Creio que já afirmei noutras ocasiões, e que a maioria de vós concordará certamente, que o comando Playstation Move veio de certa forma, dar um impulso adicional à jogabilidade e sua diversidade na consola da Sony.
Não sendo um conceito inteiramente original, não nos podemos esquecer que veio efetivamente enriquecer a, já grande diversidade de oferta da Playstation 3, quer ao nível de novos mecanismos de interação com o jogador, quer em termos de possibilidades de jogos mais inovadores e imaginativos.
Apresentamos hoje a análise a um desses jogos, um dos primeiros a sair para a consola da Sony, Medieval Moves.
Trata-se dum jogo que assenta numa mecânica simples de ação na terceira pessoa, em que munidos de espada e escudo, arcos e flechas, e outros acessórios, vamos desbravando caminho por hordas e mais hordas de inimigos com o Move em punho.
A história de Medieval Moves é engraçada e digna dum conto infantil. O Reino do Príncipe Edmund foi atacado por um malvado mago, Morgrimm que transforma todos os habitantes em esqueletos. Entretanto, também transformado em esqueleto, Edmund torna-se assim em Deadmund e assim começa a nossa aventura onde teremos de libertar o reino do malévolo Morgrimm.
Gráficos: 7,7
Medieval Moves apresenta uma história que à primeira vista se pode considerar, algo obscura e que poderia ser, de certa forma interpretada como assustadora, mas o grafismo cartoonesco que apresenta, cedo afirma o contrário. Criando cenários descontraídos, coloridos e com bastantes pormenores Medieval Moves apresenta-se assim, bastante aceitável ao olho. Desde a vila, às vinhas, ao castelo, às masmorras por onde vamos passando está tudo bastante aceitável, numa forma algo juvenil.
Os esqueletos que temos de despachar apresentam pouca variedade, sendo muito repetitivos. De qualquer forma, um esqueleto é um esqueleto e vice-versa, certo?
O nosso personagem, que aparece na maior parte do tempo de forma transparente, pois temos a câmara numa perspetiva de 3ªpessoa, sendo ele também um esqueleto, acaba por ser um esqueleto simpático e do qual é fácil gostar e sentir uma certa simpatia.
Som: 7,7
Não sendo um jogo que dependa muito dos efeitos sonoros e sons, acaba por ter neles uma mais-valia. As vozes dos atores estão bastante bem conseguidas transmitindo a ideia de que não se limitaram a ler um guião e que se esforçaram por efetivamente, contar uma história. Isso é importante e ajuda a criar o ambienta para a aventura, especialmente nas sequências animadas entre os diferentes níveis do jogo.
No resto da aventura, a grande maioria dos efeitos sonoros está também bastante aceitável, embora aqui ou acolá se possa notar em alguma repetitividade nos sons. Por exemplo, uma seta a bater numa parede poderia ter um som diferente do da seta a acertar num caixote.
Jogabilidade: 7,2
Embora Medieval Moves seja um jogo simples, por vezes em demasia, tem algumas coisas que convêm ser explicadas e por isso é que, antes de embarcarmos na aventura passamos por um tutorial onde nos são explicados os conceitos e movimentos básicos de Medieval Moves de forma a explicar como se usa cada arma, como nos defendemos e por aí afora …
Existem praticamente cinco interfaces principais a aprender. Ataque com espada, ataque com arco e flecha, ataque com Shurikens, defesa com escudo ou uso da fateixa. O uso do Playstation Move apresenta-se duma forma simples e prática no uso de todos estes tipos de armas e funciona bem.
O uso da espada é, como os leitores podem já estar a visualizar, um conjunto de movimentos com o braço que tem o Move como se ele fosse uma espada. Convém ter a certeza de que o Move está bem preso ao pulso com a correia, pois há certos movimentos que têm de ser mais violentos, para causar mais danos, e se estiver solto pode causar distúrbios também na sala de estar.
O uso do arco e flecha está muito bem conseguido e gostei particularmente desta arma. Praticamente temos de levar o Move atrás no nosso ombro direito num movimento semelhante ao de tirar a seta da aldabra e depois, pressionando o botão do Move, apontar para o alvo, libertando depois o botão para lançar a seta. Simples, prático e intuitivo.
Uma particularidade menos boa prende-se com o zoom que é possível fazer quando usamos o arco e flecha. Torna-se algo complicado fazer zoom sobre o alvo, obrigando o jogador a fazer acertos de direção, mas o principal problema relaciona-se com o facto de enquanto estarmos em modo zoom perdermos a noção da localização de inimigos e de podermos ser atacados sem sabermos de onde.
