Anunciado em 2012 para a Playstation 3, foi lançado em Agosto de 2015 – em exclusivo para a Playstation 4 – o jogo Until Dawn. Trata-se de um titulo que tenta relançar a temática de horror games com a particularidade de incluir algumas features tradicionalmente vistas noutros tipos de jogos.
O Pplware aventurou-se nas montanhas cobertas de neve e experimentou o jogo. Será que vamos conseguir sobreviver… até ao amanhecer?
Em Until Dawn, o jogador controla de forma rotativa as personagens principais: Josh, Mike, Matt, Chris, Ashley, Sam e Emily, oito adolescentes que se reencontram numa cabana isolada nas montanhas de Alberta, Canadá, um ano após o trágico desaparecimento de Hannah e Beth, irmãs de Josh.
Aquilo que era para ser um reencontro de homenagem às irmãs de Josh depressa se transforma numa noite de autêntico terror para os oito jovens, que terão de arranjar forma de escapar a todos os perigos que habitam as montanhas.
Nesta busca pela sobrevivência, o jogador tem a oportunidade de explorar um pouco os cenários em busca de uma forma de sair das montanhas com vida mas, embora exista esta componente de exploração, não se trata de um jogo com puzzles complicados ou segredos ocultos.
Um dos principais atractivos de Until Dawn, bem explorado pela Supermassive Games, reside no sistema “Butterfly Effect” (“Efeito Borboleta”, em português) inserido na mecânica do jogo.
Este sistema leva a que as escolhas feitas pelo jogador em diversas situações influenciem de forma decisiva e quase sempre imprevisível acontecimentos futuros.
Não estamos a falar necessariamente de acontecimentos no imediato, mas do desfecho de algumas situações nos episódios seguintes: o não ter apanhado uma arma no início do jogo poderá resultar na nossa morte muito mais à frente, quando estivermos a ser atacados e não tivermos forma de nos defender.
Estas escolhas acabam também por influenciar o relacionamento entre os personagens e modificar os seus traços de personalidade.
Não há dúvida de que o sistema “Butterfly Effect” acaba mesmo por ser um dos grandes atractivos do jogo. Tratando-se de um jogo/ filme com uma história bem construída, acabamos por nos deparar com uma espécie de guião algo rígido que deixa pouco espaço à exploração dos cenários.
Ao longo do jogo, iremos também encontrando pistas que nos ajudarão a perceber melhor todas as histórias por detrás dos locais onde a acção se desenrola. Teremos também a oportunidade de, à medida que avançamos no enredo, encontrar artefactos – denominados “totems” – que, de acordo com o seu tipo, nos dão um vislumbre de um acontecimento futuro que poderá afectar as personagens do jogo, muitas vezes de forma fatal.
Este sistema de artefactos acaba por nos remeter para os filmes Last Destination, cabendo ao jogador confirmar essa profecia ou não (mais uma vez, o “efeito borboleta” em acção). Tudo isto leva a que Until Dawn possa ser jogado múltiplas vezes e, de cada uma dessas vezes, com um desfecho diferente, o que aumenta significativamente o tempo de vida do jogo.
Outro destaque é a atenção dada a todo o ambiente no qual a acção se insere. Para Until Dawn pedia-se a existência de cenários tenebrosos, inquietantes e assustadores e de realismo suficiente para nos pregar uns valentes sustos enquanto jogamos e, nesse aspecto, a Supermassive Games cumpriu e de que maneira…
Os cenários estão extremamente bem desenhados tendo sido dada uma enorme atenção aos pormenores: efeitos de luz quando caminhamos por uma caverna escura e apenas temos um candeeiro a petróleo para nos iluminar o caminho, o barulho do vento nas árvores, a banda sonora em momentos de maior tensão ou em antecipação a algo.
Os personagens encontram-se extremamente bem desenhados, tendo os produtores recorrido aos serviços de actores profissionais: este facto empresta a Until Dawn um realismo muitíssimo convincente. Ainda assim, há – em alguns momentos – expressões faciais e movimentos estranhos que nos lembram que não estamos a ver um filme.
Todos estes aspectos se juntam para tornar Until Dawn num jogo inquietante e repleto de ambientes opressores que nos faz, não raras vezes, dar alguns saltos na cadeira.
Acresce a isto a facilidade com que nos embrenhamos na história e no ambiente. Sentimos a tensão e o terror de um personagem quando este foge pela montanha, tentando escapar de uma situação de perigo iminente que se irá revelar fatal caso escolha a via errada ou não consiga transpor um tronco de árvore que se encontra no meio do caminho. Nestas situações, o jogador é chamado a ajudar o personagem utilizando os botões do comando (indicados no ecrã) antes que o tempo se esgote sob pena de ir direitinho a uma morte que, acreditem, será tudo menos pacífica e limpa.
Para os amantes do género, Until Dawn é um must have e aconselho vivamente a jogá-lo à noite, às escuras e com auscultadores ou com um bom sistema de som surround. Existem, claro está, aspectos que não convencem completamente, como é o caso do Dr. Hill, para cujo consultório somos transportados entre cada episódio. Na verdade, o papel deste psiquiatra não é claro sendo que acaba por parecer um pouco desajustado da acção.
Veredicto
Until Dawn é um jogo bem conseguido com uma história e personagens bem construídos. A tensão está quase sempre presente e, tal como em qualquer filme de terror cliché, atrás de cada porta e em cada sombra espera-nos sempre algo que nos assusta a sério, deixando-nos o coração a bater mais rápido. O ambiente ajuda à festa levando o jogador a colocar-se mais facilmente dentro da história e a querer saber o que vai acontecer a seguir. O sistema “Butterfly Effect” confere a Until Dawn uma longevidade mais extensa devido às múltiplas combinações de escolhas que poderemos fazer. Aconselha-se vivamente para todos aqueles que gostem de um bom filme de terror.