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Análise Tour de France 2013 – 100º Aniversário (Playstation 3)

Um dos tipos de jogos que mais adeptos tem e, talvez dos mais exigentes também, são os títulos de Gestão ou Management. Nos tempos que correm, a oferta é bastante variada e jogos de gestão do nosso clube preferido, da equipa de NBA favorita, da nossa empresa virtual, de uma cadeia de restaurantes que faça inveja à MacDonald’s, de um parque temático só nosso, de um Zoo com ainda mais animais… saem com uma regularidade bastante grande para delicia de milhares de jogadores em todo o mundo.

Na secção do desporto, existe vida para além do futebol e o maior exemplo disso mesmo é precisamente Pro Cycling Manager que, ano após ano, se tem mantido à tona de água e, inclusive, já fez a sua migração do seu habitat natural no PC, para as consolas.

Este ano, e celebrando a centésima edição da Tour de France, foi lançado o jogo Tour de France 2013 e, o Pplware já pedalou rumo aos Champs-Élysées.

 

Primeiro, creio que se impõe afirmar que este jogo é mais direccionado para um grupo de jogadores relativamente especifico, nomeadamente todos os gamers que gostem de ciclismo profissional e a sério. Todos os jogadores que apreciam uma boa dose de estratégia, de análise, daquela especificidade de cada ciclista, do desafio de cada etapa, dos kms e kms de asfalto e de muitas horas de pedalo.

Tour de France é, como o nome indica, uma homenagem à competição de ciclismo mais conhecida do planeta e que, apesar de ter sofrido um pouco nos últimos tempos com noticias de dopings e outras irregularidades, não deixa de ser um show on earth.

O jogo apresenta apenas um Modo Tour de France, e começa connosco a escolher a nossa equipa, partindo de seguida para a acção. O arranque de uma época é bastante rápido, deixando a parte analítica mais para a frente com o aparecimento das primeiras estatísticas, depois da primeira etapa.

Cada equipa tem uma determinada reputação, apresentando ao seu serviço um leque bastante alargado de atletas. Cada ciclista apresenta características próprias, e que se encontram relativamente bem identificadas, pelo menos para os ciclistas mais conhecidos. Por exemplo, Albert Contador apresenta-se como um dos principais favoritos e como um exelente trepador.

Bem, após a análise inicial e escolha da nossa equipa, somos então levados para o Tour.

A componente de gestão encontra-se bastante limitada em Tour de France, não havendo as dezenas de opções (compras de dezenas de aros de rodas, de capacetes, …) que as versões de Pro Cycling Manager anteriores costumam trazer. Apesar de ser algo que não representa qualquer problema para os jogadores menos fanáticos pelo ciclismo, para os que levam este desporto mais a sério e gostariam de uma simulação profunda e séria, será certamente algo decepcionante.

Por outro lado, uma das coisas positivas que o jogo nos oferece, são as estatísticas após a primeira etapa. Em qualquer ecrã temos montes de informação, dados, estatísticas … enquanto que noutros jogos isto poderia ser chato, em Tour de France dá uma maior imersão ao jogo.

No asfalto as coisas poderiam ser um pouco melhores. Apesar dos cenários por onde pedalamos se encontrarem minimamente decentes, apresentam-se muito despidos de vida. Aliás, muito despidos de vida e de sensação de actividade. Quase parece que estamos a jogar num quadro ou numa pintura.

Um dos pontos fortes da Tour é precisamente a beleza estonteante das paisagens francesas e é pena que o ambiente criado em redor da estrada seja demasiado pasmaceiro e mortiço e até os poucos pontos que poderiam trazer mais excitação (locais com público) falham. Basicamente apenas se ouve o som das pessoas e os seus gritos e encorajamentos, mas o que se assiste no ecrã é, um conjunto de personagens estáticos na berma da estrada. Exigia mais.

Aliás, até pormenores como as sombras dos espectadores se encontram …. ausentes.

A componente estratégica em pleno asfalto encontra-se com altos e baixos e uma das coisas a que a Cyanide já nos habituou está de volta, o facto de podermos dar instruções (“Follow”, “Protect”, “Attack”, …) aos diversos ciclistas da nossa equipa. Isto dá-nos a opção de gerir a corrida de uma forma muito mais profunda mas leva o jogador a incorrer no risco de perder um pouco o controlo da acção enquanto o faz. No entanto, com etapas que chegam a demorar mais de 1 hora no jogo, é algo que se consegue gerir com impacto mínimo.

O jogo inclui um sistema de ajudas em plena corrida que nos identifica o melhor trajecto e que acaba, por ser bastante útil, tanto devido ao que acima referi, como também por causa de alguma ocasional fraca maneabilidade do ciclista. Aliás, se conseguirmos gerir bem a nossa corrida e os trajectos ideais, torna-se bastante mais simples manter uma boa performance, e evita-nos desgastes desnecessários, poupando energia para usar nos ataques.

Isto leva-nos a um pormenor que irrita bastante que é o facto de quando saímos da estrada nem que seja por 10 cm, a bicicleta desacelerar quase como se andássemos em areias movediças. É frustrante, especialmente quando vamos na frente do pelotão e em plena descida a mais de 70Km/hora fazemos uma curva demasiado cortada, saímos da estrada por uma nesga e … somos ultrapassados por mais de metade do pelotão.

