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Análise: Gears 5 (Xbox One)

Tal como Forza Motorsport ou Halo, também a série Gears of War dispensa qualquer tipo de apresentação para os possuidores de consolas Xbox (e não só).

Apresentando cerca de 13 anos de vida, Gears of War colocou milhares e milhares de jogadores por esse Mundo fora numa luta pela sobrevivência frenética contra os Locust e… quando parecia que tudo estava terminado, eis que a ameaça volta.

O Pplware já experimentou Gears 5, que foi desenvolvido pelos estúdios The Coalition.


Gears of War é, sem sombra de dúvida, um dos jogo mais importantes das consolas Xbox e do mundo dos videojogos. Tal como Halo ou Forza, é uma das pérolas das consolas da Microsoft e agora, passados 13 anos desde o inicio, eis que regressa com Gears 5.

Desenvolvido pelos estúdios The Coalition e usando o Unreal 4, Gears 5 é o seguimento de Gears of War 4 e claramente uma tentativa da Microsoft marcar pontos na questão dos exclusivos, revelando que a luta ainda está longe de terminar.

No que toca a modos de jogo, apresenta uma Campanha robusta e vários modos multiplayer super entusiasmantes, incluindo Escape (the Swarm) ou The Horde.

A Campanha Gears 5

Tal como a série nos tem ensinado ao longo dos anos, a narrativa de Gears centra-se num conflito entre humanos e aliens no planeta Sera. Os jogos anteriores têm apresentado sempre narrativas densas e complexas e Gears 5 vai um pouco mais além.

Na sequência da história de Gears of War 4 (não é crucial tê-lo jogado pois Gears 5 apresenta referências aos eventos passados), na qual se presumia que a Guerra tinha terminado, eis uma nova ameaça no horizonte: o Swarm (Enxame).

Face a essa nova ameaça, eis que os Gears são novamente os primeiros a entrar em acção e Gears 5 segue inicialmente Kait Diaz. Kait é filha de Reyna uma líder Outsider que teve um desfecho trágico e insinuando inclusive ligações mais nebulosas com a actual invasão.

Sem revelar muito, Kait surge em Gears 5 como uma alma presa a vários dilemas morais (de cariz familiar) mostrados na dualidade de lealdade que tem à COG mas também a motivações bem pessoais. Ao longo do jogo vai-nos sendo dado a perceber muito da história presente e passada de Gears of War de uma forma natural. Não posso deixar de referir a excelência das transições entre animações e o jogo que se encontram fluídos na forma como acontecem e substituem de forma limpa os chatos ecrãs de loading.

Um aparte para revelar que essa complexidade de Kait é extensível a qualquer outro dos personagens principais do jogo o que revelou um excelente trabalho na criação de enredo, diálogos e preenchimento das suas almas. E tudo isto é aplica-se também ao impecável trabalho de representação que os actores emprestaram às suas personagens, havendo alturas que quase se vivem as emoções transmitidas.

E por falar em personagens, existe agora uma nova personagem jogável que se revela uma agradável surpresa. Jack, o droide que nos acompanha em Gears 5 ganhou uma nova vida. E não digo apenas pelo facto ser jogável (tanto na Campanha como em certos modos online) mas pelo facto de ter recebido particular atenção da equipa de desenvolvimento no que toca às suas habilidades.

Jack é agora um robot mais activo e parte das novas competências passam por ajudar activamente em batalha, podendo ressuscitar um companheiro caído em combate, ou atirar um flashbang na cara dos inimigos.

No entanto, Jack ainda vai mais além e acções como recolher munições, abrir portas ou desbloquear obstáculos fazem parte das suas competências. É sem dúvida o melhor amigo do COG.

Falando ainda de Jack, existe ainda um pormenor no ar que insinua algumas alterações na série. Refiro-me ao facto de Jack ter uma árvore de habilidades que são desbloqueadas conforme o jogador consiga encontrar peças para tal. Isto indica claramente que Gears 5 pode vir a ser um ponto de viragem na série começando a apontar numa direcção RPG. Poderá ser interessante ver se é mesmo uma viragem ou apenas um episódio esporádico.

Exemplos dessas habilidades (passivas ou activas) desbloqueáveis de Jack passam por aumentar a sua capacidade de andar stealth ou pelo aumento da sua “energia”.

Bem mas os COG não lutam sozinhos pois não? Com um claro equilíbrio entre combate, exploração e diálogos o jogo (modo carreira) vai avançando numa sucessão de Capítulos onde vamos enfrentando a ameaça Swarm que, tal como descobrimos cedo, parece não ter fim. Existem variadas classes de aliens a abater e cada qual com as suas mais-valias e, mais importante que isso, com as suas rotinas de Inteligência Artificial. Efectivamente é curioso verificar que cada classe de inimigos tem um comportamento inteligente que se complementa com as outras classes presentes no combate.

Por exemplo, num combate podem surgir Scion blindados armados com Cryon Cannons por exemplo e que se aventuram na nossa direcção, enquanto que por detrás e na segurança de paredes encontram-se alguns Juvies com snipers e lança-granadas, ao mesmo tempo que os Pouncers surgem em saltos repentinos aproveitando o caos da batalha. Tudo coordenado forma um palco de batalha extraordinariamente belo… e caótico por vezes.

Aliás, a possibilidade de disparo enquanto estamos protegidos encontra-se disponível, possibilitado pela visão na terceira pessoa e é uma forma bastante positiva de combater sem nos expormos em demasia.

O Swarm apresenta-se assim mais estratégico e com essas unidades a terem várias abordagens contra os jogadores obriga a uma maior atenção, não só ao inimigo, como aos nossos camaradas e às armas que usamos.

