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Análise Lemmings Touch (Playstation Vita)

As décadas de 80 e 90 do século passado foram o grande berço da maior parte dos videojogos, tal como os conhecemos hoje. Estamos a falar de uma altura onde reinavam os Spectruns 48K, os 128K, os Amigas, os primeiros PCs, … !

Nesta época rica foram lançados alguns dos mais carismáticos e memoráveis jogos de sempre que, nos últimos tempos têm recebido remakes, actualizações ou simplesmente continuam a existir através dos anos.

Um dos jogos mais emblemáticos desta altura foi sem dúvida, Lemmings, um jogo que desde logo se destacou, não só pela história diferente que envolvia salvar pequenos roedores de uma morte certa, mas acima de tudo pelas suas mecânicas de jogo que apelavam à destreza física e mental dos jogadores para os salvar.

Este ano, foi lançado Lemmings Touch o que representa o ingresso destes maravilhosos personagens na Playstation Vita.

 

Mais de 20 anos depois, estes seres da Tundra voltam ao nosso convívio (desta feita na Playstation Vita) e aproveitando as potencialidades da consola, pode-se bem dizer que se trata de um regresso bastante bem vindo.

A história mantém-se inalterada. Para quem desconhece, os lemingues são, na vida real, uma espécie de roedor que habitam as zonas da tundra e florestas de coníferas que, quando a sua população cresce de forma exagerada se vêm obrigados a procurar novos territórios. Isto leva a que, ocasionalmente, se vejam episódios de suicídio nos quais estes seres se lançam desesperadamente de altas escarpas marinhas.

E é neste ponto que o jogo pega e lança ao jogador a responsabilidade de evitar que os pobres roedores morram.

As mecânicas em Lemmings Touch mantém-se inalteradas o que tanto tem de bom como de mau. Se por um lado é positivo para os jogadores experientes que facilmente readquirem o ritmo, por outro lado é menos bom pois demonstra uma certa falta de inovação.

No entanto, há algumas novidades e que, como veremos mais adiante acabam por trazer um pouco de desafio extra a um jogo que já por si só, é desafiante.

 

Conforme referi, a mecânica central do jogo mantém-se inalterada. Em cada nível, temos de salvar um determinado número de lemingues e para tal temos de os ajudar a encontrar o caminho até à saída do nível.

A nossa ajuda é prestada de duas formas distintas.

Por um lado, e tal como é habitual na série, temos a opção de atribuir habilidades a certos lemingues que lhes permitem abrir caminho pelos variados obstáculos que se nos deparam.

Essas habilidades que infelizmente não receberam novidades continuam as mesmas de sempre e, entre outras, incluem trepar paredes, escavar túneis, planar com uso de chapéus-de-chuva, explodir …

Uma das inovações desta versão da Playstation Vita corresponde à inclusão de determinados objectos do cenário com os quais precisamos de interagir de forma a conseguir salvar os desgraçados dos ratos, como por exemplo pontes ou plataformas móveis para transpor precipícios. Basicamente são plataformas que podemos arrastar com os dedos para os lados e transportar assim os lemingues de um lado para o outro.

Esta novidade traz um maior desafio aos jogadores pois agora passam a ter de pensar as suas estratégias tendo em conta também com os próprios objectos dos cenários.

 

Como é óbvio, a chegada de Lemmings à Vita traz consigo adaptações de forma a sustentar todo o conceito diferenciado que uma consola portátil tem do PC e, tal como o nome indica (Touch significa Toque), Lemmings Touch recorre ao controlo por toque que a Vita possibilita.

Esta migração de interface foi relativamente bem-feita mas há algumas arestas que poderiam ter sido melhor limadas. Por exemplo, quando há muitos lemingues em simultâneo, torna-se complicado seleccionar um especifico sem ter de recorrer ao Zoom e talvez ao Pause em simultâneo.

Seja como for, esta combinação vai ser a vossa melhor amiga ao longo do jogo, especialmente nos níveis mais avançados que se tornam bastante exigentes e podem causar graves problemas ao nosso sistema nervoso.

A escolha das habilidades a atribuir aos nossos lemingues é feita de uma forma simples e eficaz. Basicamente, ao seleccionarmos um lemingue surge uma roda dentada, com as várias habilidades disponíveis. Basta pressionar a habilidade pretendida e o nosso lemingue adquire essa habilidade.

Simples e eficaz e ainda mais eficaz se torna pois podemos arrastar essa roda dentada no ecrã, pois por vezes coloca-se em frente da acção.

Apesar dos níveis fáceis serem realmente fáceis os mais complicados tornam-se ainda mais difíceis porque a equipa da D3T esqueceu-se de aprofundar um pouco mais o tutorial que acompanha o jogo.

