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Análise Steamworld Heist (Nintendo 3DS)

In a broken world, danger does not wait its turn … except it does. It’s turn based” é assim que Steamworld Heist, o sucessor de Steamworld Dig é anunciado no seu trailer de lançamento.

Este indie de estratégia por turnos, da responsabilidade da Image & Forms Games foi lançado no final do ano passado para a Nintendo 3DS aparentemente sem grande aparato mas, felizmente, não passou despercebido à comunidade.

E ainda bem que assim foi, pois tal como o Pplware teve ocasião de sentir em primeira mão, veio-se a revelar um grande jogo de estratégia, provando novamente que nem só com grandes investimentos ou grandes campanhas mediáticas se conseguem jogos de elevada qualidade.

Steamworld Heist apresenta-nos uma história que começa com a explosão do Planeta Terra. Após essa explosão, vários pedaços do planeta são espalhados pelo espaço sideral, acabando por ver os seus recursos explorados por, Cowbots! Estes Robots  vão minerando os recursos existentes nesses pedaços de Terra (água e outros minerais) como forma de sobrevivência e comércio.

O jogador entra assim neste mundo de Robots encarnando o Capitão Piper Faraday um contrabandista que de repente se vê obrigado a entrar em acção após os Scrappers (grupos de ladrões que assaltam e atacam os Cowbots) se tornarem demasiado agressivos.

Trata-se de um enredo simples e que, conforme se verifica ao avançar no jogo, curto! Nunca há grande profundidade ou tentativa de adensar mais a história ficando o jogador entregue a si próprio. Contudo, não será problemático pois o grande segredo do jogo está sim na sua jogabilidade peculiar e extremamente viciante.

O jogo passa-se numa perspectiva lateral 2D o que poderia trazer alguns problemas, pois trata-se de um jogo de estratégia. No entanto, e como verão nas próximas linhas, o 2D encaixa perfeitamente. Apesar de poder se jogado sem recurso ao 3D da consola, é aconselhável que esteja ligado. Por exemplo, quando os inimigos são eliminados deixam cair por vezes itens que o 3D realça e que poderiam passar despercebidos doutra forma.

Uma das curiosidades do jogo é o facto dos seus mapas serem gerados dinamicamente, o que faz com que a cada momento se criem missões diferentes (e com exigências distintas). Apesar de alguma parecença visual os níveis são diferentes e com obstáculos e desafios distintos.

Hub do jogo, ecrã superior

O hub central do jogo é representado por um mapa da Galáxia através da qual podemos navegar dum local de interesse até ao próximo. Esses locais podem ser de dois tipos: Missões ou Bazares de Comércio onde podemos, entre outras coisas, adquirir equipamentos, armas ou recrutar novos Cowbots (consoante cada missão, poderemos criar uma party de 2 ou mais Cowbots).

Hub do jogo, ecrã inferior

A acção passa-se por turnos à medida que vamos avançando nos mapas. Em cada turno existem 3 acções principais a tomar para cada um dos membros da party: correr de ponto A para ponto B, procurar cobertura (atrás de bidões, caixotes ou subindo para outro nível), ou então usar as habilidades de cada robot.

E esse é outro ponto forte de Steamworld Heist: as Habilidades de cada robot. Tal como na maior parte dos jogos RPGs (Role Playing Games) e semelhantes, cada cowbot pertence a determinada classe e tendo assim as suas habilidades nativas. À medida que avançamos nas missões vamos ganhando pontos de experiência que se traduzem em desbloqueios de novas. Por exemplo, uma dessas habilidades é a de regenerar a saúde de toda a equipa.

A maior parte dessas habilidades são passivas, como por exemplo a skill que Sally tem de Kill Shot que lhe permite ter mais uma oportunidade de tiro quando matam um inimigo. Outras habilidades são activas ou podem se tornar activas, como a skill de Piper Area Repair que permite reparar o próprio Piper na totalidade e Inspirar os companheiros quando escolhida pelo jogador.

