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Análise El Shaddai: ascensão de Metatron (Playstation 3)

Se duma coisa o mundo dos videojogos não pode ser acusado, é de não ser um universo democrático e liberal. Na realidade são variados os exemplos de jogo que abrangem uma grande diversidade de temáticas e dinâmicas. Há jogos para praticamente todos os gostos.

Uma das vertentes menos usada nos videojogos tem sido a religiosa e, El Shaddai aponta precisamente nessa direcção.

No entanto, enganem-se todos os que por esta altura já franziram o olho … o facto de ser um jogo com temática religiosa não significa que seja um jogo demasiado lento ou pasmacento … não, El Shaddai é apenas um jogo … diferente.

A história de El Shaddai (um dos muitos nomes judaicos para DEUS) baseia-se no Livro Apócrifo de Enoch, no qual o nosso herói tem como missão a de reunir um grupo de Anjos caídos à terra e de levá-los de volta para o céu. Levado a cabo pelos criadores de Okami e Devil May Cry El Shaddai leva-nos numa aventura única.

Gráficos: 8,3

É difícil descrever o grafismo de El Shaddai. Alternando entre níveis de plataformas em 3D com níveis de acção em 2D mas com grafismos e palettes de cores altamente diversificadas o jogo apresenta-se como um jogo muito particular.Dificilmente um jogador pode afirmar que já jogou algo semelhante, pois pouco há de semelhante com outros jogos.

Os cenários, sendo ilustrações abstractas do que se apresenta no Livro de Enoch, apresentam-se rodeados dum ambiente estranho e etéreo. Os diferentes níveis, de tão abstractos que se apresentam, por vezes deixam uma sensação de incerteza sobre onde estamos e o que estamos ali a fazer. No entanto são cenários que não deixam indiferente quem os joga.

Os cenários, que se encontram divididos em inúmeros checkpoints, apresentam dimensões épicas.

Enoch, o nosso personagem teve trabalho redobrado na sua criação e apresenta-se fluído, quer nas correrias desenfreadas pelo cenário, quer em pleno combate. Por seu lado, os nossos adversários (anjos ou seus lacaios), caem novamente num patamar abstracto, que mesmo por essa estranheza acabam por encaixar no ambiente muito particular do jogo.

Som: 8,2

O jogo apresenta uma musicalidade muito suave e angelical, trocada aqui ou ali por variantes mais frenéticas. Acompanha bem a acção e ajuda a criar todo aquele ambiente. A mistura do grafismo com a música e efeitos sonoros é estranha, esquisita mas, ao acaba por encaixar bastante bem e formar um jogo diferente, mas bom.

As breves introduções e animações que nos são apresentadas em diversos momentos do jogo servem como guia para aventura. O

Um dos personagens que nos acompanha ao longo da aventura é o Arcanjo Lucifel, que é um dos Arcanjos mais poderosos e que serve de ligação entre a nossa aventura e DEUS. Ele vai-nos dando algumas dicas ao longo do jogo e, serve de SavePoint quando nos cruzamos com ele. Lucifel vai dando contas a DEUS da nossa performance através de  … telemóvel. (qual será a operadora?)

Jogabilidade: 8,2

Antes do mais quero adiantar que El Shaddai não é nenhuma revolução no tipo de jogo. Com níveis de plataformas rodeados de secções/arenas de combates o jogo apresenta o que é exigido para se manter minimamente correcto. No entanto apresenta uma ou outra novidade que podem vir a ser usadas para futuros jogos.

Um desses casos é o sistema de combate. Apesar de ter algumas (poucas) combos de ataque, o sistema de combate consiste principalmente na duração da pressão dos botões. Premindo o quadrado por exemplo durante alguns segundos provoca o equivalente a uma combo brutal, enquanto premindo apenas por um segundo provoca um ataque simples. É simples e útil, evitando tanto o martelar constante dos botões como também as combinações complicadas de botões.

Uma das outras inovações que El Shaddai nos traz é o conceito de purificação. Ao longo da aventura e dos combates as nossas armas vão ficando conspurcadas com a maldade dos nossos adversários tendo de regularmente as ir purificando. E nós sabemos que uma arma impura não funciona bem, certo?

Por falar em armas, apenas existem 3 no jogo. A primeira é o Arch e é uma arma de combate corpo a corpo. A segunda, Gale que e uma arma que nos possibilita lançar poderosos ataques à distância e que é bastante poderosa. Por fim temos a Veil que essencialmente apresenta como ponto forte o facto de poder ser usada como escudo protector dos ataques dos inimigos. Pessoalmente gostei bastante mais do efeito brutal do Arch, embora em certas ocasiões o Veil seja um porto mais seguro.

Ao longo do jogo vamos encontrando alguns outros personagens, os Freemen que nos entregam alguns pergaminhos antigos que nos ajudam a compreender a nossa demanda e a perceber onde nos encontramos. É interessante, mas peca por não ter nenhuma interacção … aliás a ausência de interacção com outras personagens (que também não abundam) acaba por ser um aspecto menos fixe.

Pelo caminho vamos encontrando power-ups que nos permitem melhorar as capacidades de El Shaddai ou da arma equipada.

No entanto a mecânica é bastante repetitiva. Passamos muito tempo a avançar pelos caminhos, trilhos, plataformas e lutando em inúmeras mini-arenas com adversários inferiores que acabam por ser um pouco mais do mesmo. Apenas os combates com os anjos (bosses) se encaixa num desafio mais exigente.

O sistema de saúde/danos está bem pensado. Todos os personagens possuem uma armadura que consoante a quantidade de dados vai sendo destruída deixando a nu o homem por debaixo da armadura. Pode ser uma metáfora religiosa, mas acaba por cair bem no jogo.

Tudo isto são ingredientes que fazem de El Shaddai um jogo que constantemente nos deixa espantados, com a imaginação dos seus criadores. É, conforme disse anteriormente, um jogo estranho e diferente mas….. que não falha onde poderia falhar, não tendo receio de arriscar o diferente e ganhando a aposta.

 

Longevidade: 6,6

A ausência de Multiplayer pode basear-se no facto de Enoch só ter havido um mas, penso que haveria algum conteúdo para uns jogos online. No entanto temos o modo singleplayer que é bastante extenso com mais de duas mãos cheias de horas de diversão mas,  acima de tudo, de espanto.

 

Nota Final- 8,0

[0…....10]

 

Tenho de admitir que não sou uma pessoa muito religiosa. Cumpro os serviços mínimos, passe a expressão. No entanto, creio que para um jogo desta temática El Shaddai encaixa que nem uma luva. Fazer um jogo acerca dum assunto tão delicado obriga quase a pensar muito subjectivamente e metaforicamente a dinâmica a implementar e El Shaddai vê-se que teve esse tratamento. É um jogo que contrariamente ao que possam pensar, será tanto de agrado de jogadores mais virados para a religião como para o jogador comum que gosta de ser surpreendido.

El Shaddai é uma surpresa agradável e traz uma nova Alma ao Reino dos Videojogos!

Género: Plataformas / Acção
Outras Plataformas: Xbox 360 Homepage: El Shaddai: Ascention of Metatron

 

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