Antes de começar tenho uma confidência a fazer …. tenho de admitir que, além de fã incondicional de futebol, sou também consumidor activo de ténis. Aliás, sempre que posso, não desperdiço a oportunidade ir fazer um torneio Roland Garros à tuga, aqui no bairro com amigos. Infelizmente, a disponibilidade é que nem sempre abunda e assim receio que o ténis nacional perdeu uma estrela … para o Pplware!
Quando recebi este Virtua Tennis 4 para analisar, os níveis de ansiedade atingiram níveis altíssimos e, numa altura em que a meteorologia não ajudava muito à prática real, eis que encontrei a melhor forma de iniciar a minha época mais cedo. As expectativas eram altas, especialmente devido à concorrência ser forte, e ao facto do principal titulo concorrente estar bastante bom. Foi então, assim que dei inicio à minha época, na Playstation 3.
Será que Virtua Tennis 4 conseguiu fazer esquecer os courts??
Gráficos: 8.7
Graficamente, pode-se dizer que Virtua Tennis 4 não fez apenas um mero lifting, mas sim uma operação plástica completa. Tudo, no jogo, encontra-se agora mais realista e mais dinâmico.
Os courts onde se desenrola a acção, quer seja nos grandes torneios, quer seja nos torneios intermédios ou mesmo nos diversos desafios e mini jogos que Virtua Tennis 4 nos apresenta encontram-se bem realistas e vivos. A animação do público é credível, embora na prática, não seja variada.
Os personagens encontram-se muito bem detalhados, e jogadores como Rafael Nadal, Maria Sharapova, Novak Djokovic ou Venus Williams são logo identificáveis pelas suas personagens. Pormenores como as feições, o cabelo, a altura, o tipo de corpo … muito bem delineados. Já os sons que produzem durante o jogo poderiam estar algo melhores. Um pormenor bastante interessante é a presença de suor no final dos encontros que, aliado a texturas bem aplicadas aos modelos, se encontra engraçado.
Convém mencionar também a nossa personagem que, durante a criação do nosso personagem (não apenas no modo World Tour, mas ficando disponível para os restante modos) é-nos apresentado uma grande quantidade de opções visuais, desde o cabelo, à face, roupa, acessórios, … ajudando a criar uma maior ligação com o nosso eu no jogo. Durante o World Tour vamos, no entanto, desbloqueando novas opções e comprando novos acessórios que nos conseguem ir criando uma personagem cada vez mais à nossa medida. (no entanto fica a ideia de que as primeiras roupagens disponíveis são, no mínimo, estranhas)
Som: 7
O som e efeitos sonoros em Virtua Tennis 4 ajudam a criar o ambiente adequado não comprometendo a experiência mas, deixando no ar a ideia que ainda poderia ir mais longe.
Embora a banda sonora quase passe despercebida, é algo aborrecida. Podiam acrescentar ao franchise mais alguma pitada caliente, ou mais alegria no ritmo. No entanto, não é algo que ofusque o jogo.
No entanto, o que importa mais em Virtua Tennis 4 são mesmos os efeitos sonoros durante o jogo e esses ajudam mas não deslumbram. Os efeitos sonoros dos jogadores são limitados e poderiam ter sido levados a um nível bem mais elevado de flexibilização. Por outro lado, o som das pancadas na bola, além de variados, consoante o tipo de jogada (volley, passing shot, serviço, …) acabam por se tornar repetitivos.
Por outro lado os efeitos do público, acabam por ajudar também na criação do ambiente, mas ao verificarmos ao pormenor acabamos por ver que é um pouco mecânico e como se duma template se tratasse.
Resumindo, o som encontra-se adequado para uma jogabilidade arcade que Virtua Tennis 4 apresenta, e que para um jogador que não ligue a pormenores ajuda na criação do ambiente perfeito para uma boa partida de ténis, mas que tomando atenção aos pormenores, nota-se alguns aspectos que poderiam ser melhorados.
Jogabilidade: 7.0
Em termos de jogabilidade, convém frisar que Virtua Tennis 4 é um jogo que apresenta uma jogabilidade bem mais arcade que o seu principal concorrente e como tal existem particularidades de que padece que o empurram, teimosamente para patamares diferentes.
A jogabilidade de Virtua Tennis 4 é simplista. Demasiado simplista diria. Temos os 3 botões do comando habituais, que nos permitem 3 tipos de ataques à bola diferentes, o analógico que nos permite indicar a zona para onde queremos direccionar a bola e, pouco mais. Neste capitulo reside um dos primeiros aspectos mais castradores do jogo, que se prende com a ausência dum controlo total e mais minucioso sobre as jogadas. Cada jogada é interpretada pelo processamento do jogo como sendo uma jogada típica, em que é calculada a zona onde a bola vai cair e a força com que é lançada, mas numa perspectiva de apenas colocar a bola em jogo, retirando-nos a possibilidade de adoptar um risco maior em determinadas jogadas, quando pretendemos colocar a bola mesmo ao canto superior oposto do lado do adversário.
