A discussão sobre os testes em animais tem vindo a adquirir uma dimensão crescente ao longo dos anos.
É uma temática extreamente polémica e é precisamente acerca deste tema tão controverso que alguns estudantes do curso de Animação e Videojogos da ETIC se encontram a desenvolver, LandScape.
A prática de testes (de vários âmbitos) em animais não é de hoje, mas a polémica em seu redor tem vindo a aumentar nos últimos tempos. Trata-se, no entanto, de uma prática que, já está entre nós desde tempos primordiais quando o Homem começou a domesticar/controlar outros seres vivos.
É uma controvérsia que tem muita lenha por arder ainda e é nesse sentido que os estúdios da Cloverdot Studios, formado por estudantes do Curso de Animação e Videojogos da ETIC, se encontram a desenvolver LandScape.
LandScape, é uma aventura gráfica em 2.5D, com o objetivo de ajudar a criar uma maior sensibilização dos jogadores aquilo a que os seus autores identificam como os “aos horrores dos testes em animais“.
O jogo apresenta-nos Mark, um rapaz que tem uma paixão muito grande por todos os seres vivos, e que recentemente se mudou para uma nova zona. Essa nova área encontra-se dividida em 3 zonas distintas:
- Windhale – habitada por humanos
- Mirefield – habitada por seres antropomórficos
- Dungeon of the Souls – uma zona obscura ainda por desvendar (caberá ao jogador esta tarefa).
A nossa aventura tem início quando Mark, numa das suas saídas de descoberta da nova cidade, se apercebe que muitos animais da região têm estado a desaparecer. E com isto a tensão entre habitantes de Windhale e de Mirefield aumenta.
Sendo um apaixonado por animais, cabe a Mark descobrir o segredo que está a dividir a cidade de LandScape nesta aventura gráfica, inspirada por títulos clássicos como Prinny e Night in the Woods.
Com uma mecânica de aventura e exploração aliada a mini-jogos e puzzles para resolver, Mark irá descobrir uma verdade aterradora.
Pplware: Como surgiu a ideia de LandScape? Porquê este tema dos “Testes em Animais”?
CloverDot Studio: “A ideia de Land Scape através de um conceito que acreditamos estar em destaque agora: A Educação. E por isso, tentamos criar algo com que todos nós temos algum conhecimento, que é a violência e exploração de animais.”
Pplware: Qual a mensagem que o jogo pretende que tenha sido assimilada pelo jogador ao se chegar ao final do jogo?
CloverDot Studio: “A nossa intenção é apelar às pessoas, sobre o impacto que as ações do ser humano tem nos animais. Nest caso, o protagonista do jogo depara-se com uma série de animais infelizes e enjaulados. Sendo ele alguém que tem imenso carinho pelos mesmos, ele decide libertá-los.”
Pplware: Sendo uma aventura gráfica, podemos esperar um jogo com um guião rígido e retilíneo ou vai ser dada ao jogador alguma liberdade de escolha (algum tipo de dualidade entre o “Bem” e o “Mal”)?
CloverDot Studio: “De momento temos como planeado um guião rígido, e jogador não terá possibilidade de escolha.”
Pplware: Vão haver trocas de palavras entre os personagens? Em português?
CloverDot Studio: “Por enquanto, não está planeado fazer em português, mas seria um objetivo futuramente se possível.”
Pplware: Em relação ao trabalho gráfico que estão a desenvolver para LandScape. Onde se basearam e como estão a desenhar o jogo?
CloverDot Studio: “Para o estilo do jogo, baseamo-nos primeiro num jogo desenvolvido pela NIS America, chamado Prinny. E para as personagens, fomos buscando referências de outros jogos como Night in The Woods e Paper Mario. Visto que na equipa temos tanto artistas 2D como 3D, decidimos que aplicar esta mistura de arte seria um desafio interessante. Para desenhar o jogo, temos como recursos as nossas tablets digitais (Wacom Intuos). Os desenhos são todos feitos em Adobe Photoshop e Paint Tool Sai, e as estruturas em 3D são feitas em Autodesk Maya.”
Pplware: Na criação dos Antropomals, habitantes de Mirefield, existe alguma fonte inspiração especifica? Existirá também alguma mensagem por detrás destes personagens?
