Os mais novos talvez não os conheçam ou não os tenham nos seus top-10 de bonecos mais apreciados, mas os Marretas são uns simpáticos bonecos com um vasto historial e que muitos dos mais graúdos que lêem estas linhas se lembrarão.
Nos últimos tempos tem-se vindo a assistir a uma espécie de renascimento dos Marretas. Aos poucos e poucos, os Marretas estão a sair do esquecimento onde caíram e filmes e videojogos são prova disso.
Estranhamente seria de esperar que, por esta altura, estes bonecos estivessem já mais implementados no Mundo dos Videojogos mas a realidade é que, efectivamente, ainda não conseguiam singrar neste Universo tão rico e exigente.
Recentemente foi lançado Marretas: Aventura no Cinema para a Playstation Vita e o Pplware já teve ocasião de reviver um pouco o passado com Cocas, Miss Piggy, Animal e amigos …
Foi então embebido de sentimento nostálgico que comecei a jogar Marretas: Aventura no Cinema e a primeira surpresa foi deveras positiva: tem a localização para português.
Sim, dado o público-alvo para o qual o jogo se destine, esse é um ponto-chave e foi com extremo prazer e satisfação que constatei que a nossa língua não foi descurada.
Aliás, os actores que deram voz ao jogo (aos interlúdios) deram muito mais que o vocabulário português, deram alma.
Quer isto dizer que os comentários que antecedem a acção, ou nos ecrãs de Game Over (quando perdemos) são interpretados de uma forma perfeita, não só ao nível de profissionalismo como no modo como entoaram as diversas piadas do texto.
Este aspecto positivo leva-nos, infelizmente a outro bem menos positivo … a ausência das vozes oficiais dos Marretas. Sim, é pena que durante o jogo os Marretas não tenham a sua voz oficial parecendo assim, um jogo despegado, uma vez que a voz destes amigos de longa data é algo que lhes é intrínseco e inseparável.
Mas avançando para o jogo.
Marretas: Uma Aventura no Cinema é um jogo de plataformas tradicional no qual o jogador tem uma perspectiva de lado, face ao que acontece no ecrã.
A temática do jogo é simples e que encaixa bem no espirito Marreta. O jogo centra a sua história em redor de 5 hipotéticos filmes nos quais alguns Marretas são os heróis principais e as missões são como se fossem as rodagens dos filmes.
Por exemplo, o primeiro filme somos o Pirata Pernas Verdes (Cocas) que tem de se salvar da guilhotina e derrotar o chefe dos guardas para ser livre. O Cocas é o actor principal, e nós encarnamos o Cocas na história.
Esta mecânica está simples e engraçada, proporcionando alguns bons momentos de gargalhada, especialmente quando perdemos e surgem os comentadores com as suas tiradas cómicas, que uma criança de 5 anos consegue perceber, felizmente. (por exemplo, quando perdemos muitas vezes ouvimos algo do género “ok essa é uma cena que pode ficar bem no making off, mas não no filme. Vamos repetir”).
Assim sendo, vamos evoluindo, missão a missão como actores principais e jogando com o Cocas, Miss Piggy, Gonzo e Animal nesses 5 filmes.
A jogabilidade é extremamente simples e, na prática, além dos ecrãs touch (dianteiros e traseiros) apenas utilizamos os analógicos e os 4 botões, mas sem combos ou nada que se assemelhe a demasiado complexo. Como disse, evoluímos nas missões numa perspectiva lateral e vamos avançando assim, ultrapassando barreiras, derrotando Marretas maus e resolvendo puzzles.
Tudo isto numa mecânica simples … aliás, demasiado simples e repetitiva. Se por um lado concordo com a simplicidade, dado que o jogo é orientado a um público mais jovem, por outro lado a repetição das mesmas mecânicas torna-se chato.
Aliás, vai mais além … por vezes temos de repetir durante a mesma missão, várias vezes o mesmo percurso. Seja para apanharmos objctos que ficaram para trás, seja pela forma como o mapa está criado. Por exemplo, a missão da Miss Piggy, consiste em subir a torre do seu castelo até ao cimo (sempre numa perspectiva em espiral) e lutar com o Feiticeiro Mau no topo. Pelo caminho há alçapões/plataformas que se abrem e fecham, paredes que se movem ou portas que podemos entrar e o problema está quando, por exemplo falhamos um salto de uma plataforma para outra e caímos vários andares, tendo de os repetir.
No entanto, há algumas introduções interessantes como alguns puzzles inteligentemente criados de forma a serem acessíveis qb aos jogadores mais novos. Por exemplo, para abrir certas portas temos de, num quadrado com vários pares de objectos de cor, traçar com os dedos ligações entre os objectos da mesma cor, mas para que nenhum traço cruze com os das outras cores.
Mas voltando à jogabilidade, o poder de fogo dos marretas é extremamente limitado (simplicidade como referi acima) assentando em ataques à distância (atirar maçãs com a Miss Piggy, por exemplo) a ataques de proximidade (bater com chapéu-de-chuva com o Cocas) e pouco mais.
Pelo jogo, existem variados coleccionáveis que vamos apanhando e a equipa de desenvolvimento lançou dessa forma um isco aos jogadores para repetirem os níveis que entretanto terminaram, aumentando assim a longevidade do jogo. A ideia é de que, ao se passar pelos níveis, existirem estrelas (coleccionáveis) aos quais não conseguimos chegar na primeira passagem. Contudo ao avançar na história vamos desbloqueando novas habilidades (como o duplo salto) e itens que nos permitem lá chegar e assim, o jogo sugere-nos constantemente repetir os níveis para fazer o pleno.
Pelos diversos cenários existem diversos elementos com os quais temos de interagir de forma a activar ou potenciar algo. Por exemplo, girar os dedos no sentido dos ponteiros do relógio para rodar uma roldana, deslizar o dedo de cima para baixo para activar uma alavanca …
No entanto, geralmente esse acto abre uma janela onde vemos o obstáculo a ser removido mas, infelizmente não nos dá a mínima orientação, acabando por muitas vezes ter de repetir o processo. Por exemplo, no castelo da Piggy. Existem triggers que pisamos para abrir portões que se encontram pelo caminho, mas nesse flash que nos é mostrado, nada nos indica se esse portão é para cima ou para baixo e portanto se for para cima e nós nos deslocarmos para baixo, o portão fecha-se e temos de voltar ao trigger.
Ultrapassados os obstáculos de cada filme, chega a altura mais apetecida, o Combate com os Bosses. Esses combates são bem mais exigentes que os restantes, obrigando a várias tentativas-erros na determinação da melhor forma de os vencer. São um dos momentos altos do jogo, sem dúvida.
Nota Final- 6,8
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Marretas: Uma Aventura nos Filmes é um jogo de plataformas simples e descontraído que permite aos jogadores encarnar alguns dos principais heróis da série. É um jogo divertido qb mas, talvez por ser orientado para um público-alvo mais jovem,apresenta na sua simplicidade de processos e repetibilidade os seus principais pecados. Havia todo um Universo para explorar que foi descurado, infelizmente. Mesmo assim Marretas: Uma Aventura nos Cinemas consegue ainda criar bons momentos de divertimento e nostalgia.