Que a Força esteja convosco… A marca LEGO remonta a muitos anos atrás e, certamente para grande número de vós que lêem estas palavras, trazem memórias longínquas de infância despreocupada e feliz. Com o passar dos anos esta foi uma marca que teve o condão de não se deixar ir na corrente rumo ao esquecimento, e soube-se ir reinventando de forma a se manter bem presente nas mentes que a acompanharam desde os seus primórdios como também para se associar às novas gerações.
Talvez o grande exemplo do que disse atrás se possa relacionar directamente com os videojogos, e com os sucessivos lançamentos de títulos como LEGO: Harry Potter, LEGO: Batman ou LEGO: Pirates of the Caribbean, por exemplo. Estes jogos, além de terem conseguido manter o legado LEGO bem presente nas nossas mentes conseguem transformar-se em elementos potenciadores de bem-estar em parte graças a uma jogabilidade simples e acessível e a um apurado sentido de humor.
LEGO: Star Wars III Clone Wars baseia-se no episódio III do mesmo nome e na bem divertida série cartoon, também ela com o mesmo nome.
Terá LEGO: Star Wars III: Clone Wars a Força consigo?
Gráficos- 9.0
Antes de avançar quero deixar bem presente que este é o jogo LEGO com gráficos mais polidos, brilhantes, mais Lego-style que já saiu (neste caso para a Xbox 360). É um autêntico regalo para a vista, não só os cenários, como as personagens, como as interacções … enfim … tudo é um regalo para a vista… e também para o ego melancólico.
Os cenários encontram-se soberbos. Seja a acção passada num planeta árido, num planeta com vegetação abundantemente tropical, num cruzador espacial, no espaço ao comando dum caça, … seja por onde for que LEGO: Clone Wars nos leve, podemos ter a certeza de que nos encontraremos perante cenários do mais fino recorte e detalhe.
As personagens representadas no jogo, encontram-se todas, á semelhança do que se passa com os restantes elementos do jogo, com um polimento perfeito e quase palpável, conseguindo, duma forma impressionante, transparecer os personagens reais da TV, que encarnam. Desde os diferentes Jedis (encabeçados por Anaquim Skywalker e Obi Wan Kenobi) aos exércitos de Clones todos os legos que os representam aspiram ambiência Star Wars.
Por outro lado, os diversos veículos de combate que nos acompanham nas diversas missões desde os AT-ST Walkers, às naves de transporte, aos Tanques da Federação … estão lá todos e facilmente reconheciveis. É interessante como a traveller Tales e a LucasArts conseguiram duma forma tão crivel e equilibrada fazer a fusão entre estes dois mundos, Universo Star Wars e objectos LEGO.
As apresentações das missões e seus objectivos, embora praticamente mudas, encontram-se extremamente intuitivas conseguindo fazer o jogador manter-se a par da história, com o auxilio do inevitável e típico ecrã de introdução da saga Star Wars. Apenas é de lamentar a inexistência da língua portuguesa.
Som- 8.6
Todo o legado musical da Guerra das Estrelas encontra-se presente em Clone Wars.
Os efeitos sonoros do jogo, encontram-se bastante bons. Desde os ataques com os sabres de luz, aos disparos das pistolas laser, passando pelos movimentos dos diversos veículos terrestres ou espaciais, todos os sons e efeitos sonoros do Universo Guerra das Estrelas encontram-se por lá. Por vezes nota-se é que os sons se tornam demasiado confusos quando muitas unidades se juntam.
Por ser um jogo praticamente mudo, as interpretações dos personagens vão do simples murmúrio ao gracejo, mas ajuda ainda mais a criar um ambiente descontraído e cómico como a série bem se caracteriza.
A banda sonora é a banda sonora dos filmes, logo não há muito mais a dizer. Apenas que durante os combates passa quase despercebida mas o suficiente para ajudar a criar um ambiente ainda mais emocionante.
Jogabilidade- 8.3
Antes de avançar queria indicar que o objectivo de LEGO Star Wars III: Clone Warsnão será, certamente o de ombrear com outros títulos mais sérios e exigentes de acção, logo, para ser honesto para comigo e para com quem lê, a análise terá de ser sempre na óptica do objectivo do jogo. Isto para explicar por exemplo que situações como a IA não ser muito inteligente acaba por enquadrar-se no âmbito do jogo e, embora seja um aspecto negativo, é algo que acaba por encaixar no série.
