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Análise ao Ubuntu 7.10 “Gutsy Gibbon”

O Ubuntu 7.10 já anda à solta há umas semanas, pelo que chegou a hora de fazer uma analise a este grande lançamento. Há quem lhe chame de revolução, eu fico-me só pela evolução: o que é certo é que o Gutsy subiu mais um degrau em qualidade e facilidade de utilização, caminhando a passos largos para tornar-se num sistema operativo para as “massas” (ou será que já é?!).

Para facilitar esta análise, vou abordar o Gutsy em tópicos que eu acho importantes, seguindo-se no final um balanço que traduzirá a minha opinião sobre este sistema operativo na sua globalidade. Vamos lá começar isto!

LIBERDADE DE ESCOLHA

O Gutsy tem a particularidade de dar a escolher ao utilizador qual o grau de “liberdade” que pretende adoptar no seu sistema operativo (já o Feisty o fazia mas o Gutsy levou esta ideia bem mais longe). O conceito é simples: o Ubuntu não traz software “não livre” instalado mas se o utilizador pretender utiliza-lo terá somente de dar uns quantos cliques no rato para que de forma simples e automática tenha programas, drivers e firmwares restritos a funcionar no seu PC. Três exemplos disso mesmo são: – O gestor de controladores restritos, que permite adicionar drivers e firmwares “não livres”. – A possibilidade de instalar através dos repositórios oficiais algum “software não livre” como é o caso do Flash, Java, alguns codecs, ms-fonts, unrar, etc. – A inclusão dos repositórios comerciais da Canonical, apesar destes não estarem activos, o que permite instalar o browser Opera, o Real Player etc.

APTURL

Uma das ferramentas que vem instalada de raiz e que vai dar muito jeito tanto aos utilizadores como a quem faz analises de software para o Ubuntu, é o APTURL. A função do apturl é a de em pleno browser fornecer um link em que o utilizador clica e automaticamente vê um pacote dos seus repositórios instalado no seu computador sem ter de recorrer ao Synaptic nem à linha de comandos. Vamos lá a um exemplo prático para isto se perceber melhor: Vamos supor que eu faço um guia para vocês instalarem o famoso pacote “ubuntu-restricted-extras”, pelo que tinha de vos dizer “Abram o Synaptic, procurem o ubuntu-restricted-extras, cliquem e metam aplicar” ou então teria de vos dar a linha de comandos para fazerem copiar/colar no terminal: sudo apt-get install ubuntu-restricted-extras. Com o apturl o trabalho fica mais simplificado porque basta clicarem no link ubuntu-restricted-extras para que se abra uma janela de confirmação da instalação e já está!

COMPIZ-FUSION

Uma das funcionalidades mais faladas e desejadas é sem duvida o Compiz-Fusion. O Feisty Fawn trazia-o instalado mas não estava activo, já o Gutsy teve “guts” para arriscar activa-lo de raiz e pelo feedback que a comunidade tem dado e pela experiência de utilização que tenho desde a versão beta deste Ubuntu, arrisco-me a dizer que a aposta foi ganha. Claro que existem sempre alguns pcs em que não funciona muito bem, mas felizmente o Ubuntu 7.10 desactiva o Compiz nas placas gráficas que não o suportam sendo substituído pelo menos espectacular Metacity (gestor de janelas do Gnome).

LEITURA E ESCRITA EM SISTEMAS DE FICHEIROS NTFS

À imagem de outras distros Linux, também o Ubuntu passou a trazer instalado o NTFS-3G, que permite ler e escrever dados em drives com o sistema de ficheiros NTFS. Testei esta funcionalidade através do Live CD num computador com dois discos rígidos em NTFS (um com o Windows XP instalado e outro com dados) e em qualquer um deles consegui abrir ficheiros e transferir dados sem qualquer tipo de problema.

ESVAZIAR A RECICLAGEM AO DESMONTAR UMA DRIVE EXTERNA

Desde sempre que me desagradou a maneira como o Ubuntu lidava com o apagar ficheiros em drives externas porque ele simplesmente mandava-os para a reciclagem e se desconectássemos a drive, a memoria desta continuava ocupada com o ficheiro que ainda não estava definitivamente apagado (fica numa pasta oculta dentro da própria drive). Felizmente o problema foi resolvido com o Gutsy, já que ao desmontar a drive, aparece-nos uma caixa a perguntar se queremos esvaziar a reciclagem para que o espaço fique totalmente liberto. A isto chama-se uma solução simples e eficaz.

MENU “SCREENS AND GRAPHICS”

A partir desta versão, os utilizadores do Ubuntu passaram a ter acesso ao menu Screens and Graphics que possibilita alterar as definições do ecrã (qual a resolução e configurar dois ecrãs em simultâneo) e da placa gráfica (escolher quais os drivers que estão a gerir a nossa placa). É um menu muito simples, mas que vem poupar muito trabalho que anteriormente tinha de ser feito no editor de texto.

