Tradicionalmente, em Portugal, os desportos de combate têm apresentado uma existência quase marginal!
No entanto nos últimos anos temos vindo a assistir a um aumento significativo de cobertura mediática que se tem traduzido num aumento de adeptos e praticantes. Ainda com poucos recintos devidamente creditados para tal e poucos eventos, a entrada de certas marcas como por exemplo o Benfica acabaram por dar um impulso mais mediático à competição.
Um dos melhores jogos de luta encontra-se de volta, o Ultimate Fight Challenge Undisputed 3.
Com o regresso da competição Pride FC e algumas outras novidades, eis que o combate do ano tem o seu inicio.
Gráficos- 8,6
Sendo um titulo de combate, UFC3 baseia-se muito no visual e, especialmente, nos movimentos corporais dos lutadores. Lutadores esses que incluem alguns dos mais conceituados da modalidade que se encontram presentes e que, regra geral se encontram bem renderizados tornando-se fácil perceber quem é quem, durante um combate.
Quanto aos movimentos em combate as coisas estão boas mas ainda apresentam algumas deficiências que de vez e quando fazem torcer o nariz. Ainda existe uma certa automatização de certos movimentos que retira um pouco de realismo a determinado momento do combate.
Por exemplo, gostaria de ver durante um combate, um gancho bem assente na face do adversário mostrar os efeitos do contacto na própria cara, ou seja, quando se leva um soco, as partes da cara que absorvem o embate não refletem esse momento com exatidão.
Outras alturas em que as coisas poderiam estar melhores são as dos combates no chão. Há determinadas posições, enquanto tentamos fazer uma Submissão, que parecem desfasadas da realidade. Convém referir, no entanto que este tipo de incongruências acaba por ser uma gota no oceano e que durante um combate mal se notam. A maior parte dos movimentos corporais quando é acertado um golpe estão bem feitos, com os corpos a comportarem-se de forma credível e as quedas e KOs estão também realistas.
E, como seria de esperar, durante um combate, tanto se dá como se leva, certo? E o levar corresponde a …. danos. O sistema de dados está bastante bom e durante cada combate , consoante o tipo de ataques bem sucedidos, vão aparecendo cortes na cara a sangrar, olhos inchados ou mesmo costelas vermelhas das joelhadas. Acaba por trazer uma boa dose de realismo à ação e que simula bem o que se passa numa arena a sério.
Combate que apresenta, como deve ser, árbitros. E os mesmos gritam “presente” e têm uma participação bastante ativa durante o jogo.
Uma coisa que deve ser mencionada, que se encontra muito bem trabalhada pela equipa de desenvolvimento é, o momento pré combate. Todos aqueles momentos que antecedem o combate propriamente dito, com as entradas dos lutadores nos recintos, com a sua chegada ao octágono, com as apresentações dos lutadores, com os seus cumprimentos … estão simplesmente brutais e visualmente fantásticos.
De referir que a camara que acompanha o jogo está quase sempre na melhor posição o que nos permite ter quase sempre a melhor perceção do que se passa no ringue.
Som- 8,4
Os efeitos sonoros durante os combates estão muito bons, com particular enfase nas reacções da multidão. É fantástico sentir a multidão a manifestar-se acerca dum uppercut bem dado, ou uma submissão bem-sucedida. O problema é que não sabemos de que lado está a maior parte da multidão pois manifestam-se independentemente do jogador que faça as manobras. No entanto cada lutador tem o seu grito específico por parte dos seus adeptos e que é bem audível durante o combate.
Durante os combates existe uma outra particularidade importante e que dá outra dimensão ao jogo, que é o facto do nosso treinador pode gritar-nos dicas ou sugestões! Quer durante o combate, quer nos intervalos, dá-nos dicas importantes sobre a nossa evolução na luta.
De resto, as introduções dos lutadores está perfeita e ajuda a criar o ambiente propício para um arraial de porrada. Os mediáticos Bruce Buffer, Mike Goldberg e Joe Rogan gritam “presente” e ajudam a dar aquela atmosfera mais showbiz aos combates.