Um pouco como que a complementar o que disse acima, Clone Wars não é um jogo difícil, apresentando aqui ou ali algum puzzle mais complexo mas trata-se acima de tudo num jogo acessível, tanto por crianças como por adultos. No entanto, para os mais pequenos existe a tradicional barreira do inglês…
A história acompanha a série de BD do Ataque dos Clones e embora por uma ordem cronológica algo confusa acaba por se enquadrar perfeitamente no Universo Star Wars.
Existem missões bastante variadas, desde a destruição de escudos protectores em bases inimigas, até à activação de baterias anti-aéreas nos nossos cruzadores quando sob ataque, são alguns exemplos e todas elas com jogabilidades distintas que acabam por evitar que se caia muito no aborrecimento. E isso é conseguido. O jogo é viciante e raramente nos encontramos fartos. A mecânica colocada nessas missões também ela é diversificada. Desde cenários tipicamente fogo-neles, até outros cenários onde temos de construir bases e nelas edifícios e veículos de ataque (como por exemplo os AT-ST Walkers). Alguns desses edifícios que se constroem, são quartéis de onde saem formações de troopers aliados que podemos de certa forma controlar e orientar contra as forças inimigas.
Os combates espaciais tanto têm de extraordinário como de limitado. Apesar do ambiente frenético e envolvente que um conflito espacial apresenta em LEGO: Clone Wars existem alguns pormenores chatos que nos impedem de ainda retirar mais do jogo, como por exemplo a limitação dos nossos movimentos e zona de acção e um sistema de navegação que nem sempre será o mais adequado e se torna algo limitado.
Na nossa flagship, onde se encontra o nosso posto de controlo que é o local onde escolhemos as missões, ou os nossos personagens (que vão sendo desbloqueados à medida que avançamos no modo história) há muito para descobrir também e surpresas para desvendar.
A inteligência artificial dos adversários é algo limitada, podendo ou melhor, devendo ser melhorada, mesmo tendo em atenção que o jogo não aspira a ser demasiado complexo.
Em algumas missões o sucessivo respawning dos inimigos pode-se tornar demasiado repetitivo, levando-nos ao martelar consecutivo do botão de disparo da arma laser, ou do sabre de luz. De qualquer forma, há que saber usar as armas correctas contra os adversários ou veículos adversários correctos.
Usar a força sobre os inimigos e objectos é também uma opção e extremamente divertida, mas apresenta um mecanismo de controlo que merecia mais alguns ajustes.
Uma situação menos boa que se nos depara em algumas missões é a falta de algum feedback ou orientação sobre o que temos de fazer para a passar, levando-nos a ficar temporariamente perdidos num cenário.
Durante o jogo o nosso personagem é acompanhado por pelo menos um outro nosso companheiro com o qual podemos trocar facilmente e usar assim as suas habilidades especiais o que em certas ocasiões é bem essencial.
O jogo permite a inclusão dum amigo, na mesma consola, para ser jogado em modo Co-op, dividindo o ecrã em dois. O ecrã que se divide quando jogamos a dois, e automaticamente e dinamicamente de move no televisor de forma a ajustar da melhor forma o que está a ser mostrado encontra-se bem implementado, mas tendo por momentos alguns momentos de confusão. O facto de podermos fazer o Modo História com um parceiro na mesma consola é bastante viciante.
Longevidade- 8.5
LEGO: Star Wars III: Clone Wars apresenta-nos um modo história bastante extenso e com inúmeras localizações distintas onde somos constantemente encorajados não só a completar os objectivos principais como também a vasculhar e procurar em todos os seus cantos na procura de novos desafios ou itens. Há muito conteúdo para descobrir e desbloquear no Modo História.
A ausência do Online é um ponto negativo e que ofusca um pouco a experiência do jogo, mas o modo cooperativa no Modo História ou nos diferentes modos Versus que se encontram bastante viciantes acabam por disfarçar essa ausência.
Nota Final- 8.5
No final de ter jogado LEGO: Star Wars III: Clone Wars, uma grande sensação de saudade de voltar a ver os 6 episódios da Guerra das Estrelas se apoderou de mim, e isso, creio ser o melhor resumo que posso fazer em relação a este jogo.
Não aspirando a ser demasiado sério, nem demasiado exigente, Clone Wars consegue unir os dois mundos (Guerra das Estrelas e LEGO) duma forma muito consistente. Tem problemas de mecânicas, sim. Podemos torcer um pouco o nariz relativamente à ausência do Online, sim. Mas no computo geral ao jogarmos Clone Wars sentimos-nos frescos, divertidos e plenamente embebidos pela Força dos Jedis.
Pode não ser o melhor jogo de sempre para Xbox 360, mas arrisco-me a afirmar que se encontra talvez como o melhor jogo da série LEGO.