INSTALAÇÃO FACÍL DE IMPRESSORAS

Podemos agora dizer que no Gutsy, usar uma impressora é uma brincadeira de crianças! O que fazer? Basta conectar o cabo USB da impressora ao nosso PC e já está! Simples não é? Infelizmente vou ter de fazer um pequeno reparo a todo este entusiasmo, porque existem algumas impressoras que não têm driver disponível, o que faz com que o Ubuntu instale o mais parecido… que no meu caso não é o suficiente para a impressora funcionar. Isto acontece em impressoras menos conhecidas como é o caso da minha Brother dcp-115c, mas por exemplo, duvido que surjam grandes falhas de drivers para o lado das impressoras HP ou Epson.

E ASPECTOS NEGATIVOS, TAMBÉM HÁ?

Claro que sim. Apesar de gostar muito do Ubuntu admito que ele não é perfeito, não só porque tem alguns bugs, o que é perfeitamente normal, mas também porque há funcionalidades que não estão implementadas e que na minha opinião já deveriam estar. Vamos lá ver então quais os pontos menos bons que encontrei:

O aMSN é o meu messenger de eleição, tem quase todas as funcionalidades do Windows Live Messenger e ainda acrescenta mais algumas. Infelizmente há duas coisas que me têm irritado na versão 0.97rc1 que está nos repositórios do Gutsy: – O browser predefinido no aMSN é a suite Mozilla, o que faz com que ao tentar abrir um link ele dê erro porque o browser instalado no Ubuntu é o Firefox. Solução: No menu do aMSN, fui à Conta> Preferências> Outros e alterei o browser para Firefox.

– Outro problema que encontrei, mas isto só afecta alguns pcs, entre os quais se encontra o meu, é a não inclusão do pacote “sox” como dependência no aMSN, o que faz com que eu não tenha som neste programa. Solução: instalar o pacote manualmente.

No Compiz, apesar de este estar muito fluido e de ter dado um grande salto desde a versão 0.4, continua a não ser perfeito, pelo menos em algumas placas gráficas (ou devido aos seus drivers). No meu caso tenho uma ATI Mobility Radeon 9700 64MB com os drivers open-source e posso dizer que no geral o Compiz corre muito bem mas há pormenores que ainda têm de ser limados como é o caso de ver filmes em fullscreen no totem: A maioria das vezes que eu o meto em fullscreen ele encrava-me o player durante uns segundos deixando também “bocados da janela” em cima do filme, tendo de voltar ao modo normal e tentar de novo para que isso seja corrigido. Outra coisa que não percebi foi a não inclusão do pacote compizconfig-settings-manager, que trocando por miúdos é o painel de gestão dos efeitos do Compiz. Ora vamos lá ver, se eles se deram ao trabalho de a meio da versão beta terem acrescentado uma quarta opção ao menu “efeitos visuais” chamado “Custom”, porque raio tenho eu de ir aos repositórios instalar o tal pacote para que este menu “Custom” possa funcionar?

Uma das funcionalidades que estava prevista para esta versão mas que infelizmente acabou por ser excluída foi o gestor gráfico do GRUB. Acho que já está mais do que na hora de à imagem de outras grandes distros Linux, incluir um programa para essa função porque torna-se chato ter de abrir e editar o ficheiro menu.lst manualmente. Enquanto esse editor não aparece, podemos sempre instalar o pacote startupmanager dos repositórios, este até agora tem se comportado lindamente no meu PC.

CONCLUSÃO

Tal como já tinha antecipado no início deste post, o Gutsy segue uma filosofia de evolução, preferindo aperfeiçoar conceitos e ideias existentes na versão anterior (ex: gestor de controladores restritos melhorado, pacote “ubuntu-restricted-extras” inclui mais software, etc), mas também adicionar algumas funcionalidades que já existiam noutras distros e que só agora chegaram ao Ubuntu (ex: novo gestor de impressoras, configurador de ecrã e placa gráfica, etc). A maior ousadia que este Ubuntu fez, devido aos riscos implicados, foi trazer o Compiz-Fusion activo no lugar do Metacity. Felizmente o software foi implementado no Gutsy não só pelos programadores do Ubuntu mas também com a ajuda dos próprios programadores do Compiz, o que fez com que o produto final esteja muito estável e tenha um nível de fluidez que me deixou impressionado. Também já foi aqui dito que o Gutsy não é perfeito, por isso traz alguns bugs e não traz funcionalidades que já deveria trazer, mas felizmente estas falhas não são suficientes para manchar o Ubuntu na sua globalidade.

Assim, resumindo e concluindo, vou dar ao Ubuntu 7.10 a nota qualitativa “muitíssimo bom” com a certeza de que merece o estatuto de distribuição Linux mais usada da actualidade, mas também deixo aqui a minha esperança de mais tarde, quem sabe já com o Ubuntu 8.04LTS, eu possa afirmar aqui no pplware que o Ubuntu atingiu o patamar “excelente”.

Agora que já fiz a minha análise, gostaria de saber a vossa opinião sobre o Ubuntu 7.10: Que prós e contras lhe apontam? Está aberto o debate.

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