Jogabilidade- 8,7
UFC3 é um bom jogo de porrada, o que não quer dizer que seja acessível a todos os jogadores. Aliás, logo o primeiro momento de entrada no jogo é indicativo de tal, quando nos pergunta se queremos usar um mecanismo mais simplificado de proceder a submissões e outras manobras. Sendo uma forma de tentar agradar tanto a veteranos como a novos jogadores, esses dois tipos de controlo(Pro e Amador) apresentam como principal diferença, a forma como se conduzem as submissões, os ataques no chão ou as transições. No modo Amador basta um simples clique para cima ou para baixo com o analógico direito enquanto no modo Pro, é necessário mais técnica e outros movimentos com o analógico direito.
É no entanto esta particularidade que faz com que a existência dum excelente Tutorial seja uma grande mais-valia para o jogo. O tutorial que UFC Undisputed 3 apresentaencontra-se muito completo e é realmente útil para percebermos os ataques e combinações possíveis. E são muitos os ataques a aprender.
Uma outra mais-valia que, inclusive mencionei no arranque da análise, é a inclusão do extinto e violento Pride FC trazendo consigo os jogadores mais emblemáticos desta modalidade.
Quanto aos modos de jogo, o principal talvez seja o Modo Carreira. Conforme estamos habituados, o Modo Carreira permite-nos criar um jogador novo de raiz, ou encetar carreira com um já existente, seja em UFC ou Pride. É um modo bastante completo e longo e que acima de tudo exige muita preparação, treino e … sovas! Aliás, as sovas que levamos, atribuem precisamente ainda mais realismo ao jogo, pois como é normal, ao nos iniciarmos na modalidade teremos muito que aprender, e como rookies que somos, vamos levar muita porrada durante a subida da escada do sucesso.
Dentro do modo Carreira, além dos combates que fazemos de forma a progredir no ranking, temos de ter uma particular preocupação com os treinos. Não basta apenas lutar … é crucial haver preparação prévia. Esses treinos podem surgir de duas formas: Treino livre e Treino em Ginásios (consagrados e onde treinam os principais jogadores da modalidade).
Nos treinos livres temos treinos específicos, como por exemplo empurrar pneus gigantes ou treinar golpes num boneco de teste, de forma a ganhar endurance, força, trabalho de pernas, …Cada tipo de treino irá afetar, obviamente apenas um determinado conjunto de elementos da nossa preparação.
Quanto aos Treinos de Ginásio, podemos escolher entre vários existentes e consoante o escolhido temos a opção de aprender novos movimentos ou de os aperfeiçoar. É como se fosse uma especialização de acordo com o Ginásio escolhido.
Algo que já mencionei acima e que gostava de voltar a referir, prende-se com o combate em si, e com a participação mais ativa que o treinador tem. A cada intervalo dos rounds, o treinador dá-nos uma noção mais objetiva sobre os nossos melhores momentos e os pontos que temos de melhorar para levar o adversário de vencido. Embora seja informação útil, por vezes não é o suficiente objetiva ou clara.
Uma inovação em UFC3 que poderá levar algum tempo de adaptação é o processo de submissões ou de fuga a submissões implementado. Nos combates, fazer ou desfazer tentativas de submissão é-nos apresentado sob a forma dum octágono que aparece no ecrã, com duas barras em constante movimento. Cada barra representa um dos lutadores e o jogador consegue o seu intento se conseguir sobrepor a sua barra ao do adversário. É estranho ao início e parece algo desfasado da jogabilidade mas acaba por funcionar bem.
Essas mesmas submissões apresentam-se bastante difíceis de conseguir e dependem de vários fatores, tais como a fadiga dos jogadores, o potencial de cada jogador, a forma, o cansaço, … este pormenor da fadiga acaba por ser bastante importante em UFC3 pois é precisamente um elemento chave de cada combate.
