No início de Agosto foi lançado Sacred 3 representando o regresso de Ancaria ao mercado após uma mão cheia de anos de descanso.
Mantendo o código genético da série, Sacred 3 é um RPG de acção que se passa no vasto continente de Ancaria repleto de fantasia e ambientes diversos e que com várias raças jogáveis para usar numa aventura épica de acção e magia.
A Deep Silver (Saints Row IV, Metro: Last Light, Dead Island Riptide) foi a equipa de desenvolvimento por detrás de Sacred 3 e algures no processo incluiu algumas mudanças.
O Pplware já se arriscou por terras de Ancaria.
O Continente de Ancaria está de regresso em Sacred 3 e, tal como nas edições anteriores, encontra-se sob grande perigo. Lord Zane, governante Ashen, juntou uma horda de demónios e seres do Submundo e lançou um feroz ataque sobre Ancaria.
Para combater esta ameaça foi criada uma aliança de heróis, cujo principal objectivo é o de evitar que o Heart of Ancaria (artefacto mágico responsável pela força de Ancaria) caia às mãos de Zane. Estes heróis, convocados de toda a parte de Ancaria correspondem também às classes jogáveis do jogo.
Temos os Paladinos Seraphin (Claire), que sempre funcionaram como anjos protectores de Ancaria e que apresentam como principais forças, o uso de espadas mágicas e poderes divinos. Os Guerreiros Safiri (Marak), habitantes das ilhas do Sul de Ancaria, privilegiam o combate corpo-a-corpo. Ancarian (Alithea) são a raça principal de Ancária e são os principais visados do ataque de Lord Zane e utilizam os seus dotes como lanceiros contra o invasor. Os Arqueiros Khukuri (Vajra), vindos das montanhas geladas do Norte têm como principal força a sua mestria no uso do arco e flecha e domínio do gelo. Malakhim (Kython) são mercenários especializados no uso de armas duplas e no combate mais de proximidade.
Infelizmente, essas classes jogáveis não são completamente customizáveis como costuma acontecer com os ademais RPGs.
Cabe ao jogador escolher a sua classe preferida e partir para a Aventura… a solo … ou acompanhado com até mais 3 companheiros. Mas já lá vamos.
Sacred 3 aposta numa mecânica de missões que se interligam de forma a compor temporalmente os eventos do jogo. Temos um mapa onde as localizações das variadas missões são apresentada e que vamos escolhendo. Após, completarmos uma missão, passamos para a próxima e assim por diante, podendo sempre voltar a fazer uma missão já concluía no passado. Existe uma sequência que o jogo insiste em manter e que faz sentido para manter a história coerente e coesa.
A forma como evoluímos em cada missão é simples e linear. Aliás, demasiado linear. Infelizmente a Deep Silver não permitiu aos jogadores grande liberdade de movimentos, havendo um único caminho a ser percorrido.
A curva de aprendizagem de Sacred 3 não é demasiado exigente acima de tudo pois a equipa da Deep Silver criou um sistema de apoio para que nas primeiras missões o jogador sinta algum apoio na forma de ultrapassar os diferentes obstáculos que se vão deparando.
De uma forma simplista, pode-se dizer que a mecânica das missões consiste em avançar no único caminho disponível, enfrentar os inimigos que surjam à frente, interagir o com alguns elementos do cenário e enfrentar o boss da missão. Parece simplista e na realidade, é. Aliás, torna-se limitativo e repetitivo.
No entanto, seria injusto afirmar que que o jogo perde grande interesse e emoção por isso, pois há muitos mais motivos de interesse.
Por exemplo, a diversidade de inimigos que vamos encontrando vai aumentando de acordo com os níveis que vamos passando, indo dos simples grimmocs, passando por aranhas gigantes ou monstros/ogres fortemente couraçados. Aliás, gostaria de fazer um aparte para mencionar a qualidade gráfica dos cenários por onde passamos com um trabalho de design simplesmente fabuloso e os efeitos assombrosos, como por exemplo o fogo. É pena que por vezes se pague isso com algumas perdas de framerates (por exemplo em cenários onde há fogo)
Tirando os combates com os bosses, que são bastante exigentes, a maior parte dos confrontos é demasiado repetitiva, ficando-se na prática no uso de um par de tácticas distintas. Por exemplo, usando Vajra, o arqueiro Khukuri, a minha principal estratégia era a de, pressionando o quadrado durante um par de segundos, lançar uma onda de gelo de encontro aos inimigos atordoando e desarmando-os temporariamente para depois lhes cravar os corpos com uma saraivada de setas.
Há alguns bugs (chamemos-lhes assim) típicos de RPGs que Sacred 3 mantém e um dos mais visíveis é, por exemplo, quando entrarmos numa sala repleta de inimigos e disparamos uma saraivada de setas, voltando de imediato para a entrada. Os inimigos aparentemente esquecem-se da nossa presença e assim podemos voltar para uma nova vaga idêntica.
