Pplware

Análise Soul Sacrifice (Playstation Vita)

As consolas portáteis de mais recente geração tiveram o condão, cada vez mais importante, de trazer para o mundo dos videojogos inovação e diferenciação. Com as suas características próprias, sejam ecrãs tácteis traseiros, GPS, sensores de movimentos, acelerómetros, integração com outras plataformas, segundos ecrãs, ninguém pode negar que as potencialidades e possibilidades que trouxeram às equipas de desenvolvimento são inúmeras.

A Playstation Vita, não foge a esta realidade que acima mencionei e apresenta-se como uma pequena bomba na mão dos jogadores. É uma autêntica mini-Playstation 3, o que faz dela uma autêntica obra de arte de tecnologia.

Recentemente foi lançado para a Playstation Vita, Soul Sacrifice, uma aventura com toques de RPG que aborda uma temática já conhecida no reino dos jogos, feitiçaria, mas que é apresentado de uma forma diferente e com jogabilidades distintas.

Soul Sacrifice foi desenvolvido por Keiji Inafune, criador de Mega Man e inicialmente poderia suspeitar-se de que o jogo fosse mais cartoon e menos sério. Nada mais errado.

Em Soul Sacrifice vestimos a pele de um prisioneiro de um mago poderoso, Magusar, que se encontra prestes a ser sacrificado. O nosso destino avança lentamente na nossa direcção enquanto estamos na nossa cela, quando de repente nela encontramos um diário antigo, o Librom. Aliás, Librom é muito mais que um diário … é um autêntico portal. Em Librom, encontra-se escrita a vida de Magusar, bem como a de Avalon e  muitas outras histórias de feiticeiros que, através dos poderes mágicos do livro nos permitem viver.

Podemos assim vivenciar a história e aventuras de Magusar através do livro e conhecer todo o seu passado repleto de aventura, paixão, traições e desespero. À medida que vamos completando essas aventuras vamos também ganhando experiência e poder como feiticeiros com a finalidade derradeira de defrontar o próprio Magusar  nos libertarmos do cativeiro.

Conforme podem ver pelas palavras que escrevi, a mecânica do jogo é extremamente simples. Librom funciona como um portal de controlo da nossa aventura, onde a história se vai escrevendo à medida que completamos as quests e onde podemos parametrizar o nosso personagem, melhorar feitiços ou equipar magias.

Contudo, Librom é mais do que um mero interface de gestão. Librom é uma personagem “viva” do jogo, falando conosco, dando-nos dicas, mandando umas piadas (pena serem em inglês apenas) … Librom é uma das personagens principais do jogo, e isso só por si, é uma mais-valia para o jogo, pois torna a tradicionalmente chata gestão do nosso personagem e armamentos e magias, numa mecânica dinâmica e continua.

A mecânica do jogo é simples. Desde o inicio até ao fim vamos vendo a história aparecer diante os nossos olhos à medida que vamos concluindo as quests. As páginas, anteriormente vazias vão ganhando vida à medida que avançamos e esse facto simples transmite toda uma outra dimensão e sensação de evolução.

No entanto, é no seguimento desta interacção diferente que vem um aspecto menos bem conseguido do jogo, a repetibilidade. Mas já lá vamos.

Cada missão que encetamos gira em torno de uma história ou parte da história muito particular que é-nos transmitida antes de a iniciar. Assim sendo, e mal essa secção acaba de ser escrita nas folhas do Librom, passamos para o cenário onde a acção se desenrola.

Os cenários onde o jogo se passa, apesar de lançarem um ambiente muito cinzento, algo obscuro sobre o jogo estão bastante bons e com um detalhe bastante bom. Não sua grande maioria são grandes arenas, espaços amplos e que na maior parte dos casos são parcialmente destrutiveis pelas variadas magias que são despoletadas em combate.

Aí é que se passa a acção, onde somos confrontados com dezenas de monstros diferentes e cada um com os seus poderes e fraquezas distintos. Os monstros que defrontamos estão na sua maior parte bem desenhados e também eles cheios de detalhe e mais importante ainda, cada qual tem abordagens e tácticas diferentes o que traz diversidade aos combates.

Referi que cada um tem pontos fortes e fracos e esse ponto é extremamente importante pois, podemos levar para combate até um máximo de seis tipos diferentes de ataques/defesas/magias (divididos em 2 sets) e convém saber usá-los de acordo com os pontos fracos dos inimigos. Apesar de na maior parte dos adversários mais fáceis não se notar muito, mais para a frente é importantissimo fazer essa gestão, até porque essas magias são finitas e esgotam-se com a utilização.

É pena que apenas se conheçam quais os adversários apenas depois de entrarmos na arena, o que nos obriga a ter o nosso set de ataque bem equilibrado.

E por falar em feitiços. Soul Sacrifice é um jogo que gira em torno de Decisões. Decisões essas que são tomadas a qualquer momento. Invariavelmente vamos nos deparando recorrentemente com uma questão “Sacrifice or Save?”. Em batalha, porém, essas decisões são de outro nível  Quando eliminamos um inimigo em combate temos a hipótese de salvar a alma deste ou não. E é assim que surge a questão “Sacrifice or Save?”. Se sacrificarmos a alma do inimigo esta aumenta a nossa magia, se a salvarmos, aumenta um pouco a nossa energia.

