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Análise Epic Mickey: O Mundo Misterioso (Nintendo 3DS)

Conforme já tive várias oportunidades de referir ao longo do meu percurso no Pplware, sempre fui fã da Disney. Aliás, os meus antigos Super e Hiper Disneys ainda repousam tranquilamente em casa dos meus pais (a maior parte) e é com grande saudosismo que de vez em quando releio um ou outro.

Apesar de todo este fascínio que sempre tive pela Disney e seus personagens, dos quais destaco como meus preferidos o desastrado Pato Donald, a sensual Margarida, o azarado Pateta, o forreta do Tio Patinhas, o engenhoso Professor Pardal, o sortudo Gastão, a frustrada Maga Patológica e o perspicaz Rato Mickey, nunca cheguei a ter contacto com os primeiros videojogos que saíram em torno deste Universo, nomeadamente com Castle of Illusion: Starring Mickey Mouse.

Este Epic Mickey: Mundo Misterioso corresponde à sequela dum desses primeiros jogos em honra do rato mais famoso do Mundo.

Munidos do nosso pincel mágico e de muito entusiasmo, encetei a minha aventura.

Mundo Misterioso começa quando o nosso roedor preferido recebe um pedido de ajuda de Osvald (o coelho sortudo) que habita a Terra do Nunca, um Universo paralelo ao Universo Disney onde os desenhos animados esquecidos vivem. Através da televisão, que funciona como uma espécie de portal mágico, Osvald indica a Mickey que algo de misterioso se passa na Terra do Nunca. Pelos vistos um castelo estranho aparece a pairar sobre a Terra do Nunca e nela vem uma bruxa, de nome Mizrabel, que foi expulsa do Universo Disney para a Terra do Nunca e que tem vindo a aprisionar outros desenhos animados numa tentativa de poder voltar. Mickey entra assim numa aventura para salvar todos os desenhos animados presos.

 

Gráficos: 8,5

Tal como seria de esperar, Mundo Misterioso apresenta-se como um jogo que aspira e transpira Disney por todos os poros. Assim que entramos no Castelo da Bruxa Mizrabel, começamos a perceber que ela aprisionou os desenhos animados em zonas que sugerem os ambientes de cada desenho animado. Por exemplo, o Peter Pan está aprisionado algures num cenário que simula o Jolly Roger, o barco do Capitão Gancho, ou então os Meninos do Nunca, encontram-se presos no cenário da Selva da Terra do Nunca.

Isto traz ao jogo uma sensação de coerência e de naturalidade e que ajuda ao jogador a entrar no espírito.

Os cenários, nos quais nos deslocamos num movimento 2D lateral, apresentam uma representação 3D que acaba por estar relativamente bem explorada pelo jogo. Por exemplo, quando avançamos pelo navio dos piratas, ou pelos céus de Londres, consegue-se ter a noção de que se passa realmente algo por detrás da acção. No entanto, creio que poderiam ter explorado mais e melhor a existência duma terceira dimensão e de interagir com ela.

É claro que se estamos a falar dum jogo da Disney, não poderíamos passar sem falar nos personagens, e que tal começar pelo nosso herói?

Sim, o nosso Rato Mickey aparece em Mundo Misterioso com uma imagem bastante digna do mais conhecido roedor do planeta e os seus movimentos são fluídos e suaves. No entanto, poderia ter mais animações e mais diversificadas.

Os restantes personagens Disney que vamos encontrando apesar de estarem também eles bastante perfeitos, aparecem como figuras estáticas e penso que aqui a Disney perdeu uma boa oportunidade de acrescentar algo de mais ao jogo. Que tal um pouco mais de movimento? De vida a estes heróis de sempre da Banda Desenhada?

Aliás, creio que nem ficaria mal se aqui, ou ali, houvesse a hipótese de interagir mais com estes personagens.

 

Som: 7,5

Mundo Misterioso conseguiu o dom de me fazer admirar o trabalho de som feito na sua criação e em simultâneo ter momentos de raiva que fazem apetecer desligar o som.

