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Análise Tokyo Jungle (Playstation 3)

Tal como grande parte das pessoas, gosto de, de vez em quando, ser surpreendido. Não será abuso algum afirmar que quase todos nós, algures nas suas vidas já foram positivamente surpreendidas por algo ou alguém. Tokyo Jungle foi a minha mais recente surpresa.

Trata-se dum jogo que passou um pouco ao lado dos grandes meios de comunicação e que não teve grande mediatismo ou cobertur e que se centra sobre uma história diferente e deveras interessante. Algures em 2027 (apenas daqui a 15 anos) a humanidade desapareceu e os animais voltaram a reinar na Terra.

Tokyo Jungle foi recentemente lançado na Playstation Network, pela editora Crispy’s , o que certamente limitou em termos de orçamento até onde o jogo poderia evoluir. Eventualmente com outro orçamento e outros meios, Tokyo Jungle atingiria certamente o topo da cadeia alimentar …

Contudo trata-se duma muito boa e agradável surpresa … vamos ver um pouco mais …

Conforme indiquei mais acima, na introdução, a história de Tokyo Jungle, que nos vai sendo desvendada à medida que evoluímos na história, gira em torno duma cidade de Tóquio onde a humanidade desapareceu misteriosamente. Tal como seria de esperar nestas circunstâncias, os animais tomaram o controlo da grande metrópole. Assim, começamos a nossa aventura na pele (e pelo) de alguns desses animais que têm de ir sobrevivendo a este novo tipo de selva … a selva urbana. Ao longo da aventura vamos tentando criar gerações futuras da espécie que escolhemos e vamos também destapando aos poucos o véu sobre o que aconteceu aos seres humanos.

 

Gráficos:  6,5

Conforme mencionei acima, a acção em Tokyo Jungle passa-se no ambiente citadino de Tóquio. Nas ruas, jardins, estações de comboios, de metros, nos arranha-céus, … onde os novos habitantes vivem, morrem e deixam a sua marca.

O grafismo de Tokyo Jungle acaba por ser o seu ponto fraco, e o HD é uma miragem para o jogo. As texturas e modelos dos animais encontram-se particularmente fracos, e os seus movimentos (corrida, salto, acção furtiva, ataque, fuga, …) são bastante limitados e simples e com pouca diversidade de animações. Pessoalmente considero uma infelicidade pois é certo que o grafismo atrai muitos jogadores e este aspecto negativo pode afastá-los deste Tokyo Jungle que considero uma agradável surpresa.

Apesar dos animais se apresentarem bastante pobres e de jamais se assemelharem a animais de última geração de consolas, o restante ambiente da cidade acaba por estar bastante decente, nas diversas zonas por onde passamos, desde Estações de Comboios, Parques, Zonas habitacionais, topos de edifícios…

 

Som: 7,0

Onde há animais, há grunhidos, rugidos, e outros sons afins, certo? Pois, então já sabem o que esperar de Tokyo Jungle.

Cada animal tem o seu som distinto e só é pena que não tenham maior diversidade, pois cada espécie animal faz vários tipos de sons.

Os restantes efeitos sonoros de Tokyo Jungle como a chuva, o pisar da água pelos animais, vento, … estão adequados.

Apesar de não ter praticamente vozes, gostaria de louvar a localização do jogo para português correto. Trata-se duma grande mais-valia pois há medida que evoluímos na história vamo-nos deparando com, pistas, itens, desafios, … e estando tudo em português torna-se mais fácil para os mais novos jogarem sozinhos.

 

Jogabilidade:  8,0

Tokyo Jungle consegue, duma forma bastante subtil, tornar-se num autêntico vício … para miúdos ou graúdos. O jogo é extremamente simples e apresenta comandos bastante eficazes.

Basicamente temos comandos para saltar, arranhar/coicear/marrar, atacar ferozmente, recuar, comer/beber e pouco mais. E, verdade seja dita, é o suficiente … pelo menos para os actuais moldes do jogo.

Existem dois modos de jogo principais: História e Sobrevivência. Apesar do modo História ser, à partida o modo principal, é com o modo Sobrevivência que vamos avançando mais na história, que vamos descobrindo mais sobre o que se passou, desbloqueando mais animais jogáveis e que vamos também desbloqueando novos capítulos do modo História.

O modo Sobrevivência começa então connosco a escolher o animal a vestir a pele. Inicialmente temos apenas as opções dum veado-japonês ou dum Lulu-da-Poomerândia (cachorro pequeno). Após a escolha do nosso animal, saltamos para uma Tóquio devastada e repleta de animais (alguns selvagens fugidos do Zoo, outros domésticos que ficaram sem dono). Aí, nas ruas da cidade em ruínas temos de sobreviver, lutar pelo território, acasalar e continuar a nossa espécie.

O nosso animal tem 3 barras principais: saúde, fome e energia. As duas primeiras serão eventualmente as mais importantes, pois quando a fome atinge um valor critico, começamos a perder saúde e quando a saúde se esgota …. morremos.

