Desde os meus tempos de criança que sinto um certo fascínio por dinossauros e tempos pré-históricos. Basicamente, devorava todos aqueles livros ilustrados que mostravam como era a vida naqueles tempos, como por exemplo, o eterno combate entre os carnívoros e os herbívoros…
Aliás, essa era uma paixão que era partilhada por muitos amiguinhos meus e arrisco-me a dizer que hoje em dia muitas mais crianças também a sentem.
Aliás, nem apenas crianças pois eu continuo a ser um ávido consumidor de Parque Jurássico, O Mundo Perdido ou o Mundo Jurássico, por exemplo.
Há algum tempo foi lançado um jogo que, de certa forma, me trouxe essas boas recordações … Fossil Fighters: Frontier para a Nintendo 3DS e foi com extremo agrado que peguei nele.
Tal como o nome revela, Fossil Fighters: Frontier é um jogo dedicado aos dinossauros (aqui chamados de Vivossaurs). É um jogo de aventura repleto de exploração, mas também de estratégia e com umas valentes pitadas de Role Playing.
Em Fossil Fighters: Frontier encarnamos a pele de um jovem que se torna Warden (segurança) de parques arqueológicos (Fossil Parks) e que acaba de ser recrutado.
Estes parques arqueológicos encontram-se espalhados pelo globo. De início apenas o Parque Arqueológico da Ásia se encontra disponível e é precisamente aí que começamos a nossa aventura.
O jogo apresenta um modo campanha que não apresenta uma história clara nem linear o que prejudica um pouco a experiência, como podem vir a ler mais adiante.
Assim sendo, começamos a nossa aventura no Fossil Park da Ásia. Cada parque arqueológico é constituído por duas áreas distintas. Primeiro temos as Instalações Centrais, que correspondem ao hub central do jogo, onde recebemos missões, onde compramos equipamentos, onde treinamos os nossos Vivossaurs ou onde interagimos com NPCs do jogo.
Por outro lado, temos o próprio parque arqueológico, ou seja, as zonas de escavação. É nestas zonas que podemos encontrar e desenterrar fosseis de dinossauros.
E logo desde o início temos tudo o que é preciso para encontrar e desenterrar fosseis.
Algo que possuímos desde o início é um Buggie que nos permite percorrer as zonas de escavação livremente mas, e acima de tudo, vem apetrechado com alguns utensílios de extrema importância. O primeiro é um sensor que nos permite descobrir onde se encontram fosseis enterrados. Após encontrarmos um local onde se encontra um fóssil temos de o desenterrar, certo?
O acto de escavar os fosseis está interessante e para tal, existem 2 tipos de ferramentas. Uma que funciona como uma espécie de martelo e serve para partir pedra mais dura enquanto outra é uma espécie de broca de precisão que permite limpar mais detalhadamente os ossos a desenterrar.
Esta broca que mencionei, acaba por ter particular importância por dois motivos. Primeiro porque, quando desenterramos um fóssil, quanto menos danos causarmos nos ossos, mais forte o nosso Vivossaur será. Por outro lado, existem gemas valiosas que também vamos desenterrando e quanto menos dano causarmos, mais dinheiros nos dão em troca.
Ao longo do jogo vamos poder adquirir novos Buggies mais potentes ou melhorar os que já possuímos e o mesmo se aplica às ferramentas.
Conforme referi, quando desenterramos um fóssil o dinossauro a que ele pertence passa a fazer parte da nossa equipa de Vivossaurs e essa é a parte mais interessante e empolgante do jogo, a descoberta. É extremamente viciante sair para a zona de escavação com o intuito de tentar descobrir novos ossos e assim obter novos Vivossaurs.
Existem ainda Vivossaurs especiais (raros) que podem ser desenterrados através de Challenges específicos. Cada Fossil Park tem variadas zonas fechadas que correspondem a zonas de Challenge e aí surgem os maiores desafios de cada Fossil Park. Essas zonas que podem ser visitadas com um amigo em StreetPass, e em alguns casos é mesmo essencial pois os Vivosaurs que aí residem além de raros são extremamente poderosos e difíceis de capturar.
E os Vivossaurs, tal como se tratassem de Pokémons, perfazem o nosso exército de combatentes.
Mas não estamos sozinhos … Ao longo da aventura vamos fazendo amigos entre os NPCs que vão aparecendo nas instalações centrais dos diversos parques aos quais vamos ganhando acesso. Em muitas ocasiões e por diversos motivos, vão-se oferecendo para serem nossos Paleo Pals, ou seja, camaradas de combate. Isto é importante pois quando entramos nos Torneios ou em certas missões da Campanha, podemos escolher qual o amigo a levar connosco e em muitas vezes eles são importantíssimos no decorrer do combate, especialmente porque têm os seus próprios Vivossaurs que muitas vezes são especiais e bastante evoluídos. Podemos levar até 2 Paleo Pals connosco para os parques arqueológicos.
Em Fossil Fighters Frontier, os Vivossaurs encontram-se divididos por elementos. Vivossaurs do Ar, da Terra, do Fogo, da … cada qual com as suas características especificas (ataque, defesa, …) e também ataques especiais. Esses ataques especiais muitas vezes apenas surgem após se atingir um certo nível de evolução, por isso convém escolher bem quais os Vivossaurs que nos acompanham em cada combate (só podemos escolher um único por combate).