A Banda Sonora digna de qualquer filme ou desenho animado da Disney está esplêndida e imaculada. Enquadra-se na perfeição em toda a extensão do jogo e os efeitos sonoros que acompanham o nosso herói ao longo da aventura também estão bastante bem conseguidos.

No entanto, as vozes quando as há é que me arrepiam. Aliás, o que me arrepia é mesmo a quantidade de “Uhhss” que o Mickey faz quando salta, ou tem algumas outras acções durante o jogo. Ao inicio cai bem, pois é o Mickey … mas ao final de algumas horas, acaba por ser chato …

De realçar o facto do jogo se apresentar em português!

 

Jogabilidade: 8,0

Não concordo se quiserem apontar Mundo Misterioso apenas aos mais jovens pois, muitos adultos (tal como eu) gostarão de o jogar. E acreditem que gostei (e gosto) muito. Aliás, é um titulo que jogo com frequência pois além de ir completando os níveis  há sempre algo que falta melhorar, ou passar por alguns locais dos cenários mais complicados….

De qualquer forma, Mundo Misterioso não é um jogo muito difícil. Requer ginástica com os dedos, como é normal num jogo de plataformas, mas no geral é um jogo simples e suave.

Conforme mencionei acima, vamos salvando os desenhos animados em diversos cenários que nos surgem numa espécie de mapa do Castelo. Apesar de cada cenário ser diferente, Céus de Londres, Agrabah, Jolly Roger, a jogabilidade é muito semelhante entre eles e raramente há coisas novas que não se tenham aprendido logo nos primeiros níveis. Ok, que de vez em quando vão surgindo novas habilidades como por exemplo, o pó mágico da Sininho,  ou os upgrades que vamos fazendo, mas na prática é um corropio de correrias, saltos, pinturas, cordas baloiçantes, …

Como em qualquer jogo de plataformas existem algumas alturas em que teremos de procurar caminhos alternativos mas fiquei um pouco desiludido com o facto de serem poucos e demasiado fáceis. É demasiado linear.

O controlo do nosso Mickey é feito duma forma simples. Além dos botões direccionais (ou analógico esquerdo) para a direcção, podemos saltar com o uso do B, fazer ataques giratórios com o Y, lançar jactos de tinta com o A, ou então passar para o modo Pintura com o X.

Este modo pintura apresenta particular importância em certas ocasiões do jogo pois permite ao jogador, com recurso ao Stylus e ao ecrã inferior da 3DS, pintar ou apagar certos objectos que se encontram escondidos, e que nos permitem avançar na história. Por exemplo, para saltar por cima duma fenda cheia de espinhos, pode haver uma plataforma invisível (que surge visível no ecrã inferior da consola) que se a pintarmos, surge no ecrã do jogo e nos permita usá-la para passarmos por cima da fenda.

A mecânica de pintar esses objectos é feita de duas formas. Pintar apenas os rebordos do objecto para a fazer aparecer, ou então apagar o conteúdo da forma para a fazer desaparecer. Se o fizermos com perfeição enchemos uma barra de power que quando cheia nos permite mover mais depressa e atacar os inimigos com mais poder. A mecânica de pintura é extremamente simples e creio que deveria ter sido implementada de forma diferente que exigisse mais destreza ou mais tacto. Basicamente trata-se de pintar os bordos dum objecto com tinta para ele aparecer ou “pintar” com diluente o conteúdo de outro objecto para o desaparecer do cenário.

Estranhamente vão surgindo poucos puzzles dignos desse nome, ao longo do jogo, e creio que teria sido boa ideia acrescentar alguns. No entanto, há secções que nos obrigam a pensar em como atingir determinada plataforma, ou como chegar a uma personagem num local inacessível. Apesar de nos obrigarem a pensar um pouco, quase todas as soluções passam invariavelmente por … pinturas. Ou usar tinta para fazer aparecer um objecto que nos permite o ultimo salto, por exemplo, ou usar diluente para apagar um objecto que nos bloqueia o caminho. Por exemplo, existe uma sala do castelo, onde salvamos a Branca de Neve em que temos canhões, como aqueles do circo que nos enviam pelo ar, e temos de pintá-los de forma a que fiquem apenas os necessários para nos fazer saltar até a uma plataforma alta e apagar os restantes que estorvam. Esse tipo de problema está bem feito e torna-se exigente quanto baste.

