A distribuição comunitária da Red Hat, o Fedora, tem uma nova versão Beta. Com o nome de código “Leonidas” a versão 11 é palco de muitas inovações ao nível da comunidade do Pinguim, saiba o que pode esperar de novo, seja utilizador ou administrador de redes.
Esta distribuição é vista como das 3 grandes distribuições (além de Ubuntu e OpenSuse), a mais indicada para utilizadores com conhecimentos mais avançados de Linux. Aliás, esta distribuição sempre foi interessante de modo a servir de spin-off para a Red Hat testar algumas das suas inovações e novas tecnologias. Contudo algumas das novidades para o utilizador comum até são bastante interessantes.
Actualização de Ambientes gráficos
Como se verificou recentemente um upgrade importante no GNOME, KDE e XFCE no Fedora 11, são actualizadas as respectivas últimas versões de cada um destes ambientes gráficos, incluindo respectivamente a versão 2.26, 4.2.1 e 4.6.0. O GNOME e o KDE estão disponíveis em separado em Live CD independentes, ou via download por repositório.
X server 1.6
Além de todas as inovações, nomeadamente melhor suporte ao nível de controladores para placas gráficas, houve uma alteração importante, no reinicio da sessão X. Quando o ambiente gráfico deixava de funcionar, a combinação de teclas Ctrl + Alt + Backspace era uma forma prática e rápida de reiniciar este, sem ser necessário reiniciar o computador. Devida à nova versão do X server e deliberação do projecto Xorg, esta opção está desactivada por defeito.
Se quiser voltar a activá-la, apenas tem de editar o ficheiro /etc/X11/xorg.conf com privilégios de administração e acrescentar a seguinte secção: Section “ServerFlags” Option “DontZap” “false” EndSection
Utilizador Guest
Esta nova versão traz no Live CD uma conta de cliente convidado (Guest) mais conhecido como modo kiosk. Claro que assim que abandone a sessão, as alterações não serão guardadas.
Método de input IBus
O módulo IBus que controla o mecanismo de entrada de caracteres e selecção de layout do teclado, foi reformulado. Pretende ser usado para substituir o módulo scim, presente em muitas distribuições de Linux.
DNSSEC- DNS Security Extensions
O DNSSEC é um conjunto de extensões que estendem o DNS. Este protocolo adiciona sobre o DNS um sistema de resolução de nomes mais seguro, reduzindo o risco de manipulação de dados e domínios forjados. Com este mecanismo activo,quando um domínio disponibiliza dados, estes serão validados de uma forma criptográfica no servidor de DNS recursivo. Este é o novo standard que irá tornar certamente a Internet um lugar mais seguro. Será portanto uma funcionalidade muito interessante para os administradores de Linux.
Reescrita do Anaconda
O Anaconda é a designação da infraestrutura responsável pela instalação do Fedora. Esta aplicação foi reescrita de modo a ser reformulado o seu código de armazenamento de dados e tornar a aplicação mais flexível e extensível para o futuro.
Sistema de Ficheiros Ext4
Aqui está uma novidade interessante. O novo sistema de ficheiros Ext4 que a curto/médio prazo se tornará o standard adoptado por a maioria das distribuições de Linux, substitui o Ext3, como sistema de ficheiros por defeito. Isto quer dizer que se quiser instalar o Fedora numa máquina sua, este será o sistema de ficheiros usado.
Sistema de Ficheiros Btrfs:
Ainda mais interessante, é a nova opção no Fedora 11, do utilizador poder formatar as suas partições de modo a usarem, o novo e bastante experimental, sistema de ficheiros Btrfs. Este sistema de ficheiros será o futuro que irá levar a fasquia ao nível de qualidade de outros sistemas de ficheiros como o ZFS do OpenSolaris, que é usado em ambientes de produção.
Suporte de Firmware do PackageKit
O gestor de pacotes do Fedora PackageKit, tem um upgrade interessante nesta nova versão: foi estendida a sua capacidade para instalar firmware, necessários para o funcionamento de um componente de hardware funcionar correctamente. Esta escolha será baseada nos requisitos de sistema.
Virtualização
Esta é uma área onde o novo Fedora 11 aposta fortemente basta referir que a Red Hat é um dos lideres ao nível de virtualização de sistemas. As novidades nesta área consistem em uma nova versão de uma consola virtual, autenticação VNC e a funcionalidade de atribuir acesso a dispositivos PCI para a máquina guest. São também incluídas actualizações para a solução de virtualização Xen hypervisor.
Compilador Windows Multi plataforma
O Fedora 11 inclui uma versão do software MinGW que permite ser usado num ambiente de desenvolvimento para todos os programadores que queiram compilar os seus programas para Windows sem a necessidade de usar este sistema operativo no processo de desenvolvimento. Todos os programadores que queiram testar esta nova funcionalidade devem instalar o pacote mingw32-gcc e mingw32-gcc-c++
Quanto à actualização de aplicações da versão GNOME que testei, destacam-se as seguintes:
- Firefox 3.1 Beta 2
- GIMP 2.6.5
- Pidgin 2.5.5
- Abiword 2.6.8
- Transmission 1.5.1
- Evolution 2.25.92 (Versão de teste)
- Rhythmbox 0.11.6
O Fedora 11 é uma distribuição interessante ao nível de experimentação das novas tecnologias emergentes em Linux. Destaco que teve a audácia (e concordo plenamente na decisão tomada) de optar por Ext4 para o seu particionamento por defeito numa instalação do Fedora. Esta é a mesma filosofia que na minha opinião o Ubuntu 9.04 também deveria ter seguido. Ainda mais surpreendente, foi a inclusão do suporte do sistema de ficheiro Btrfs, para os curiosos como eu, ficarão de certeza interessados em testar que futuro a nível de sistema de ficheiros está reservado para Linux. Os administradores de sistemas ficarão certamente contentes com o suporte DNSSEC e com as actualizações ao nível da virtualização.
Com a breve interacção que tive com o Fedora, gostei do pormenor de me ter detectado o meu hardware (apenas não me configurou o “tap” do trackpad para click como o Ubuntu faz), e do suporte de rede ser fenomenal. Posso dizer que me consegui ligar mais rapidamente ao meu router wireless e ter uma maior captação com o Fedora 11 Beta que com a Beta do Ubuntu 9.04. É de facto uma distribuição de Linux, talhada para redes e comunicação.
Como nota final, se tiver satisfeito com o seu Ubuntu, ou outra distribuição amigável, aconselho-o a ficar-se por aqui. Se for daqueles curiosos como eu que gostam de estar sempre a testar as novas funcionalidades, faça download do Live CD e teste, não custa nada.