O tutorial existente é básico e ajuda o jogador nas mecânicas mais básicas mas não o prepara de forma alguma para alguns dos desafios mais complexos que os níveis avançados apresentam. É pena pois leva a que o jogador recorra sistematicamente à velhinha estratégia do “tentativa e erro”.

Uma outra novidade em Lemmings Touch é a inclusão de uma nova espécie de lemingues, uns lemingues negros. Basicamente estes lemingues não são para salvar e aparecem no meio dos restantes. Dito isto é fácil perceber o que temos de fazer. Temos de salvar os lemingues inocentes e arranjar forma de nos vermos livres destas ratazanas.

É uma boa nova ao jogo pois, novamente, obriga o jogador a delinear estratégias mais arrojadas na forma de atingir os seus objetivos. Imaginem estarem a um passo de salvar 20 lemingues e de repente aparecerem 5 destes outros roedores.

 

O jogo apresenta um sistema de pontuação baseado na atribuição de 3 estrelas por nível completo e, quanto mais rápido o jogador conseguir concluir o nível ou quanto mais lemingues conseguir salvar, mais estrelas receberá.

É pena que não tenha sido implementado nenhum esquema de Leaderboards ou tabelas online onde possamos comparar os nossos resultados com outros jogadores, pois o carácter do jogo a isso exigia. Seria também interessante se conseguissem criar um sistema multiplayer para Lemmings, onde por exemplo, dois jogadores pudessem jogar em simultâneo com os mesmos roedores a ver quem salvasse mais. (fica a ideia).

À medida que vamos passando os níveis e atingindo os seus objectivos específicos, vamos recebendo moedas que poderemos utilizar em autênticas operações estéticas aos nossos lemingues, como por exemplo, alterar a cor do seu cabelo, as suas patas, picaretas,…

Contudo, tratam-se meras operações de charme pois não trazem mais-valias efectivas à jogabilidade.

Á medida que o tempo escasseia e que os lemingues se vão lançando no ecrã é extremamente gratificante conseguir atingir os objetivos do cenário mas para chegar até lá, é preciso saber controlar os nervos.

Uma das coisas que gostei foi o design dos níveis, que foram pensados de forma a dificultar gradualmente a vida dos jogadores e são claras homenagens aos níveis do jogo original.

 

Jogo original que, graficamente, não tem nada a ver com este Lemmings Touch. É claro que estamos a falar de tempos diferentes e de capacidades tecnológicas distintas mas não posso deixar de referir que o jogo se apresenta visualmente apelativo onde os diferentes cenários utilizam diferentes paletes de cor de acordo com o tema. O uso de cores vivas e aguerridas em alguns cenários, contrastando com cores mais escuras e pesadas noutros trazem uma diversidade visual que encaixa bem, conseguindo criar o ambiente descontraído que o jogo apresenta.

Algo que desgostei mas porque nada foi feito para trazer mais-valias ou inovações foi no capítulo sonoro. Os efeitos de som que acompanham o jogo permitem criar um ambiente descontraído e divertido em redor dos lemingues mas os seus lamentos repetidos dezenas de vezes, além de sadicamente engraçado tornam-se demasiado repetitivos.

 

Nota Final- 7,2

[0…....10]

 

OS Lemmings chegaram finalmente à Playstation Vita e a sua estreia antecipa um futuro repleto de sucesso. Digo futuro, não esquecendo o presente, apesar de Lemmings Touch apresentar algumas falhas na jogabilidade que minam um pouco a sua jogabilidade. Contudo toda a essência de Lemmings está presente e inclusive algumas novidades que são bastante bem-vindas. Para todos os fãs de Lemmings, Touch será uma boa aquisição e irá, com toda a certeza contribuir em grande para o aumento dos cabelos brancos. No entanto, continua a ser extremamente gratificante atingir o final do cenário e conseguir salvar os bichos todos.

 

 

Gráficos: 8,0

Lemmings personalizáveis onde até o cabelo e pelagem podem ser alterados. Cenários coloridos de acordo com os temas. Gráficos um pouco datados, comparando com outros jogos da PS Vita.

Som: 6,5

What does the Lemming Say?? Efeitos sonoros básicos e música que acompanha o ambiente descontraído do jogo. Nada de extraordinário.

Jogabilidade: 7,3

ADN de Lemmings original presente em todo o jogo. Capacidade de Zoom + Pause importantíssimas. Controlos simples e acessíveis. Tutorial fraco e poucas dicas para orientação, obrigando o jogador a investir no método “tentativa + erro” de forma sucessiva. Confusão visual que complica a selecção de lemingues e suas habilidades.

Longevidade: 8,0

Horas e mais horas de desafios e possibilidade de voltar a jogar os cenários para bater records. Ausência de leaderboards para comparar resultados.

 

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