Depois adicionando a isto a mecânica normal de saltos, os quais quando saltados no timing certo em cima dum inimigo permitem-nos super saltos, e a maior parte dos puzzles está resolvida. Não quero com isto dizer que estas secções de quebra-cabeças não têm valor, mas que poderiam ser mais variadas.

Nesses cenários vamos então encontrando os desenhos animados raptados pela Mizrabel e ao chegarmos perto deles, eles ficam automaticamente libertados. Quando são libertados os desenhos animados vão para uns quartos no castelo onde ficam à espera que acabemos o jogo.

Esses quartos do castelo vão-se expandindo à medida que vamos salvando cada vez mais personagens aprisionadas, dando a sensação ao jogador de estar perante uma verdadeira família Disney, mantendo os desenhos animados todos juntos.

Aliás, até ao final do jogo podemos visitá-los sempre que quisermos e quando o fazemos eles vão-nos dando missões paralelas para resolver. Na maior parte são missões simples, mas outras levam-nos a refazer os mesmos cenários, o que pode ser um pouco repetitivo. Por exemplo, o Peter Pan pede-nos para salvarmos os Meninos do Nunca e para isso temos de voltar a percorrer o cenário da Selva do Nunca.

Contudo essas missões paralelas entram todas no espírito dos desenhos animados em questão e nunca parecem ser demasiado intrusivas. Outro exemplo será o do Tio Patinhas que nos pede para lhe encontrarmos a sua famosa Moeda Número 1 (de que os Metralhas e a Maga Patológica andam sempre atrás).

Aliás, o Tio Patinhas no seu quarto, que aos poucos se vai transformando em Caixa Forte, chega mesmo a construir uma loja onde podemos comprar vários itens com as moedas que vamos angariando. Essas compras podem ser tão variadas como por exemplo, aumento do poder do ataque giratório, ou aumento da eficácia das pinturas ou dos diluentes … no entanto convidam ao jogador a ponderar bem onde gastar o dinheiro pois todos esses itens têm vários níveis (cada vez mais poderosos) e os preços vão encarecendo e bem.

 

Longevidade: 8,5

Mais de 5 horas de diversão e nostalgia para com os meus amigos da Disney. Estão quase todos lá, e é bom revê-los. A ausência de Multplayer compreende-se um pouco mas, dado o facto de andarmos sempre com o Grilo Falante atrás, poderia ser algo a ser explorado. Aliás, que já está a ser explorado em Epic Mickey 2: The Power of Two que o Ppplware analisou aqui,

No entanto, creio que há alguns motivos para voltar a jogar O Mundo Misterioso, nem que seja para chegar aquele local que nunca conseguimos antes, ou descobrir se há algum outro caminho que ficou por explorar (apesar de cada cenário ter um único caminho, por vezes existem alguns becos meio escondidos).

 

Nota Final- 8,1

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Como referi, Epic Mickey: Mundo Misterioso é um jogo simples. Tal como indiquei também é um jogo que deveria destinar-se tanto aos mais novos, como também aos mais adultos (especialmente aos que acompanharam as aventuras de Mickey, Donald e afins ao longo dos anos) e aí penso que o jogo consegue bem essa mecânica mista. Ao misturas algumas partes mais complexas consegue misturar, simplicidade com dificuldade num meio termo. No entanto O Mundo Misterioso tem como grande dom, o de conseguir fazer o jogador interagir com personagens e histórias do Universo Disney numa perspectiva diferente, a do Rato Mickey. É algo de mágico e nostálgico em simultâneo. Contudo achei um pouco repetitiva a dinâmica imposta nos cenários e a ausência de maior diversidade nos puzzles e quebra-cabeças propostos. No final gostei bastante de Epic Mickey: Mundo Misterioso e aconselho não só para os fã dos desenhos animados Disney, como para quem goste de jogos de plataformas sem grande complexidade.

 

Género: Plataformas Plataforma Analisada:  Nintendo 3DS Homepage: Epic Mickey 2: Mundo Misterioso

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