Existem ainda outros tipos de ataque que podemos usar, os Rituais Negros. Apenas poderão ser usados quando estamos à beira da morte e são ataques que, apesar de nos permitirem derrotar os adversários e sobreviver, fazem-no à custa de grandes sacrifícios pessoais. Por exemplo, o Ritual Negro Inferno permite, a custo de ficarmos sem pele (e perder assim energia) nos transformarmos num gigante em fogo e eliminar os inimigos.

Temos ao nosso dispor uma quantidade imensa de feitiços e magias que vamos encontrando, desbloqueando ou adquirindo ao completar quests. Variam desde inúmeros feitiços de defesa, diversos ataque, regeneração de saúde, aumento de poder de gelo ou fogo, … e ainda nos é possível fundir vários feitiços. Uma vez que apenas podemos levar seis de cada vez para combate, a sua gestão tem de ser bastante cuidada.

Há feitiços para todos os gostos. Por exemplo, um torna gigantesco o nosso punho, outro possibilita-nos disparar jactos do nosso sangue, outro transforma-nos numa bola de pedra ou outro, permite-nos fazer aparecer um gigante do chão que ataca os inimigos por perto. São inúmeros e deliciosos de se experimentarem. Felizmente podemos voltar a jogar quests terminadas anteriormente o que nos possibilita melhorar records e fazer testes com as dezenas de feitiços à nossa disposição.

Por falar nos feitiços e ataques desencadeamos, geralmente os mesmos são acompanhados por efeitos sonoros à altura e creio não ser exagero afirmar que a componente sonora do jogo se encontra bastante boa, desde a banda sonora, à narrativa do Librom e passando pelos combates.

Existe ainda um outro conceito no jogo bastante peculiar, que corresponde a umas marcas tatuagens no braço direito que são o local de entrada das almas que eliminamos em combate mas que também elas podem ser melhoradas para aumentar a nossa prestação em combate.

No entanto, e tal como disse mais atrás, toda esta mecânica é extremamente repetitiva. A dinâmica é sempre a mesma: nova página, nova quest, nova arena, novos inimigos, fim de quest. Apesar de ser boa a existência de variedade de cenários, inimigos e feitiços disponíveis  o facto de este processo se repetir transmite um pouco de monotonia à dinâmica do jogo.

Tal como na vida real, em que todos os dias tomamos decisões que, apesar de no momento poderem parecer insignificantes, mais tarde veremos que têm grande influência no rumo da nossa vida, também Soul Sacrifice nos lembra disso constantemente.

 O jogo apresenta-nos também uma componente multiplayer onde, até 3 jogadores podem percorrer certos cenários em modo co-op e nos quais surge novamente a eterna questão, “Sacrifice or Save?”. A resposta a estas questões em pleno combate tem efeitos distintos que poderão representar a conclusão ou não desse cenário. A opção Save permite a um jogador ajudar o companheiro moribundo a sobreviver, transmitindo-lhe um pouco de Força/Saúde. Por outro lado o jogador pode decidir Sacrificar o companheiro e esta escolha permite ao companheiro caído fazer um derradeiro ataque brutal de proporções gigantescas.

Em Soul Sacrifice cada decisão conta…

 

Nota Final- 7,7

[0…....10]

 

Soul Sacrifice é, por tudo o que mencionei um bom jogo de aventura e acção. Apresentando uma forte componente de gestão, nomeadamente das magias (Offerings é o nome utilizado no jogo, em inglês), consegue ter no seu Librom um ponto fundamental para manter colada uma história razoável a uma jogabilidade viciante e dinâmica. De lamentar o facto de ser demasiado repetitivo. Recomendo para jogadores que gostem de aventuras do tipo de Dungeon Siege, ou Neverwinter Nights (apesar de diferentes) mas deixo um aviso … Soul Sacrifice é um jogo difícil e ainda vão levar algum tempo até o dominar minimamente.

 

Gráficos: 8,5

Apesar de não ser do melhor que já vimos na PS Vita, Soul Sacrifice consegue trazer-nos um jogo com cenários criativos mas com falta de alguma vivacidade e conteúdos, inimigos bastante bem detalhados e diversificados e uma panóplia de efeitos especiais grandiosa.

 

Som: 8,1

Pena ser totalmente em inglês. Librom tem uma voz cinemática e os efeitos especiais dos feitiços e ataques estão muito bons. A banda sonora é que poderia estar mais variada.

 

Jogabilidade: 7,5

Jogo difícil de conquistar mas que dá todo o gozo enquanto o tentamos e quando finalmente o dominamos. De lamentar o facto de ser demasiado repetitivo na mecânica de missões. Componente estratégica bastante boa na preparação das quests mas com algumas falhas ao nivel de divulgação da informação. Sacrifice or Save? – Soul Sacrifice merece decididamente ser salvo.

 

Longevidade: 8,0

Um singleplayer com muitas horas de jogo e muitas quests a completar, sem falar na vontade que deixa ao jogador em voltar a fazer determinada quest para bater record, e um multiplayer que só peca pela ausência de jogadores disponíveis.

 

Género: Aventura Plataforma Analisada:  Playstation Vita Homepage Soul Sacrifice

 

 

 

Exit mobile version