Durante um combate tanto é necessário ter em atenção aos golpes bem-sucedidos ao adversário como à stamina que perdemos com os golpes falhados. É que um golpe falhado leva-nos um pouco de energia que pode ser importante mais tarde quando o adversário nos atacar com êxito.
Um outro modo de jogo importante é o Modo Titulo que como o nome indica corresponde a uma sucessão ininterrupta de combates até ao sucesso. Trata-se duma sucessão de combates que não apresenta uma recuperação das condições físicas do jogador entre combates, tendo de ser bastante equilibrada a nossa abordagem a cada luta.
Ao se concluir este modo é-nos desbloqueado outro que é a Defesa do Titulo e que, como o nome indica, corresponde á defesa do nosso 1º lugar ganho.
Uma introdução de bastante valor e que vem muito na direção dum maior realismo é a possibilidade do árbitro interceder em determinados momentos do combate, quando um dos lutadores se encontra a ser tremendamente massacrado. Nessas ocasiões o árbitro vê-se obrigado a terminar o combate por Technical KO.
Um outro modo de jogo, que atribui uma maior longevidade a UFC3 e que será, certamente, bastante apreciado pelos mais antigos apreciadores da modalidade, é o Modo Ultimate Fights. Este modo tenta recriar alguns dos combates mais mediáticos da modalidade, nos últimos anos, ao mesmo tempo desafia o jogador a obter certos objectivos.
Por exemplo, no combate do Final Conflict 2003 entre Wanderlei Silva e Quinton Jackson, que o brasileiro venceu podemos reescrever a própria história do combate e tentar vencer com Quinton Jackson. Em simultâneo é pedido ao jogador, que acerte uma combinação direita-esquerda no adversário, ou que consiga o nocautear.
As repetições de cada knock-out ou cada finalização estão bastante boas e uma vez que são feitas de variados ângulos, acabam por oferecer-nos imagens de grande beleza.
À medida que ganhamos combates ou progredimos no jogo são-nos desbloqueados vídeos com alguns dos melhores momentos dos principais combates dos últimos anos.
Um reparo a fazer, prende-se com as estatísticas dos jogadores reais, que no arranque do jogo e em apenas alguns casos se encontram desactualizadas.
Longevidade- 8,7
Conforme mencionei acima, existem diversos Modos Singleplayer. Além do Modo Carreira bastante completo e eficiente,e dos modos Modo Titulo e Defesa do Titulo, exasperantes e incisivos, e do desafiador Modo Ultimate Fights, UFC3 oferece-nos ainda a possibilidade de criarmos os nossos próprios eventos e de os partilhar com o Mundo Online. Desde o número de lutas, ao recinto,…
O Multiplayer, por seu lado, apresenta dois modos distintos. O Modo Exibição que é, como o nome indica, um modo de combate simples, e o Modo Ginásio de Lutas, onde conjuntos de jogadores podem-se associar sob a alçada dum ginásio e ganhando combates em nome desse grupo.
Uma coisa que se pode considerar irritante é o facto de alguns eventos no Modo Ultimate Fights apenas estarem disponíveis para ser transferidos o que deveria ser evitado, uma vez que nem todos os consumidores têm ligação à internet ou podem estar dispostos a tal. Aliás, alguns jogadores terem de ser transferidos através de DLC também só é compreensível mediante uma vertente mais comercial, pois deveriam estar incluídos no jogo de inicio.
Nota Final- 8,7
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UFC Undisputed 3 é um grande jogo de combates, com adrenalina, emoção, sangue e suor tudo numa mistura explosiva. Com os principais lutadores presentes (mas algumas ausências incompreensíveis), uma jogabilidade equilibrada, um ambiente altamente virado para o show e com variados modos de jogo que, não só aumentam a longevidade do jogo, mas que, acima de tudo, se apresentam altamente cativantes e viciantes, UFC Undisputed 3 é o melhor jogo de combate que já tivemos oportunidade de testar. Para todos os amantes de jogos de combates é um jogo imperativo.
