Numa altura em que o Inverno teima em não se mostrar verdadeiramente, mas que o frio bem se tem mostrado, eis que chegou às lojas um título bem fresquinho, SSX.
Tendo como pano de fundo as grandes cordilheiras do Mundo, SSX leva-nos numa aventura estonteante de Snowboard, através de descidas das mais radicais jamais vistas em jogos de computador, dos mais altos picos do planeta Terra.
O Pplware já desceu algumas das cordilheiras de SSX e as descidas foram vertiginosamente excitantes…
A história de SSX rapidamente se esquece no decorrer das provas e em parte nem se torna necessária. Basicamente centra-se na equipa Team SSX formada por atletas de desportos radicais, e que tentam bater a equipa rival, Grif. Nada de especial, portanto … mas, face ao que o jogo nos tem para oferecer, não se pode dizer que seja uma perda muito grande.
Gráficos: 8,9
Primeiro que tudo, tenho de afirmar que desconheço 99,9999% dos picos representados no jogo mas, a avaliar pelos cenários que SSX nos apresenta, devem ser duma beleza perigosamente bela.
Cada descida, das mais de 30 licenciadas para o jogo, tem as suas particularidades, tais como aviões caídos no meio das pistas, árvores tombadas, precipícios que temos de saltar ou voar por cima, … enfim, cada pista encontra-se bem recheada de motivos de interesse …houvesse tempo para os apreciar a todos enquanto a descemos.
Contudo, e embora os gráficos do jogo estejam brutais, há por vezes, muito ruído visual no ecrã, quando fazemos algumas combos mais exigentes que não nos deixa perceber bem o que o nosso personagem está realmente a fazer.
Outro aspeto que por vezes chateia um pouco, felizmente poucas vezes, é o facto da câmara se posicionar em determinadas alturas em ângulos muito chatos.
Os nossos personagens, cada qual com o seu estilo e com possibilidades de ir equipando à medida que vamos ganhando créditos, conseguem também transmitir uma grande sensação de radicalidade. As acrobacias que fazem durante as descidas são brutais e cada qual tem as suas preferidas …
Um pormenor interessante e de muito bom efeito é o facto de antes de cada evento, e durante a escolha da pista, as imagens das cordilheiras se apresentarem numa perspectiva de falso 3D que parece saída dum documentário da National Geographic.
Som: 8,7
Apresentando uma das mais fortes bandas sonoras dos últimos jogos a serem lançados, com bandas como Foster the People ou The Hives, SSX consegue levar a outro patamar a ligação entre som e visual, conseguindo através dum esquema muito bem montado de controlo do volume manter a adrenalina lá em cima e criar toda a envolvência necessária a que o jogador se sinta sempre um ás radical de snowboard.
Jogabilidade: 8,7
Engane-se quem pense que SSX é um jogo frio. Pode ser passado no frio dos altos picos do Mundo mas, quando as coisas aquecem, aquecem e bem.
SSX assenta em três tipos distintos de jogabilidade: Corrida, Acrobacias e Sobrevivência. Conforme os nomes indicam, o tipo de descida-corrida assenta em correrias desenfreadas pelas encostas abaixo tentando ganhar aos nossos adversários (NPC) que apresentam uma IA aceitável. Acrobacias é uma jogabilidade em que temos de fazer um máximo de pontos de truques durante a descida ganhando quem fizer mais pontos …. Aqui é importante encadear o máximo de combos possíveis e evitar quedas ou acidentes. Por fim o Sobrevivência é como o nome indica, sobreviver à própria descida. Nestes últimos geralmente é necessário levar material adequado, proteções, Windsuits, …
Se há uma coisa que SSX consegue fazer, e não esquecendo que se trata dum jogo muito mais virado para a jogabilidade Arcade e não para a simulação propriamente dita, é a recriação da sensação de velocidade. Simplesmente brutal, havendo montes de vezes em que após um salto apenas damos por nós a rezar para que não haja um precipício a seguir e respectivo Game Over. A velocidade é tão estonteante que os reflexos nem sempre dão para tudo.
Em SSX, e como não poderia deixar de ser, as acrobacias constituem a ementa principal e SSX apresenta-nos uma lista tão vasta e rica que se torna impressionante. Manobras no ar, manobras no chão, manobras em tubagens, em telhados, …. É o que quiser. Quase tudo o que se vê pode ser usado para fazer manobras e isso é empolgante e faz-nos muitas vezes voltar aquela pista para tentar algo novo… e há sempre algo novo a experimentar, podem crer. Em SSX, o jogador é devidamente recompensado pelas acrobacias que faz … não tanto pelo número, mas pela diversidade. Encadear várias combos diferentes é um autêntico festival de adrenalina e vai também aumentando a nossa Trick Bar, uma barra que quando atinge o seu máximo permite-nos proceder a truques especiais do atleta em uso …
Após cada salto, a aterragem é de importância máxima e depende do momento em que terminamos as acrobacias do salto. Um segundo a mais faz toda a diferença…
À medida que evoluímos na aventura, vamos podendo adquirir novos equipamentos …. Novas pranchas, Windsuits que nos permitem planar, equipamento de proteção para as descidas mais violentas, ….
