Por João Ferreira – LusoGamer – para o Pplware Finalmente chegou! Ao fim de muitos anos de vida da consola da Microsoft, podemos dizer que finalmente chegou um verdadeiro simulador de corridas. Muitos dos nossos leitores só conhecem a XBOX360, mas quem andar uns bons anos atrás, lembrar-se-á que nos anos de vida da velhinha XBOX, só apareceu um simulador – Richard Burns Rally – e que durante o tempo de vida da XBOX360, só o SBK08 conseguiu esse título. Muitos dizem que Forza é um simulador, pois estão enganados!
A SimBin propôs-se fazer algo que a maioria dos críticos dizia ser impensável – um simulador à boa maneira dos PC´s para o mercado das consolas. A ideia que as consolas são para os mais novos e que os simuladores não têm mercado é completamente ridícula, é certo que aqueles que pensam que é chegar, ver e vencer, irão abandonar o jogo com o rabinho entre as pernas, mas é essa mesmo a ideia dos simuladores – representar o mais detalhadamente possível a realidade.
RacePro é um jogo fantástico, muitos dirão que Forza é mais bonito, tem melhores gráficos, melhor som, etc … e é verdade. Mas a classificação de um jogo tem que ser feita de um modo frio e analítico, como tal, RacePro não tem notas muito altas. O seu grafismo é mediano, não choca nem espanta. A nível sonoro RacePro deveria estar uns furos acima quando comparado com outros títulos presentes no mercado. Mas quando analisamos o jogo pelo seu todo, RacePro é genial.
Uma boa simulação, mede-se principalmente, pela física empregue nos veículos e pelo seu comportamento em estrada quando levado aos limites, sofrendo a fadiga de todos os componentes que constituem uma máquina de corrida no decorrer de uma prova. RacePro fá-lo irrepreensivelmente.
O conjunto de veículos (48 no total) comportam-se distintamente em pista, cada um tem seu peso distribuído de forma distinta, a sua aceleração é completamente diferenciada, os seus centros de massa tornam-nos completamente distintos implicando diferentes modos de condução.
Cada carro é um carro, e a aprendizagem é individual. Também as 13 pistas foram modeladas com uma atenção estonteante, cada pormenor que as torna únicas está lá. As lombas, as depressões, as curvas com camber positivo e negativo, obrigam-nos a mudar constantemente a linha ideal. O comportamento orgânico do carro e o desgaste natural que sofre após algumas voltas, faz com que mudemos constantemente a negociação de cada curva. RacePro é um jogo dinâmico, cada volta é uma volta – não há lugar para pilotos automáticos ou setups infalíveis – os níveis de concentração têm de estar sempre lá em cima se não queremos ser surpreendidos.
A curva de aprendizagem em RacePro é suave. Com isto não queremos dizer que é fácil, mas sim que permite ajustarmos o nível de dificuldade consoante vamos ganhando experiência e confiança. O modo profissional, como o nome indica, deixa todas as ajudas de lado, ABS, TCS, linha ideal, etc… e é relativamente fácil habituarmo-nos a jogar nesse modo, o problema é sermos rápidos com esses parâmetros. RacePro requer muitas horas de prática, requer a nossa atenção ao pormenor, requer um carinho especial pelo mundo louco das corridas profissionais.
Quem espera grande espectáculo gráfico em torno de RacePro bateu na porta errada. Esqueçam os menus bonitos ou as animações de encher o olho, este é um título que assenta a sua base de sucesso noutras premissas – realismo.
O modo single-player é baseado na Carreira, no Time-attack, Campeonato ou Corrida Simples. O modo Carreira, uma vez mais, é muito simples em termos de apresentação. Sem animações ou grafismos bonitos, somos presentes a 8 categorias diferentes (de A a H), cada uma com os seus carros e pistas particulares.
Vamos avançando na carreira e no nível de dificuldade até chegarmos ao fim – é relativamente curto e simples, mas no fim de contas, RacePro é um jogo direccionado para o XboxLive, é jogo para a comunidade. Muitos jogadores nem sequer se vão dar ao trabalho de terminar a Carreira, irão passar de imediato para o online e melhorar décima atrás de décima em cada pista e com cada carro.
Na nossa opinião, ainda mais emocionante que o modo carreira, é o Campeonato. Aqui escolhemos uma categoria, por exemplo WTCC (carros de turismo) e iniciamos um longo Campeonato composto pelas 13 provas, onde temos a hipótese de escolher o número de voltas real, o tempo, e fazemos ainda as três sessões que compõem um fim-de-semana de corridas (treinos livres, qualificação e corrida).
O modo online de RacePro é bastante sólido. A SimBin optou por baixar os frames-por-segundo (de 60 fps no single-player para 30 fps no multiplayer), e fê-lo com sucesso, pois conseguimos ter 12 carros em pista sem lag, e sem as aberrações que inundam os outros jogos online.
As opções para quem cria um jogo (host) são fantásticas, assim sendo, podemos escolher até 75 voltas, escolher o tempo (sol ou chuva), activar a opção de desgaste de combustível e pneus, danos realistas, sessões de treino livre, qualificação e corrida. Por incrível que pareça, são estes pontos tão simples que até agora nenhum jogo conseguiu apresentar na XBOX360.
Em termos de afinações dos bólides, temos muitas parecenças com o que foi feito até à data com Forza e outros semelhantes. Não há nada mais excitante do que irmos à box fazer pequenas alterações e irmos para pista testar até à exaustão para conseguirmos rapar mais umas décimas ao nosso melhor tempo.
Mas como nem tudo o que luz é ouro, RacePro também tem as suas falhas, e o maior ênfase é dado sem dúvida ao departamento gráfico. É um jogo que não deve muito à beleza, algumas texturas são pobres e pouco detalhadas,. Outro dos problemas que devemos apontar é a sincronização horizontal, que em inglês se denomina de Screen Tearing, facilmente detectável quando mudamos bruscamente de direcção e vemos as linhas a ser desenhadas no ecrã.
Nada disto tem qualquer impacto na jogabilidade, quem joga RacePro nem sequer tem tempo para se preocupar com pormenores tão supérfluos como estes. Os nossos sentidos estão completamente focados no som do carro, no som dos pneus, nas ondulações da pista, são tantos os factores que nos prendem a atenção que nada mais interessa.