 

E é esta combinação de uso das habilidades dos elementos da nossa party que fazem com que Steamworld Heist seja uma jogo divertido e em simultâneo, cerebral. Mais que disparar, Steamworld Heist obriga a pensar. O consumo dos turnos tem de ser devidamente ponderado e as inúmeras combinações das armas (e suas limitações) com as habilidades de cada Cowbot, obrigam a um constante planeamento.

No capitulo das armas, a variedade é imensa. São mais de 100 diferentes entre si. Existem pistolas com ataques básicos a armas pesadas com ataques mais maciços  e uma maior probabilidade de Dano Critico. Além do poder de fogo existem ainda algumas outras características que lhes incutem uma grande dose estratégica. Por exemplo, algumas têm um poder de fogo brutal mas … para as podermos usar não podemos deslocar o Cowbot que a usa, obrigando assim a uma tomada de decisão sobre a melhor forma e altura de a usar.

Um dos pontos fortes de Steamworld Heist no uso das armas é a possibilidade de usar o ricochete a nosso favor. Algumas armas possuem ainda mira laser que permite prever a trajectória das balas e dos seus ricochetes. No entanto, outras não têm pelo que o cálculo desses ricochetes (com atenção oscilação do braço que pega a arma) tem de ser feito a olho e … dá azo a momentos de grande satisfação… ou de frustração.

Armas

Este é sem dúvida o ponto forte do jogo e os níveis gerados acabam invariavelmente por potenciar o recurso aos ricochetes. Seja para derrubar um inimigo atrás de um caixote, seja para eliminar outro no andar de baixo. Mas atenção … os Scrappers também os usam!

Existem ainda variados outros itens que podemos encontrar nas missões ou nos bazares de trade. Por exemplo, podemos adquirir botas que permitem ao Cowbot que a uma maior capacidade de deslocação, ou novas armaduras que ofereçam maior resistência contra os inimigos …

As missões por sua vez são diversificadas o suficiente para não caírem na monotonia. A inclusão sistemática de novos inimigos e novos obstáculos faz com que cada missão tenha uma certa sensação de novidade e desafio constante e se a isso juntarmos os Cowbots com armas e skills diferentes, teremos em cada uma uma experiência completamente nova.

Por fim falemos um pouco dos inimigos. Estes são variados quanto baste, na sua aparência e sobretudo na sua forma de ataque. Alguns ataquem com escudo e usando ataques físicos, outros transportam bombas e tentam chegar-se bem perto, outros escondem-se e disparam à distância … para não mencionar os bosses que são extremamente difíceis de derrotar, obrigando a uma maior gestão da equipa e das suas habilidades.

Piper Faraday

 

Apesar de não serem particularmente inteligentes, a maior parte dos Scrappers acaba por ser minimamente decente (e os diferentes níveis de dificuldade acentuam isso ainda mais). A grande maioria procura protecção quando em combate tentando inclusive manobras de cerco.

Uma das particularidades do jogo mais discutível acontece quando perdemos uma missão. Conforme mencionei antes, quando terminada com sucesso, dá-nos pontos de experiência e “dinheiro” (representada por água) como recompensa. No entanto, quando perdemos (morrem todos os Cowbots da nossa party) perdemos também recursos que já possuíamos. Pessoalmente gosto desta abordagem pois todo o jogo leva-nos a ponderar bem as nossas decisões e este será mais um ponto a ter em conta.

Creio que algo que poderia vir a demonstrar-se bastante útil seria a possibilidade de se mudar as armas, equipamentos e itens de cada membro da party antes de aceitarmos as missões.

 

Veridicto:

Steamworld Heist veio-se a revelar um grande titulo de estratégia por turnos. Conseguindo um equilibro quase perfeito entre estratégia, simplicidade e divertimento, Steamworld Heist representa em simultâneo, um desafio sério (quase frustrante) mas também o carisma tão especial como os antigos jogos 2D de turnos tinham. Acusa no entanto alguma repetitividade nos objectivos de cada missão, mas que rapidamente são esquecidos pela dinâmica do próprio jogo. Um jogo que recomendo sem qualquer sombra de dúvida a todos os amantes do género.

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