Uma particularidade interessante e útil que a EA incluiu (à semelhança de outros jogos seus) foi a possibilidade de escolha do mecanismo de fazer as acrobacias. Tanto podemos escolher o uso dos botões, como do analógico direito e ambos funcionam bastante bem, tornando-se talvez mais natural o uso do analógico. Isto que acabei de escrever vem bem a propósito de outro aspeto do jogo. A simplicidade com que nos encaixamos na jogabilidade. O jogo tem um sistema de controlos simples, conforme afirmei, o que torna a adaptação bastante mais rápida. Contudo, a dificuldade não é assim tão pequena e é preciso deixar crescer as unhas para poder tocar esta viola, pois cada descida apresenta-nos desafios constantes e que exigem grande destreza para os conseguirmos ultrapassar ao mesmo tempo que tentamos ter nota artística.
Um aspecto que SSX apresenta e do qual não sou muito adepto mas, que em SSX até não me causou muitos problemas, é a opção de rewind que nos permite rebobinar a ação um pouco antes e retomar a partir daí. Torna-se bastante útil quando caímos em precipícios, por exemplo, pois caso contrário… Game Over. No entanto esta opção tem alguns custos que são o facto de perdermos esse tempo de Rewind para os adversários. Justo … irreal, mas justo.
Uma coisa engraçada que SSX permite é a colocação de GeoTags algures nas pistas e que nos dão pontos enquanto permanecerem nessa posição sem serem apanhados por outros corredores. Existem Geotags em quase todas as descidas e dada a posição de alguns, de certeza que foram colocados mesmo antes do ecrã de GameOver …
Há no entanto algumas coisas em SSX que me irritaram bastante … Uma delas é a forma como alguns obstáculos das pistas nos afetam quando chocamos contra eles. Por exemplo, durante cada descida existem inúmeras árvores em plena pista e, é óbvio que mais cedo ou mais tarde, numa delas vamos acertar, certo? Pois, acontece que em grande parte das vezes esses acidentes não provocam quase danos alguns, o que acho demasiado arcade para o meu gosto. Ok, que a jogabilidade é mais árcade, mas há que saber dosear entre o sensato e o absurdo.
Outro aspecto menos bem conseguido no jogo, e que os rewinds conseguem resolver mas que não deixam de ser chatos, são algumas zonas das pistas onde caímos e depois não conseguimos sair. É chato.
Uma outra coisa que merece um reparo negativo em SSX, é o facto de em algumas pistas não se saber exatamente onde termina a pista podendo após um monte de neve ser um precipício mortal. Essa dificuldade em perceber onde termina a pista leva muitas vezes ao uso do botão Rewind também, mas poderia estar melhor sinalizado.
Longevidade: 7,5
SSX apresenta um Modo Explore que tal como o nome sugere, permite-nos explorar duma forma mais inocente todas as pistas disponíveis no jogo, ou mesmo, tentar amealhar medalhas e créditos, apanhar Geotags deixados por outros jogadores, ou mesmo bater records dos nossos amigos.
Permite inclusive ver que tipo de percurso foi feito por um nosso amigo numa determinada descida para o podermos repetir e melhorar.
Por outro lado apresenta também um modo Global Events onde competimos com jogadores de todo o mundo e ganhamos recompensas de acordo com os nossos resultados. Em ambos os casos existem inúmeros eventos e desafios constantemente a serem gerados para a comunidade e que certamente aumentar a longevidade do jogo e mantém o jogador interessado em saber o que se passa. Por falar no que se passa … o sistema Rider.net permite-nos saber a qualquer momento tudo sobre os nossos amigos e suas prestações.
Há, contudo, duas ausências que se notam: Multiplayer local e em realtime. Essas são duas falhas importantes para um jogo que se baseia precisamente na competitividade.
No entanto, o jogo consegue apresentar conteúdos e diversidade mais que suficientes para convencer uma pessoa a voltar uma e outra vez, e isso faz talvez pender a balança para o lado positivo. SSX é um jogo que teima em não nos deixar largar os comandos. É viciante, competitivo e apresenta sempre algo novo para descobrir ou novos eventos prontos a serem desbravados.
Nota Final- 8,6
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Fiquei viciado em SSX! What a Ride?!???! Tenho de admitir que fiquei mesmo bastante impressionado com o jogo. Com a adrenalina que nos incute, com a velocidade estonteante que nos transporta, com a riqueza visual de cada descida, com a sonoridade acelerada que nos empurra … enfim, SSX é um jogo para quem gosta de velocidade, emoção e neve. Apesar de alguns problemas menores na jogabilidade e de, principalmente o cartão amarelo na vertente multiplayer, recomendo SSX para todos os amantes de desportos (radicais ou não), de velocidade e de sensações fortes!
SSX é um autêntico vulcão no gelo … frio por fora, mas bem quente no seu conteúdo. Um dos melhores jogos de desportos radicais da actualidade!