Outro pormenor que se vai vendo à medida que vamos avançando no jogo é que se, nós ou o adversário conseguirmos chegar a uma bola a tempo, o mais certo é que ela caia dentro do campo adversário. São poucas as situações em que a bola vai para fora numa resposta. (das duas uma … ou sou muito bom, ou há qualquer coisa que subtilmente me ajuda nas minhas respostas).
De qualquer forma, nem tudo está mal neste capitulo. As animações dos jogadores a fazerem-se às jogadas estão bastante fluídas e realistas havendo a real sensação de continuidade durante os diversos lances duma partida.
Um outro pormenor bem idealizado, mas com alguns problemas de implementação foi a inclusão dos PowerShots. à medida que vamos respondendo de forma satisfatória aos ataques do adversário e vamos ganhando pontos, uma barra de PowerShot vai-se enchendo e quando atinge o seu máximo permite-nos (de forma automática) proceder a um ataque em slow motion, de grande exuberância que na maioria das vezes deixa o adversário sem reacção. Esta sequência animada, altamente cinematizada, encontra-se deliciosamente recriada em pleno gameplay, e é extremamente agradável de ser vista, mas apresenta um problema.
Quando essas jogadas acontecem a câmara passa automaticamente para um ângulo diferente, colocando o jogador em questão de frente para a câmara para se ver os movimentos com pormenor, e quando se trata dum PowerShot dum adversário o reposicionamento da câmara causa alguma confusão e na generalidades dos casos torna-se ainda mais complicado tentar responder a essas lances.
Um outro aspecto que se tem de ter em conta, é o timing da pancada, ou seja, se pressionarmos os botões demasiado cedo o mais certo é falharmos a bola, se for demasiado tarde, esta irá com menos força e menos agressiva. São tudo truques que com a experiência de jogo se vão apanhando e controlando, embora hajam desafios, nomeadamente contra os grandes artistas (Nadal, Federer, …) em que a nossa principal preocupação é apenas de …… responder aos seus ataques.
Em Virtua Tennis 4 o modo principal é, sem dúvida, o World Tour. Trata-se dum modo no qual fazemos 4 Tours (Ásia, Austrália, Europa e América) onde vamos adquirindo experiência para o nosso avatar, com o objectivo final de participar nos 4 principais torneios de cada uma dessas regiões. Basicamente, cada Tour corresponde a um trajecto desde o ponto A (onde começamos) ao ponto B (onde se desenrola o Torneio final de Época) durante alguns dias, tendo pelo caminho diversos desafios, mini jogos, torneios intermédios, encontros com fãs, estadias em hoteis para relax …
Em cada jogada são-nos atribuídos numero de deslocações à escolha (como se jogássemos os dados) e, temos de escolher com cuidado qual a escolher, pois cada um irá cair numa localização no mapa que terá algum mini-jogo, ou qualquer tipo de evento.
Esta mecânica é interessante, e a inclusão de eventos como sessões de autógrafos, torneios intermédios, estadias em hoteis para relax, compras de cartas especiais para usar, ou de mini jogos de treino ajudam, não só o nosso personagem a evoluir e a aos poucos passar de Amador a Pro, como ajuda também a experiência de jogo acrescentando-lhe um pouco de variedade.
Uma vez que estes mini jogos retiram energia ao jogador torna-se necessário adoptar uma estratégia adquada de forma a que ao se atingir os Torneios Finais nos encontremos na melhor forma possivel.
No entanto, o mecanismo de deslocação pode-se tornar alogo exasperante, uma vez que por vezes podemos necessitar de um movimento de 1 casa para atingir determinado evento que pretendemos e podem-nos ser atribuidos dois movimentos de 2 e 3 casas.
Os mini jogos, que podem passar por derrubar pinos de bowling no serviço, ou apanhar moedas ao mesmo tempo que jogamos contra um adversário, são divertidos e variados (encontram-se também disponíveis para jogar sem ser no Modo World Tour) e permitem-nos adquirir créditos que podemos usar para comprar novos items para o jogador, tais como roupas, acessórios, raquetes, … No entanto, é uma pena que a aquisição desses mesmos items não se traduzam em quaisquer mais valias para o nosso jogador.
Longevidade: 7
Além dos normais modos de Versus, Treino, Exibição creio não ser nenhum crime identificar o modo World Tour como sendo o modo principal do jogo e talvez, o mais apelativo.
Além desse modo, podemos sempre jogar os restantes a sós, ou com amigos e com o recurso a Playstation Move.
Nota Final: 7.1 [0..10]
Virtua Tennis 4 é um jogo divertido e descomplexado, que aparentemente não aspira a ser uma simulação realista do ténis, pois não o é. Consegue, mesmo assim apresentar momentos de grande diversão, acabando por cair irremediavelmente para o seu campo, o Arcade. Com um modo World Tour bastante sólido, adiciona de certa forma, uma faceta de gestão ao jogo e com a existência dos diversos mini jogos consegue fugir à monotonia e trazer algo de diferente.
É um jogo para apreciadores despreocupados de ténis, que não tenham em atenção em demasia, aos pormenores.
Não faz esquecer os Courts, mas é um bom aquecimento!