E pior … Quando saímos de estrada, existe uma barreira invisível qualquer que nos empurra novamente para o asfalto, como se fossemos uma bola de snooker.

No entanto, nem tudo é mau, e a meio de uma corrida existe uma forte componente estratégica. Por exemplo, temos uma barra de stamina e de esforço e a gestão dessas duas barras é extremamente importante. Mais importante ainda é, se tivermos em conta os pontos fortes do nosso ciclista. Ou seja, será melhor poupar a energia de um ciclista bom em sprints, para os sprints, por exemplo e atacar apenas nessas alturas. Existe ainda a possibilidade de gerir o esquema de mudanças e é importante dominá-las em determinadas alturas da corrida para tirar o máximo proveito das capacidades do nosso ciclista.

Os controlos são simples e fáceis de entender, começando pela força com que pedalamos que depende da pressão que fazemos no gatilho R2 (mais pressão, mais pedaladas, menos pressão no gatilho e menos pedaladas), até ao gatilhos L2 que permite travar.

Os sprints são levados a cabo pressionando freneticamente o X, o que acaba por transmitir um pouco mais de emoção aos finais de etapa ou secções especiais. É um dos poucos momentos em que o jogo consegue dar-nos um vislumbre do que poderia ter sido, quando estamos na recta final e vamos pressionando o X que nem doidos, enquanto ombreamos com dois adversários pelo lugar cimeiro. Igualmente bem feito está o efeito que o desgaste tem no ciclista, bem como as suas próprias características no desfecho desses sprints finais.

Durante a corrida conseguimos ainda ter uma noção dos diversos grupos de ciclistas, pressionando o triângulo. É importante quando fazemos uma fuga e queremos saber em realtime o tempo que temos de vantagem sobre o grupo de perseguidores e o pelotão.

Outro pormenor é o dos mantimentos que podemos levar connosco. Podemos levar até dois mantimentos e existem uns quantos à disposição que, diferem entre eles, quer pela quantidade de regeneração que possibilitam, quer pelo tipo de efeitos (por exemplo uns melhoram a stamina, outros o poder de ataque, …).

Existe ainda um sistema de ajuda da própria equipa à qual pertencemos que nos vai dando algumas dicas úteis sobre a evolução dos adversários, do pelotão, do camisola amarela … mas até neste ponto, o jogo tem falhas ocasionais. Estas falhas correspondem principalmente a problemas de ligação entre o que se passa no ecrã e o que o nosso chefe de equipa nos comunica. Por exemplo, por vezes grita excitado … “Atenção, uma fuga!” mas, no entanto, no ecrã todos os ciclistas pedalam a um ritmo normal.

Face a tudo isto, acaba por ser um pouco torturante fazer as etapas todas até ao final, se tivermos em atenção que cada etapa pode levar até mais de 1 hora a completar. Felizmente existe a opção de Fast Forward, que nos permite avançar um pouco na corrida até aos pontos mais importantes da etapa.

O Multiplayer co-op ou um contra o outro em split screen acaba por ser uma lufada de ar fresco, e atenuar um pouco os pontos baixos do jogo, trazendo alguma emotividade extra ao jogo.

 

Nota Final- 6,7

[0…....10]

 

Eu gosto de ciclismo mas tenho de admitir que não sou um fiel seguidor da modalidade. No entanto, sempre gostei de Pro Cycling Manager, precisamente pela forte componente de gestão que apresenta. Tour de France 2013, apresenta uma forte componente estratégica em plena corrida, mas falha na componente de gestão da equipa no geral. Pessoalmente não acho que tal seja demasiado negativo, mas o que me desiludiu um pouco foi a fraca produção do resto. Esta versão Playstation 3 não tem grande emotividade e excitação, que a meu ver são características do evento real. Havia muito potencial para explorar neste capitulo que não foi atingido. Para os fãs da modalidade, o jogo continua, contudo a apresentar bons predicados na componente estratégica e para muitos jogadores é isso que importa.

Gráficos: 6,5

Grafismo com beleza mas, morto. Não há vida nas estradas, naquele que é o maior evento de ciclismo do planeta. Os ciclistas são também um pouco mecanizados em demasia. Gostei dos efeitos de luz, especialmente quando subimos um monte com o Sol de frente.

 

Som: 6,5

Os efeitos sonoros são adequados .. com o característico som de puxar uma mudança mais abaixo, ou dos ciclistas a passarem. Comentador que consegue das alguma emotividade à corrida. Excitação do público audível, mas invisível.

 

Jogabilidade: 7,0

Simples mas eficaz. Forte componente estratégica em plena corrida que nos ajuda a ultrapassar uma corrida de mais de 1 hora.

 

Longevidade: 6,5

Para os apreciadores do Tour de France, terão muito por pedalar até chegar aos Champs-Élysées. A vertente multiplayer permite ainda pedalar com ou contra um amigo.

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Género: Estratégia Desporto Plataforma Analisada:  Playstation 3 Homepage Tour de Frace 2013
Restantes Plataformas: Windows PC, Xbox 360

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