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Nur, uma fantástica e mágica aventura portuguesa

Ao longo dos últimos meses temos dado particular atenção à produção nacional de jogos a cargo de estudantes de diferentes cursos relacionados com Videojogos.

Desta vez queremos apresentar-vos Nur, uma aventura mágica made in Portugal, e em Leiria.


O projeto

Nur é um projeto que se encontra em desenvolvimento pela Bedbed (equipa formada por alunos do Curso de Videojogos e Multimédia do IPLeiria).

Segundo a Bedbed, trata-se de uma aventura de ação isométrica repleto de quebra-cabeças e secções de platforming e que leva o jogador a vestir a pele de Nur, um improvável herói.

O jogo encontra-se dividido em várias ilhas pequenas, cada qual com a sua própria história, desafios e problemas também. Aliás, serão esses desafios que o jogador terá de ultrapassar para chegar ao final do jogo.

A ilha principal de Nur será o hub central da história, e é onde se localiza o lar de Nur. É dessa ilha que zarpamos para as restantes ilhas (missões) e é também nessa ilha que iremos fazer melhorias e upgrades.

Pelo caminho, Nur vai visitar cidades, comprar roupas e adereços, reparar a sua casa e ajudar quem precisa. Esta jornada está cheia de aventuras, desde ajudar uma ovelhinha com problemas de ansiedade a ir cortar o cabelo, a lutar com fantasmas dentro de uma mansão assombrada.

No entanto, a aventura não será fácil e o jogador terá de ultrapassar variados obstáculos e desafios. A agilidade da Nur vai ser posta à prova com as plataformas cheias de desafios e obstáculos physics-based que, tornam o mundo muito mais vivo e apelativo.

No entanto, o jogo tem um caráter didático também, sendo possível aprender enquanto se joga. Isto, pois cada ilha segue uma temática psicológica com composições metafóricas de todo o seu ambiente. Nur tem de ajudar cada habitante a perceber como sair da sua cruzada pessoal.

Entretanto, já são conhecidos outros personagens importantes no desenrolar do jogo. Gramps é o capitão do navio de Nur e acaba por ser também o seu maior motivador para explorar as ilhas e resolver os seus mistérios.

Outro personagem conhecido é o Pablo. Trata-se de um simpático e ambicioso guaxinim que quer desesperadamente ser um mercador de sucesso e que Nur conhece na cidade de Lan (a cidade da 1ª ilha).

Já se sabe, entretanto, que Nur pode vir a ter de recorrer ao combate em determinadas situações, ficando ainda por esclarecer como será esse mesmo combate.

Falámos com a BedBed para saber um pouco mais sobre eles e sobre o seu projeto Nur. Venham conhecê-los também:


Entrevista à Bedbed


Pplware: Comecemos pelo início. Quem são vocês, a Bedbed?

Bedbed: Uma dupla que faz videojogos! Somos o Carlos, programador/designer e a Inês, artista/designer.

Nós não somos fãs da etiqueta “estúdio” já que somos duas almas perdidas sem base de operações. De qualquer maneira, dupla soa mais fixe na nossa opinião.

Estamos a desenvolver o nosso primeiro jogo Nur, de momento como um projeto académico para o curso de videojogos no IPLeiria.

Pretendemos levar o jogo para a frente se existir interesse por parte da nossa audiência. Apesar de sermos dois, este projeto conta com ajuda externa. Temos connosco um compositor, Marek J. Smagala e um animador, Daniel Vicente.

E no meio disto tudo, também pretendemos criar jogos mais pequenos e lançar grátis para todos!


Pplware: Pelo que li e vi, seria capaz de arriscar que as principais influências no desenvolvimento de Nur apontam para Animal Crossing? Mas… houve mais influências de outros jogos?

Bedbed: É verdade! Animal crossing é um jogo que fez parte do crescimento da Inês, sendo que incentivou ao gosto pela arte colorida e fofa. O nosso jogo também é passado num mundo habitado por animais humanoides onde diálogo é uma das mecânicas principais.

Mas para além do Animal Crossing também existem outros jogos que fizeram parte das principais influências do Nur, alguns mais diretos que outros. Alguma inspiração narrativa veio do jogo Aether enquanto que level design e combate veio do Ratchet & Clank.

Um jogo que já foi bastante vezes comparado com o nosso é o Celeste, que apesar de nós não termos jogado, aceitamos já que a história desse jogo tem uma temática semelhante.


Pplware: O que é Nur, enquanto jogo e enquanto personagem?

Bedbed: Nur é um jogo de aventura e também um platformer isométrico. Está dividido em ilhas, e cada uma segue uma temática psicológica. Além de platforming, o jogador vai poder explorar vários ambientes e conhecer várias personagens.

Nur também é a protagonista do nosso jogo. Ela é uma raposa aventureira que adora ajudar os outros. Vive com o seu avô numa pequena casa no meio de uma ilha, afastada da sociedade.

Infelizmente após um evento traumático, Nur isolou-se do mundo e de todos no seu quarto. Mas com a motivação do seu avô, decide que estar presa em casa não a ajuda e que é tempo de sair e ir explorar.

Como o jogo se trata da jornada da Nur, decidimos que era apropriado ser esse o nome do jogo.


Pplware: Ao longo do jogo, o jogador vai ter de resolver variados desafios nas ilhas circundantes. Como será essa progressão? Poderemos escolher a ilha, ou existe uma ordem pré-definida?

Bedbed: Apesar de cada ilha seguir uma história independente uma da outra, o jogo está estruturado linearmente, ou seja, já temos uma ordem pré-definida.

Quando uma ilha é terminada, Nur volta para casa, onde depois, pode continuar para a sua próxima aventura.

