Em 2015 a Techland e a Warner Bros. Interactive Entertainment lançaram Dying Light, um jogo de zombies que, de certa forma, fugia ao que até à data, era a a fórmula geral deste tipo de jogos.
Passados 7 anos sobre o lançamento do primeiro titulo, a Techland lançou a sequela Dying Light 2: Stay Human, onde a fórmula deste survival horror se mantem praticamente inalterada.
Nós já experimentamos Dying Light 2: Stay Human.
Passada mais de uma mão cheia de anos sobre o lançamento de Dying Light (lançado em 2015), a Techland regressa ao holocausto zombie com Dying Light 2: Stay Human.
Tal como no jogo original, esta sequela trata-se de um survival horror que decorre num vasto mundo aberto à exploração e com uma tremenda liberdade de escolha dada aos jogadores.
Dying Light, quando saiu, cedo deixou bem claro que não era apenas mais um jogo de zombies mas sim, de uma reestruturação da fórmula para jogos sobre zombies. Dying Light 2: Stay Human mantém segue esse objetivo e fórmula.
A História de Aiden
Dying Light 2: Stay Human conta-nos a história do Pilgrim (um Peregrino, ou seja, um aventureiro que explora as zonas selvagens e devastadas infestadas por zombies) na sua procura pela sua irmão.
Ao longo do jogo vamos tendo algumas cutscenes que nos revelam o passado de Aiden e a forma como foi separado da sua irmã, enquanto jovem ainda. Agora, Aiden procura-a e parece finalmente ter pistas sólidas que o podem ajudar a encontrá-la.
No entanto, para conseguir terá de se deslocar à cidade de Villedor, um antigo bastião da humanidade cuja quarentena falhou e agora se encontra infestada por infetados, que ameaçam os poucos sobreviventes ainda humanos. E será com esses poucos humanos que ainda existem que Aiden terá de interagir e negociar para conseguir mais informações sobre o paradeiro da sua irmã.
Sem revelar muito do resto da história, é importante referir um aspeto que tem um claro impacto, tanto na narrativa, como nas dinâmicas de jogo e de Aiden. No inicio do jogo, Aiden é mordido por um infetado o que se virá a revelar muito importante para o desenrolar da história, como iremos ver mais adiante.
E o desenrolar da história, sendo mais ou menor linear (e dependendo das decisões do jogador), acaba por completar-se também com outras missões (histórias) paralelas. Não sendo obrigatórias, estas missões adicionais podem servir de intervalos bem-vindos à narrativa e algumas são bem recompensadas. Existem sempre, inúmeros eventos a ocorrerem em simultâneo pelo que não faltarão motivos para os jogadores se “perderem”.
Aliás, esse é um dos potenciais problemas de Dying Light 2: Stay Human. Com tanta oferta os jogadores poderão perder um pouco a noção da história e da direção que a narrativa precisa que seja tomada.
Pacificadores, Sobreviventes e Renegados
A cidade de Villedor corresponde a uma área bastante grande dividida em vários grandes sectores, todos eles diferentes no que respeita ao tipo de edifícios e acessos, como também ao tipo de desafios que apresentam ao jogador.
Além dos infetados (que têm vários tipos de classes, cada qual com as suas forças e fraquezas) a cidade encontra-se dividida entre duas fações predominantes: os Pacificadores e os Sobreviventes. Existem ainda outros, os Renegados que de certa forma serão importantes na demanda principal de Aiden.
A nossa interação com cada fação será importante e determinará qual o nível de ajuda que cada uma nos vai facultar. Os Pacificadores mais militaristas têm a capacidade de nos providenciar material e ferramentas bélicas enquanto os Sobreviventes que são pacifistas, proporcionam melhores formas e ajudas para sobreviver na cidade.
Essas interações ocorrem principalmente através de diálogos mas acima de tudo, com o completar de missões que cada uma nos sugere.
E conforme as nossas relações com cada facção, mais localizações se tornam acessíveis e outros tipos de missões passam a estar disponíveis. Isto faz com que a nossa interação com cada fação seja um fator determinante na forma como o jogo se desenrola e no tipo de missões e regalias que passamos a ter ao nosso dispor. Mas também serão as nossas decisões que, em ultima instância, irão determinar o final de determinados personagens ou o apoio que eles nos dão para encontrar a nossa irmã.