CloverDot Studio: “Para a criação das personagens “Antropomals”, baseamo-nos no jogoNight In The Woods”, e numa banda desenhada francesa, criada por Ulysse Malassagne, Kairos. Ambos têm uma variedade de personagens antropomórficas, e achamos que também seria engraçado tentarmos aplicar este conceito. Uma das outras razões pela qual decidimos abordar este tipo de personagens, foi pelo facto de podermos também mencionar o racismo, frente a aqueles que são diferentes daquilo que consideramos normal. Nada sobre este tema em específico foi aplicado nesta versão do jogo, mas é uma ideia que está “arquivada” nos nossos blocos de notas.”
Pplware: Depreendo que ainda não tenham grande experiência no mercado, mas não poderia deixar de perguntar-vos quais os principais desafios ou obstáculos que esperam encontrar no nosso país, relativamente à Indústria dos Videojogos?
CloverDot Studio: “No nosso país, temo nos deparado com bastante frequência o quão difícil é trabalhar na Indústria dos Videojogos, porque infelizmente é uma área que ainda é considerada como entretenimento. Isto torna-se um obstáculo um bocado difícil de ultrapassar, devido às taxas que temos de pagar, ao contrário das áreas que são consideradas como cultura. Um dos maiores problemas também será poder encontrar uma fonte de rendimento estável/rentável, que nos permita trabalhar todos juntos neste projeto, enquanto não existir lucro.”
Pplware: Podemos perguntar-vos quais as principais tecnologias que estão a usar na criação de LandScape?
CloverDot Studio: “Todos nós usamos portáteis que têm entre 6 a 12GB de RAM, por isso não temos grande dificuldades a usar os programas que temos. Todos nós temos tablet próprios para desenhar, as nossas tablets digitais, Wacoms Intuos, e licenças para aplicações como o Adobe Photoshop e o Maya. Para a produção do jogo, utilizamos o Unity.”
Pplware: Quais os conselhos que dariam aos vossos colegas que num futuro poderão estar na “vossa pele” a desenvolver os seus próprios jogos?
CloverDot Studio: “Antes de mergulharem para esta área, pensamos que uma preparação adequada é uma boa recomendação. Deparamo-nos com algumas pessoas que têm alguma hesitação em começar a desenvolver pequenas ideias, e nós recomendamos começarem o mais cedo possível. Organizarem-se com antecedência, e prepararem-se antes de entrar na área é a melhor ferramenta. Pensamos que seja importante tentarem aprender o que seja necessário, o mais cedo possível. Hoje em dia, toda a gente tem internet, e existem muitos recursos pelos quais se podem guiar para aprender mais.”
Pplware: Por fim, não posso deixar de perguntar-vos quais os vossos gostos de videojogos e se podemos saber o que andam a jogar atualmente?
CloverDot Studio: “A partir de cada membro, começando pela artista Catarina Esperança, tem uma paixão por jogos de ação e aventura como jogos da série The Legend of Zelda e Sonic The Hedgehog, já em termos de jogos que tem jogado ultimamente, são o The Cycle e GTA V.
Outro membro, Evandro Costa, o animador da equipa, tem preferência de jogos em que se baseiam muito numa mistura equilibrada entre a arte e a história, como Hollow Knight e Life is Strange. Mas também tem uma grande paixão por jogos desafiantes, e que exijam muita estratégia e pensamento rápido, um deles sendo o seu atual favorito, Risk of Rain 2.
O programador e artista 3D da equipa, Vasco Silva, tem preferência em jogos de “point and click” e “puzzle” como Tomb Raider (2013) e Cold Winter (PS2). E anda a jogar Coloring Pixels e Deponia.
Finalmente o último membro, Inês Jorge, outra artista do grupo, tem preferência de jogos como Killer is Dead e Lollipop Chainsaw. Ultimamente a jogar Stardew Valley e The witch’s House.”
Resta-nos agradecer à Cloverdot Studios e aos seus membros pela disponibilidade dispensada e um desejo de continuação de um bom trabalho com LandScape.
LandScape encontra-se em desenvolvimento para as plataformas Steam, PlayStation 4 e Nintendo Switch.