Em casa, existe uma lista de níveis opcionais focados em platforming, que estão disponíveis na cama, se o jogador escolher ir dormir.


Pplware: E como é que essas ilhas, os seus habitantes e os seus desafios se interligam na história? Existe um ‘fio à meada’?

Bedbed: Cada ilha segue a sua própria narrativa, independente da outra, nós achámos mais apelativo seguir essa rota do que fazer apenas uma história gigante.

Ter a narrativa independente em cada ilha permite-nos introduzir novas personagens e contar novas histórias em cada nível, o que é importante porque o nosso objetivo é sensibilizar ou representar uma doença/distúrbio mental em cada ilha.

É claro que, enquanto acompanhamos a Nur nas suas aventuras, podemos observar um crescimento pessoal e várias aprendizagens que se vão notando progressivamente.


Pplware: Em Nur temos uma ilha que será a base do personagem e as restantes que será onde decorre a ação. Irá haver algum tipo de city building na “nossa ilha”?

Bedbed: Apesar de ser uma ideia apelativa, city building não está planeado, mas o jogador vai poder fazer upgrades à ilha que desbloqueiam novos edifícios e secções.


Pplware: Sabendo que vai haver algum tipo de combate ocasional em Nur, como irá decorrer? Em tempo real?

Bedbed: A Nur está equipada com uma cana de pesca que usa como arma. Ao decorrer do jogo vai ser preciso utilizar a cana de pesca para combate mas também como parte de platforming ou para destruir obstáculos. O combate é feito em tempo real e pode ser comparado a um hack and slash.


Pplware: Está previsto algum processo que permita ao utilizador a recolha de materiais para criar/melhorar armas ou ferramentas?

Bedbed: O jogador é recompensado por explorar, vencer combate e passar níveis. Essas recompensas são utilizadas para fazer vários upgrades, nomeadamente à ilha base e à cana de pesca. Cada ilha também dispõe de lojas onde Nur pode comprar vários itens e roupa.


Pplware: Grande parte das mecânicas do jogo assentam no uso da física dos objetos que servem de obstáculos. Qual o maior desafio neste capítulo de implementação de uma física real nesses obstáculos?

Bedbed: É um desafio mais criativo do que técnico. Felizmente com as ferramentas de hoje em dia, é fácil criar e implementar jogos que utilizam motores de físicas. O problema é que não existem muitos jogos de platforming que as utilizem como obstáculo ou mecânica principal, ou seja ainda existe muito território para explorar o que é excitante mas também intimidador.

Muito tempo de design foi passado a explorar e iterar novos tipos de obstáculos ou objetos e sentimos que é uma rota viável e inovadora a seguir para o jogo final. Físicas por si próprias são intuitivas e satisfatórias e esperamos que elas ajudem a criar um mundo menos estático e mais vivo.


Pplware: Na vossa perspetiva, qual será o principal jogador-alvo de Nur?

Bedbed: Obviamente que queremos que todos joguem o nosso jogo! Nós achamos que o jogo é apelativo a qualquer género. Os desafios de platforming e combate apelam a um público mais masculino enquanto que a arte, o diálogo e a customização apelam a um público mais feminino.

Não estamos a dizer que todas as raparigas não gostem de platforming, ou que todos os rapazes odeiem jogos narrativos cheios de diálogo! Mas tivemos em consideração as mecânicas mais apelativas para cada e tentámos criar uma experiência balanceada.


Pplware: O jogo será desenvolvido para que plataformas?

Bedbed: Inicialmente para PC para a Steam e Itch. Fizemos o jogo compatível com teclado e comando ou seja, se existir a oportunidade de publicar nas consolas não vamos pensar duas vezes. Adorávamos ter o jogo na Nintendo Switch e Playstation 4.


Pplware: E que tecnologias se encontram a usar no desenvolvimento do jogo?

Bedbed: Utilizámos o motor de jogo Unity, foi a nossa primeira escolha porque o estilo do jogo não é muito complexo visualmente (não significa que seja fácil de se fazer!), sendo que não se justificava usar uma engine mais poderosa out of the box para isso.

Em relação à arte, para criar modelos voxel, foi utilizado o programa grátis chamado MagicaVoxel, é excelente para modelação mas não oferece ferramentas para animação e rigging, sendo que para isso, utilizámos Blender.


Pplware: Falando de jogos é claro que tenho de fazer-vos esta pergunta: quais são os vossos gostos? O que andam a jogar?

Bedbed: Cada um tem gostos bastante diferentes, mas nós adoramos tudo! É um bocado difícil estar a escolher um género favorito…

Normalmente o género não é o fator que nos leva a experimentar um jogo, mas sim a experiência narrativa ou visual. Num dia podemos estar a jogar algo fofo e noutro dia estamos a morrer de ansiedade num jogo de horror.

Sobre os jogos que ultimamente andamos a jogar, para o Carlos é Red Dead Redemption 2 e Mount & Blade 2: Bannerlord, enquanto que a Inês anda a jogar Animal Crossing: New Horizons e Fire Emblem: Three Houses.


Pplware: Por fim, gostaria de dar-vos a palavra para o caso de quererem deixar uma mensagem para os leitores do Pplware.

Bedbed: Se tudo correr bem, vamos lançar um pequeno demo dia 4 de Julho! Este lançamento permitir-nos-á colecionar feedback e ver a opinião geral, por isso estejam atentos ao lançamento! Sigam-nos no twitter ou na nossa página do itch para não se esquecerem.

Também queremos agradecer a quem leu este artigo e a quem suporta a indústria de videojogos portuguesa, nós somos pequenos mas estamos cada vez a crescer mais!


Resta-nos agradecer o tempo dispensado pela BedBed e desejar os maiores sucessos neste, e nos futuros projetos.

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