Por outro lado, os Vivossaurs apresentam ainda outras variantes, como por exemplo serem voadores, serem couraçados,carnívoros, herbívoros, …
Dito isto, temos Vivossaurs de vários elementos e a parte táctica entra em jogo tendo como precisamente esse pormenor como base. O que quero dizer é que, tal como no jogo de papel, pedra ou tesoura, também os elementos identificados são mais fortes contra um determinado elemento e mais vulneráveis face a outro. Por exemplo um Vivossaur do fogo é mais vulnerável face a um da água mas apresenta uma vantagem elemental contra um Vivossaur da terra. Contudo nem sempre é perceptível o quanto um Vivossaur é mais vulnerável que outro …
Uma vez que antes de entrarmos em combate temos uma indicação do tipo de Vivossaurs que vamos encontrar na arena, torna-se importante escolher o Vivossaur certo.
E os combates sucedem-se em várias alturas do jogo. Por um lado, as zonas de escavações são locais onde existem diversos Rogues Vivossaurs (Vivossaurs selvagens) que nos atacam mal tenham hipótese. Por outro lado, nas instalações centrais dos Fossil Parks, existem torneios de combates que temos de completar para adquirir licenças de Warden mais avançadas.
O combate em Fossil Fighters Frontier é simples e rápido de perceber. No entanto, não quer dizer que seja demasiado fácil, pois não é. Especialmente nos Challenges ou nos combates contra equipas mais avançadas. Pena o facto de não termos qualquer tipo de intervenção sobre os Vivossaurs dos nossos Paleo Pals, pois as oportunidades estratégicas seriam muito mais variadas.
Frontier apresenta um sistema de combate por turnos, numa grelha de 3×3 onde se colocam os nossos Vivosaurs (até um total de 3, um Vivossaur nosso e 2 Vivossaurs dos nossos Paleo Pals) e até 3 Vivosaurs inimigos.
Antes do turno iniciar, é feito um Speed Check que verifica a velocidade e potencia de cada Vivossaur e os ordena de acordo com esses valores, tendo impacto na ordem pela qual os Vivossaurs vão atacar e ser atacados. O ataque é feito por turnos do mais rápido para o mais lento. É precisamente no combate que entram em cena ataques especiais que cada Vivosaurs possuí.
Existe ainda um poder atribuído ao jogador que é o uso de acções especiais (Support Shots) em pleno combate. Por exemplo, podemos atribuir mais pontos de ataque ao nosso Vivossaur, ou podemos regenerar a saúde de um Vivosaur de um nosso Paleo Pal.
Para trazer um pouco mais de emotividade e cérebro ao sistema de combate, a equipa de desenvolvimento incluiu um sistema de Fossil Points usados para proceder a ataques. Assim sendo, os ataques dos Vivossaurs dependem dessa barra de Fossil Points que vão regenerando ao longo do combate e isso que traz um problema adicional. Quanto mais forte for o ataque lançado pelo nosso Vivossaur, mais tempo demora a fazer o refill dos Fossil Points.
Conforme mencionei, o jogo apresenta pozinhos de RPG e a verdade é que, tanto o nosso personagem pode evoluir, como também os nosso Vivossaurs o podem fazer. Acima de tudo, evoluem com os combates que fazemos, sejam eles nas zonas de exploração, nas missões, nos treinos que existem nos Fossil Parks ou nos Challenges. Estas evoluções surgem através de pontos que são atribuídos automaticamente a seguir a cada combate e que após atingir determinado valor desbloqueiam um novo nível e com ele um novo ataque ou defesa. Gostaria no entanto de poder ser eu a atribuir esses pontos ou a decidir qual a ordem de desbloqueio de ataques especiais.
Numa tentativa de trazer mais diversidade ao jogo, existem nas instalações centrais dos Fossil Parks Missionator 4000, que são uma espécie de consola que atribuem missões diversas, que nos permitem evoluir o nível do nosso Warden e ganhar dinheiro. Contudo, esses objectivos deveriam ser um pouco mais variados, baseando-se basicamente em missões de combates contra certos tipos de Vivossaurs ou recolha de determinadas ossadas de fosseis.
Por fim uma referência ao 3D que no entanto nem poderia ser feita pois o 3D passa completamente ao lado do jogo. Não existe uma utilidade prática para o 3D, o que é pena. Apenas torna os Vivossaurs mais agradáveis à vista, o que é manifestamente pouco. Poderia e deveria ter sido melhor usada esta capacidade da consola da Nintendo, especialmente pois, como referi anteriormente, o facto de não termos uma história consistente mina a experiência de se jogar Frontier. E porquê? Acima de tudo porque sem uma linha orientadora o jogo tende a tornar-se repetitivo.
Em termos de nota final, tenho de ser sincero convosco e confessar que gostei bastante do jogo e que, por momentos, me conseguiu fazer entrar numa exploração aos cenários de Parque Jurássico e esse é o maior elogio que posso fazer ao jogo.
Nota Final- 7.5
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Fossil Fighters Frontier é um jogo que em certas alturas consegue criar um ambiente Jurássico interessante e bastante divertido de explorar, e que apresenta alguns condimentos bem conseguidos, como evolução dos Vivossaurs, imaginação na criação dos Dinossauros, liberdade de exploração das zonas de escavação e um sistema de combates por turnos que requerem alguma destreza estratégica. No entanto, e conforme podem ler nas últimas palavras do texto, Fossil Fighters: Frontier acaba por tender para uma certa repetitividade. Não obstante, a verdade é que todas as crianças que gostem de Dinossauros, vão adorar Fossil Fighters: Frontier.