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Análise Edna & Harvey: The Breakout

…. The Great Escape moderno?

Edna & Harvey: The Breakout é um jogo diferente. Logo a começar pela história do jogo vemos que este não pode ser encarado como um título qualquer. Trata-se dum jogo que possui uma personalidade e um espírito muito próprios que fazem dele um videojogo que tanto pode ser admirado como discriminado. Com bastantes momentos de humor, infelizmente apenas localizados para o inglês, a aventura prossegue num ambiente cartoonesco com inúmeros desafios e puzzles para resolver, que acaba por conseguir divertir o jogador, não obstante alguns momentos de pura frustração que nos causa.

A história tem o seu inicio quando a nossa personagem, Edna se depara presa numa sala num hospício, sem saber como foi lá parar e sem saber porquê. Tirando as suas conversas com o seu amigo de peluche, Harvey, sente-se perfeitamente sã mentalmente e embarca numa demanda para tentar fugir e descobrir a verdade. Ao longo da história depara-se com inúmeros personagens, alguns bem mais excêntricos e peculiares, e acaba por desvendar algumas verdades extraordinárias sobre o seu passado.

Será que a Edna & Harvey terão sucesso ou será este jogo um candidato a voltar ao manicómio?

Gráficos – 7,4

Como já indiquei anteriormente, este jogo apresenta-nos um ambiente muito cartoonesco. Tal facto pode afastar muitos jogadores seguidores de maiores doses de realismo, mas por outro lado, pode atrair todos aqueles que gostam de cartoons, e especialmente, com bastante humor à mistura.

O jogo consegue-nos assim colocar num ambiente diferente, mas bastante recheado de elementos com os quais é possível interagir quase na totalidade. Aliás, muitas dessas interacções traduzem-se em momentos de humor, com os comentários de Edna e de Harvey. Esses mesmos elementos/utensílios espalhados pelos cenários, e que podemos ir apanhando ou interagindo com eles, encontram-se também eles bem conseguidos. De qualquer forma a quase ausência de movimento nos cenários torna-os demasiado estáticos e em algumas ocasiões ambientes inertes e sem vida. Havia aqui muito material para fazer melhor e sendo um titulo com ambiente cartoonesco e com boas doses de humor decerto haveriam muitos condimentos para tornar os cenários bem mais vivos.

As personagens encontram-se bem conseguidas para o ambiente cartoon do jogo, mas as suas animações poderiam estar melhor conseguidas. Os seus movimentos e interacções são muito limitados visualmente e cortam um pouco a sensação de que efectivamente estão a fazer o que nós mandamos.

Algo que poderia ser melhorado prende-se com a resolução do ecrã, não sendo possível alterá-la durante o jogo.

Som – 7,1

O som do jogo acaba por ser competente, mas deixando a sensação de que poderia ainda ter sido mais trabalhado, nomeadamente ao nível das vozes.

As vozes poderiam ter um pouco de maior emotividade consoante os diferentes diálogos nos quais são necessárias. Por exemplo, um breve desabafo da Edna com Harvey apresenta a mesma entoação que uma conversa de Edna com um outro “colega” de hospício. De qualquer forma, a voz de Edna consegue transmitir aquela ligeira sensação de alguém que está um pouco no limiar da realidade e a de Harvey está bem conseguida. As dos restantes personagens são um pouco secas e rudes.

Quantos aos efeitos sonoros, a maior parte está bem conseguida e representam bastante bem o que se passa no ecrã, embora alguns sejam repetidos inúmeras vezes sempre para o mesmo tipo de objecto ou de interacção.

A banda sonora não interfere com a experiência do jogo, creio ser o que melhor se pode dizer em relação a ela. Por outro lado, também não ajuda a causar uma grande diferenciação sobre os diferentes tipos de ambientes ou de interacções que se passam no ecrã.

Não poderíamos deixar de apontar para o facto do jogo não se apresentar localizado para Portugal.

Jogabilidade – 7,2

O jogo é uma aventura clássica do tipo point-and-click, ou seja, quase tudo o que vemos no ecrã pode ser interagido apontando o cursor do rato e clickando. Existem diferentes abordagens nessas interacções, como por exemplo LOOK AT ou USE, mas a mecânica é a mesma para todas elas. Tal mecânica de interacção acaba por simplificar a jogabilidade mas por outro lado acaba por castigar um pouco o nosso rato. Consegue-se compreender o porquê desta abordagem, mas poderia ser uma mais-valia se o teclado pudesse ser usado ou parametrizado para algumas tarefas.

O jogo não apresenta um nível de dificuldade muito elevado na maior parte dos desafios que nos apresenta, mas por vezes torna-se complicado descortinar o que fazer, quando não há muitas dicas sobre o que fazer para transpor certo obstáculo. Aí temos uma ajuda preciosa de Harvey que por vezes nos dá algumas luzes quer através de comentários, quer através dum sistema de viagens no tempo, nas quais Edna reaprende técnicas novas ou vai descobrindo um pouco do seu passado. No entanto, alguns desafios são verdadeiros quebra-cabeças pois são difíceis de destrinçar.

Esses mesmos desafios são algo variados. Embora sempre com mecânicas semelhantes, acabam por ser diversificados na sua resolução ou nos métodos de resolução, o que acaba por aliviar a tensão em alguns momentos. Interessante o facto de se poderem combinar variados objectos de forma a pode-se atingir uma ferramenta para determinado obstáculo.

Uma coisa que se torna um pouco confusa no decorrer do jogo é o facto de por vezes seleccionarmos acções, como por exemplo LOOK AT, e a única forma de sabermos que está seleccionada é através duma caixa de texto no canto inferior direito do ecrã, ou ao passar por cima dos elementos. Poderia haver uma forma de diferenciar no ponteiro do rato, os diversos tipos de interacção e qual o seleccionado naquele momento.

A ausência de indicações de quais os caminhos, corredores que podemos seguir também se torna chato, pois muitas vezes é necessário arrastar o cursor do rato até à extremidade do ecrã para sabermos se podemos ou não ir aquele corredor ou caminho.

Longevidade – 7,0

O jogo não sendo um título multiplayer, acaba por apresentar uma longevidade interessante. Não apenas pelo facto de ser uma aventura na qual se torna possível interagir com quase todos os elementos do cenário mas pelo facto de termos de repetir inúmeras vezes alguns desafios até acertarmos na dinâmica correcta.

É uma aventura point-and-click clássica e saudosa dos velhos tempos das aventuras primordiais,  e isso confere-lhe com todos os ingredientes (exploração, diálogos, interacções,…)a que tem direito, umas boas horas de longevidade. Como contraponto, pesa o facto de após se terminar a aventura, haver poucos motivos para a repetir.

Nota Final – 7,2  (0-10)

Edna & Harvey: The Breakout é um jogo que acima de tudo nos remete para outros tempos. Tempos de outras aventuras point-and-click como o Space Quest, Police Quest e outros. No entanto padece de alguns problemas que de certa forma lhe retiram algum fulgor. No entanto, é um jogo interessante, engraçado (para quem percebe inglês) e não muito exigente. É um título a ter em conta e que pode, sem dúvida proporcionar alguns bons momentos a quem prefira meditação sobre a acção e o seu ambiente cartoonesco consegue extrair-lhe grande dose de seriedade tornado os desafios mais apetecíveis e menos complexos.

Pode não a fuga que Steve McQueen e James Garner tiveram nos anos 60, mas o manicómio não é lugar para Edna & Harvey: The Breakout.


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