre point releases do kernel.


Uma vez disponibilizadas estas alterações, os distribuidores de Linux (Canonical, Red Hat, Novel, etc..) são alertados dessas alterações, de modo a poderem disponibilizar as actualizações imediatamente aos utilizadores usando as suas ferramentas de update. Como a task force do kernel de Linux, é constituída por indivíduos de todos os cantos do mundo, pode-se quase afirmar que todas as pessoas além de utilizadores, podem ser potenciais programadores, e a task force nestas situações é maior do que uma qualquer empresa de software conseguirá angariar.

Veredicto: Qual o melhor para si?

Aquele que melhor satisfazer as suas necessidades claro. A ideia deste artigo não é superiorizar nenhum dos sistemas operativos, mas sim  dar-lhe a conhecer de uma forma didáctica as filosofias por trás de Windows e Linux. Em alguns pontos as aproximações entre os dois rivais começam a ser mais evidentes do que outras.

Claro que ambos têm defeitos e virtudes. Ambos ainda, começam cada vez mais a completarem-se, nas partes em que têm lacunas. Windows e Linux distinguem-se entre duas filosofias, uma filosofia corporativa e uma filosofia liberal.

Qual das duas a melhor? Esta será uma pergunta que apenas você poderá responder.

Fonte: Computerworld

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