Já o uso do escudo, que também é simples de usar acaba por levantar um outro tipo de problemas. Para usar o escudo teremos de pressionar o botão do Move enquanto o apontamos para o local onde vamos ser atingidos. Até aqui tudo bem, mas penso que o jogo ganharia muito se desse apenas para nos desviarmos do ataque, pois quando usamos o escudo não conseguimos contra-atacar de imediato (isto usando apenas um único controlador Move).
Os Shurikens, que aparecem neste contexto de forma algo estranha são também eles simples de usar, bastando para tal rodar o pulso tal como seria na realidade o lançamento duma dessas estrelas de ataque. O problema dos Shurikens é precisamente a pontaria, pois embora tenham a vantagem de ser usados mais rapidamente que o arco e flechas, acaba por ser muito difícil acertar ao longe nos inimigos.
O número de setas e shurikens à nossa disposição na aventura é ilimitado, facto esse poderia ter sido pensado de outra forma para trazer uma maior componente de tática e estratégia.
Uma das armas que temos à nossa disposição é uma barra de dinamite que apresenta um mecanismo de utilização muito divertido e imaginativo. A forma como a acendemos, tapando a lâmpada do controlador de forma a simular que estamos a proteger o isqueiro do vento enquanto acendemos o rastilho, está espetacular.
Durante um combate, especialmente contra os bosses, é normal perdermos energia … que temos de repor de alguma forma. Neste capitulo aparece um conceito bastante interessante e, de alguma forma com um caracter didático, que é o facto de ocasionalmente irmos apanhando garrafas de leite e de recuperarmos alguma forma pelo simples de as beber. O movimento para as beber é semelhante ao de bebermos uma garrafa ou iogurte e está engraçado o seu uso.
É importante estarmos sempre atentos aos ataques dos inimigos, de forma a os poder bloquear com o escudo e após isso, contra-atacar com sucesso. De vez em quando é-nos pedido que defrontemos um Capitão dos esqueletos ou outro boss, que quando caídos em combate podem largar a sua arma. Supostamente será uma arma melhor que a nossa, mas não nos é dada informação sobre isso.
Adicionalmente, durante a aventura vamos encontrando outros amuletos e itens que nos podem ajudar na aventura, como por exemplo atribuir-nos mais força ou poder de ataque. Existem, aliás muitos itens escondidos pelos vários cenários e encontra-los a todos abrem bastante a longevidade do jogo.
Um aspeto negativo do jogo prende-se com a câmara. O facto de não termos qualquer tipo de controlo sobre ela coloca-nos limitados à visão que o jogo nos impõe e limita-nos a ação. Aliás, quanto à ação propriamente dita o jogo apresenta-nos uma liberdade quase inexistente de movimentos. Nós não controlamos o Deadmond. A aventura avança com ele pelo caminho pré-definido e nós só voltamos a ter controlo sobre o personagem quando nos deparamos com inimigos. Compreende-se em parte esta indisponibilidade de controlo do movimento do nosso personagem pelo recurso ao Move, mas acaba por ser bastante castradora de liberdade.
A aventura de Medieval Moves é divertida e nas primeiras horas consegue captar a atenção duma forma bastante entusiasmante, mas com o passar do tempo acaba por se revelar um pouco repetitiva. No entanto, existem alguns minijogos espalhados pelos cenários que aumentam um pouco a diversidade e conseguem de certa forma apresentar uma lufada de ar puro ao jogo. Esses minijogos correspondem muitas vezes a conseguir destruir num curto espaço de tempo barris, ou candelabros e dão-nos pontos extra.
Longevidade: 7,2
Apresentando um modo História divertido quanto baste, Medieval Moves consegue captar a atenção do jogador por mais duma mão cheia de horas. No entanto, e não esquecendo que poderá agradar mais a miúdos que a graúdos, a sua longevidade aumentará certamente e aumentará a probabilidade de ser jogado e rejogado.
Com modos cooperativos e competitivos, quer em ecrã dividido ou online o jogo apresenta condimentos mais que suficientes para agarrar o jogador por mais algumas vezes ao Move.
Nota Final- 7,5
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Gostei de Medieval Moves. Não gostei mais, porque provavelmente sou um pouco exigente em demasia face a certos aspetos do jogo que acho importantes. O que é certo é que Medieval Moves diverte bastante e o Playstation Move para tal ajuda bastante. Imaginativo e criativo o jogo apresenta o Move como principal arma de ataque e só é minado por se demasiado limitado no que toca à liberdade de ação do jogador. Medieval Moves é um jogo bom, poderia ser melhor, mas mesmo assim bastante bom.