Quando somos um carnívoro, para recuperar saúde (ou evitarmos ter fome) temos várias opções … ou matamos animais e os comemos, ou bebemos água (que ocasionalmente nos mata um pouco de fome). No entanto caçar animais não é assim tão simples. Apesar de em certas alturas haver bastantes animais a andar pela cidade, há uns mais perigosos que outros e uns que têm mais carne que outros. No entanto convém não esquecer que tal como andamos à caça, também outros animais o fazem … e alguns bem maiores que nós, como por exemplo, tigres, leões, crocodilos …

Quando somos um herbívoro a forma de matar a fome é como será de esperar, comendo determinadas flores e plantas que surgem aqui ou ali no mapa. Ser herbívoro apresenta algumas desvantagens óbvias como por exemplo não ter garras ou mandíbulas fortes, mas por outro lado apresentam geralmente uma maior velocidade de fuga, bem como alguns coices e marradas defensivas algo eficazes.

Contudo ao nível dos diferentes tipos de animais deveria haver uma maior distinção entre o que uns fazem e outros não … e por exemplo … uma marrada dum veado japonês tem de ser sempre inferior a uma marrada dum búfalo.

Sendo um carnívoro ou herbívoro temos uma constante necessidade de marcar o nosso território e para tal existem certos pontos específicos no mapa que temos de marcar com o nosso odor. Esses pontos estão indicados por bandeiras.

O tempo do jogo corre mais ou menos ao ritmo de 1 ano por minuto e em cada ano da nossa vida temos vários desafios que nos são propostos pelo jogo. Por exemplo, temos de matar um certo número de presas, temos de marcar um certo número de territórios ou então temos de acasalar e de gerar a nossa descendência.

Cada objectivo tem um prémio diferente caso o consigamos concluir que podem ir desde, mais energia, até um novo animal desbloqueado.

O acasalamento ocorre quando temos um território completo em nosso poder e nesta altura surgem as fêmeas. Há vários tipos de fêmeas, desde as de mais baixo nível hierárquico, às fêmeas mais fortes e são essas que deveremos querer como nossas parceiras, pois assim a nossa descendência adquire genes melhores. No entanto, para agradar a uma fêmea mais forte temos de ter um determinado nível e esse nível adquire-se pela quantidade de desafios concluídos e de número de animais que já caçámos.

O acasalamento ocorre em ninhos espalhados pelo mapa e culmina com o nascimento da ninhada. A partir desse momento tomamos controlo apenas dos filhotes e vamos à procura dum território só para nós.

Sendo carnívoro ou herbívoro é notória a quantidade de perigos aos quais somos expostos e quando somos mais pequenos ainda mais vulneráveis estamos. No entanto além dos perigos normais de confrontos com outros animais ainda somos presenteados com outras ameaças como por exemplo o facto de ocasionalmente surgirem na cidade chuvas tóxicas que nos fazem perder vida se expostos a ela, ou se consumirmos animais/flores contaminados.

Conforme podem ver, a mecânica de jogo em Tokyo Jungle pode ser considerada um pouco repetitiva, pois quando passamos dos pais para os filhos, retomamos a rotina de tentar sobreviver na selva urbana de Tóquio. No entanto, o jogo consegue manter uma certa aura de vício e de excitação em seu redor que acaba por não cansar. Os desafios também vão sendo algo diferentes entre si o que também ajuda a manter o nível de vicio.

Achei estranha a inclusão de dinossauros no jogo … provoca um pouco de quebra de realismo …

O posicionamento da câmara, que nos faz lembrar alguns jogos como por exemplo Duke Nukem, apresenta-se duma forma lateral e o nosso movimento é quase exclusivamente para a esquerda e direita (expecto quando entramos em algum edifício o subimos algumas escadas ou parapeitos de janelas).

Não encontrei grandes problemas com a câmara, e em quase todas as situações se mostrou “inteligente” ao posicionar-se de forma a manter-nos a par do que se passa.

Algo que me frustrou e muito, foi a ausência da opção de gravar no menu, de forma a salvaguardar o nosso progresso no jogo. Assim sendo, praticamente somos obrigados a concluir um capitulo inteiro duma só vez para tal.

 

Longevidade: 8,5

Tokyo Jungle pode não ter um Multiplayer online como outros jogos apresentam, mas acreditem em mim quando vos digo que, é altamente viciante jogá-lo. Os dois modos que apresenta são bastante extensos e que acabam por criar sempre vontade de jogar mais. Há sempre algo mais que achamos que poderíamos ter feito, algum desafio que nos passou, algum animal que gostaríamos de ter derrotado …

 

Nota Final- 7,7

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Conforme disse no início do artigo, Tokyo Jungle apresentou-se-me como uma surpresa muito agradável. Começando pelo enredo intrigante e uma jogabilidade completamente diferente daquilo que podemos considerar mainstream, consegue criar o ambiente adequado para nos agarrar aos comandos da Playstation 3 durante muitas e muitas horas, sempre na expectativa de conseguir bater o nosso record diário, semanal ou mensal e de vermos o nosso nome aparecer triunfalmente nos LeaderBoards Online que o jogo nos apresenta no final de cada sessão. Na minha opinião, Tokyo Jungle é uma excelente ideia passada para a prática duma forma bastante limitada e tenho curiosidade em saber até onde poderia ir com outro orçamento disponível. Por perto de 13€ é um jogo a ter em atenção na Playstation Network. Tokyo Jungle pode não ser um ultra-sumo dos videojogos mas está perto do topo da cadeia alimentar.

 

 

Homepage Tokyo Jungle Género: Estratégia Plataforma Analisada: Playstation 3 (Playstation Network)

 

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