Mas nem tudo são rosas e continuam a haver momentos em que a IA é estúpida ao ponto de não perceber o jogador a aproximar-se a menos de 2 metros de distância. Mas enfim, até os Swarm podem sofrer de problemas de visão, certo?

E por falar em armas, de referir que as diferentes que vamos usando (sejam dos Humanos ou não) encontram-se brutais e com efeitos brutalmente satisfatórios. Tanto na diversidade como nos efeitos gerados. O gore do jogo, que pode ser desligado é brutal e nada é mais gratificante que espetar com uma granada num inimigo e vê-lo despedaçar-se à nossa frente.

Mas a destruição não se resume aos inimigos e alguns elementos dos cenários também podem ser alvo das balas e granadas perdidas. Mais realista que sempre e é sempre regozijante ver uma cratera no chão onde lançámos uma granada e antes havia um Scion armado.

Como seria de esperar, algumas das armas clássicas de Gears of War encontram-se de regresso, como a Lancer, o Gnasher, a Longshot, a Boomshot Grenade Launcher ou a Overkill. Mas há novas também, e igualmente cativantes. Por exemplo, o Cryo Cannon que já mencionei acima, lança um composto gasoso que congela os inimigos, sendo depois fácil eliminá-los com um pontapé por exemplo e estilhaçando-os).

Apenas senti a falta de saber um pouco mais sobre as armas encontradas no chão, comparativamente com as que temos equipadas em dado momento.

Um dos chavões que mais se falou em relação a Gears 5 e que mais marcou a antecipação do lançamento do jogo foi o facto de passar a ter um “mapa aberto”. Esse será certamente um dos sintomas de que a série pode estar a mudar para outros horizontes mas gostava de desmistificar essa ideia, pois isso não é realmente assim. Existe alguma liberdade mas o jogo não apresenta, de todo, um mapa aberto à exploração. Mesmo quando navegamos na nossa “mota de areia” (como lhe gosto de chamar) o caminho é apenas paisagem, havendo apenas alguns locais de interacção no destino.

Além da história principal ser longa existem ainda variadas missões paralelas que, não sendo memoráveis adicionam sempre algo mais ao jogo, quer em termos de jogabilidade quer em termos de conteúdo narrativo.

 

Brutalmente Online

Atrevo-me a dizer que Gears 5 apresenta-se igualmente forte, tanto no modo Carreira (que pode ser jogado coop até 3 jogadores em split screen) como nos modos online. O jogo encontra-se desenhado, pensado e desenvolvido com mestria e estamos perante, claramente, o melhor Gears de sempre.

Os modos online mais entusiasmantes são claramente o regressado Horde e o novo Escape (from the Horde). São estes os principais activadores além-campanha e serão estes os que irão perdurar no tempo depois de se terminar a aventura a solo.

O Modo Horde conforme deverm saber é um tipo de Defend Your Base onde os jogadores (até 5) terão de defender o Fabricator contra sucessivas ondas de Swarm. À medida que os inimigos vão caindo em combate vão largando pontos de energia que serão usados na aquisição de barreiras, torres defensivas ou outras defesas. As sucessivas vagas de inimigos vão trazendo também alguns bosses o que faz com que o grau de dificuldade seja crescente e os combates cada vez mais claustrofóbicos. Neste modo podemos jogar com Jack.

E cada personagem tem as suas habilidades e pontos fortes, assim como apresentam os seus Ultimates Abilities, ou seja, os seus traits específicos. Por exemplo, Kait tem a Ultimate de Camouflage (Camuflagem) que lhe permite passar despercebida aos olhos dos inimigos, ou Marcus tem a Living Legend, habilidade que lhe permite disparar automaticamente para a cabeça dos Swarms, ou a Sarah Connor que possui Heavy Hitter que faz com que todos os seus tiros façam um knock out dos inimigos atingidos.

No final dos modos de jogo, poderemos receber Cartas (Skill Cards) e Perks (boosts) para usar futuramente. Trata-se de um sistema usado em vários jogos mas que em Gears 5 essas cartas apenas são obtidas jogando.

O novo modo Escape (from the Hive) é, como o nome indica, uma corrida desenfreada de até 3 jogadores, para fugir do ninho do Swarm. Este modo, onde as armas e munições não abundam, começa com o nosso personagem a ser apanhado por um Pouncer e levado para a Colmeia (hive). O nosso objectivo é o de fugirmos daí antes que uma bomba de veneno se espalhe. O objectivo é o de conseguir o melhor tempo e performance pelo que o trabalho de equipa exige-se.

Curiosa a inclusões de novos personagens (de outras séries) ao jogo. Por exemplo, Sarah Connor da série Terminator. Uma Apesar de ser algo de descabido para os perfeccionistas, creio que uma vez que se trata de modos online, estas intromissões são bem-vindas.

Senti também a falta duma opção de disponibilizar munições aos camaradas em combate. E de pedi-las também pois por vezes ficamos esgotados e os nossos companheiros continuam a recolher tudo o que há no ecrã.

Graficamente, é difícil descobrir um jogo para Xbox One com tamanha qualidade e cuidado. Claramente dos melhores jogos que já passaram pela Xbox One.

 

Veredicto

É bom, mesmo muito bom ter Gears of War de volta. Ainda para mais da forma que os estúdios da The Coalition o fizeram. Tentaram e conseguiram criar um Gears 5 que corresponde a quase tudo o que se pretende para um novo Gears. Toda a jogabilidade e estilo característicos da série encontram-se presentes, acrescentando novidades e modernização nas quantidades certas.

O melhor Gears até à data!

Gears 5

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