Contudo os bosses exigem bem mais que isso e os encontros com estas bestas são bastante exigentes e empolgantes. Cada qual tem os seus poderes e os seus ataques e usam as próprias arenas em que se encontram, a seu favor, obrigando o jogador a ter de o estudar bem antes de o conseguir derrotar. No entanto esse estudo é feito com base na tentativa-erro e com base em muitos reloads do último checkpoint.
Conforme referi acima, uma das mais-valias de Sacred 3 é a possibilidade de se avançar na aventura em modo cooperativo com até mais 3 companheiros de armas.
O jogo tem uma mecânica bastante bem pensada e colocada na prática de transformar (mediante a nossa vontade) os nossos jogos singleplayer em potenciais jogos cooperativos. Quando avançamos para uma arena (missão) temos a opção de tornar essa sessão Privada (por defeito encontra-se Pública) o que significa que a qualquer momento podemos receber, no decorrer da aventura, apoio de algum jogador que se junte à nossa sessão. Esse processo funciona bastante bem, apenas tendo encontrado alguns problemas de lag nos momentos em que os novos jogadores se juntam.
Para todos os que pensam que com mais alguns companheiros de armas o jogo se tornaria demasiado fácil, a Deep Silver pensou na solução e implementou um sistema que com base no número (e nível) dos jogadores que entraram, aumenta a dificuldade do jogo. É justo e funciona bem.
Quando os jogadores se esforçam a sério e tomam uma postura ponderada, acaba por funcionar bastante bem e torna-se no método mais fácil e rápido de evolução da nossa personagem.
Se de uma coisa podemos ter a certeza quando jogamos um RPG, é que poderão haver inúmeras opções de evolução das nossas personagens e dos seus itens e equipamentos. Sacred 3 não foge à regra e disponibiliza aos jogadores essas mesmas possibilidades apesar do sistema de upgrades não ser tão profundo como em alguns outros jogos do género.
Outro aspecto que caracteriza os RPGs são as famosas Loots. Qualquer jogador mais experimentado quer sentir aquele bichinho de ansiedade quando mata um inimigo mais forte na expectativa de descobrir que arma, poção ou item ele vai deixar em terra. Pois … em Sacred 3 não existe essa pica … o loot de cada inimigo derrotado limita-se apenas a dinheiro, Orbs amarelas (para ataques especiais) ou Orbs verdes (recuperar health points). Apenas determinados inimigos (em secções scriptadas do jogo) nos deixam armas novas… e são poucas essas ocasiões.
Com o dinheiro adquirido podemos então adquirir melhorias para o nosso armamento, armas, ataques … Os ataques especiais dos nossos personagens podem também receber upgrades. Quando em combate, estes ataques especiais consomem recursos (orbs amarelas) pelo que o seu uso tem de ser feito de forma ponderada e com equilíbrio.
Existem ainda os Weapon Spirits que atribuem aos jogadores e seus ataques um poder extra quando despoletados. Existem vários a serem desbloqueados e cada qual traz a sua mais-valia bem como desvantagem. Por exemplo, o Dark Elf aumenta o poder do ataque mas consome mais energia no ataque.
Gostei particularmente do capítulo sonoro do jogo. A banda sonora foi composta de forma a dar um tom épico ao jogo, muito ao estilo de Lord of the Rings e os actores que emprestaram as suas vozes fizeram um trabalho bastante aceitável.
Por fim, uma outra coisa que senti a falta no decorrer da aventura foi da tradicional interacção com NPCs e consequentes missões paralelas.
Nota Final- 7,0
[0……....……10]
Sacred 3 tem tudo para ser um dos melhores RPGs do ano mas, acaba por ficar com um sabor a limitado (algo inacabado) em muitos aspectos importantes do jogo. No entanto, e justiça seja feita, o que faz, faz bem. Apesar de demasiadamente straight-forwarded, acaba por se tornar numa aventura que a momentos consegue agarrar o jogador com alguns momentos empolgantes, nomeadamente nas lutas contra os bosses. É no multiplayer que Sacred 3 tem o seu grande trunfo conseguindo brilhar bem alto neste aspecto. O multiplayer (com até 3 companheiros de armas) assemelha-se a fazer parte de uma Selecção do Figo & Friends. É empolgante, divertido e puxa pelo espirito de equipa de cada um de nós.
Gráficos: 8,5
Apesar de se sentir o preço a pagar (quedas abruptas de framerates), o jogo apresenta alguns cenários do mais exuberante que se tem visto em RPGs. Os Bosses estão brutais mas os restantes inimigos são algo repetitivos. Confusão visual em alguns ecrãs.
Som: 8,0
Composição musical muito bem escolhida. Vozes decentes.
Jogabilidade: 6,5
Jogabilidade simples e acompanhada por ajudas nos primeiros niveis. Demasiada linearidade. Ausência de liberdade de exploração. Dificuldade recorrente em apontar devidamente.
Longevidade: 7,0
Singleplayer para mais de 10 horas mas o Multiplayer Drop-In é que é o Rei da Festa.