Consoante as nossas decisões, escolhas e capacidades diplomáticas com as várias fações, Dying Light 2 acaba por oferecer um final que poderá variar. Dessa forma, será interessante voltar a repetir a aventura mas dessa vez com outro tipo de decisões.
Exploração e Parkour
A exploração e descoberta é parte integrante de Dying Light 2 e, mais que isso, é importante para a evolução do nosso personagem.
A cidade, distribuída por vários sectores, é grande o suficiente para entreter os mais curiosos e estende-se tanto na horizontal como na vertical. Quero com isto dizer que, os próprios edifícios e metropolitano escondem locais que podemos explorar e, muitas vezes, encontrar tesouros bastante valiosos.
Além da exploração da cidade, que invariavelmente nos traz mais algumas missões e atividades paralelas, existe sempre muito a acontecer pelas ruas de Villepor. Existe sempre um larápio para ser perseguido, um infetado especial à espera de ser apanhado, uma criança perdida que necessita da nossa ajuda…
Com uma cidade tão grande e não existindo meios de transporte convencionais, Aiden terá de se deslocar na maior parte das vezes a pé (existem alguns outros acessórios que vamos desbloqueando que permitem movimentações mais rápidas).
Seja em meras aventuras exploratórias ou seja no decorrer das missões, e uma vez que o chão se encontra pejado de Infetados, grande parte das deslocações será feita pelo telhado e cimo dos prédios e edifícios. Isso poderia ser um problema, não fosse o caso de Aiden ser um extraordinário atleta (cujas capacidades podem ser melhoradas usando inibidores encontrados pela cidade) e praticante de Parkour.
Com efeito, grande parte da mobilidade de Aiden assenta em várias manobras de Parkour. Desde que a sua resistência o permita, e poucos são os edifícios que não poderão ser escalados por Aiden. Essa resistência a que me refiro consiste numa barra que vai esvaziando consoante o esforço de Aiden pois, tal como na realidade, ninguém aguenta estar indefinidamente pendurado numa beira dum telhado.
São vários os movimentos de Parkour (chegam mesmo a existir desafios de rapidez para se chegar do ponto A ao ponto B) que Aiden tem ao seu dispor e que podem ser melhorados/desbloqueados no decorrer da nossa aventura. Pela nossa experiência, não tivemos problemas de maior e na grande generalidade dos casos, refletiram-se com fluidez e de forma competente.
Tanto as habilidades de Combate como de Parkour de Aiden podem ser melhoradas ao longo do jogo, através da aquisição de pontos de Habilidade e de Combate. Esse amealhar de pontos acaba por ser algo lento, o que acaba por ser positivo para o jogo, pois acaba por fazer com que os jogadores tenham de lutar bastante por eles, e sentir na pele uma real evolução do personagem.
Quando a noite cai
A diferença de jogabilidade entre dia e noite é abismal. A noite é bem mais perigosa que o dia mas, por outro lado, esconde muitas missões e tesouros que valem a pena arriscar.
À noite é quando a maioria dos Infetados saem dos seus esconderijos e vagueiam livremente pelas ruas da cidade, pelo que os edifícios ficam mais vazios. No entanto, se temos o azar de cair no meio deles (ou de encetar uma perseguição), temos de conseguir escapar (até mesmo porque as armas deterioram-se) para a segurança de um local com luz ultravioleta.
Adicionalmente, é também ao anoitecer que o facto de termos sido mordidos por um Infetado no inicio do jogo, se começa a revelar. Com efeito, longe da luz do Sol, a infecção começa a alastrar no nosso corpo e se não tivermos nenhuma luz ultravioleta, cogumelos ou outros acessórios por perto, corremos o risco de… sucumbir.
Este pormenor traz uma maior dose de pressão ao jogo. Com efeito, no decorrer de raides noturnos ou de fugas nas quais todos os Infetados parecem estar atrás de nós, a sensação de urgência criada pela nossa lenta transformação é quase palpável.
Lutar em Dying Light: Stay Human
O combate em Dying Light 2: Stay Human é bastante recompensador, em particular pelo facto de ser tão sádico e sanguinário. É extremamente viciante e gratificante sacar da nossa catana, perna de mesa, machado ou cano de metal e começar a desmembrar Infetados a torto e a direito.
No entanto, teremos de ter atenção ao estado da arma pois, cada uma tem a sua durabilidade e não dura para sempre. A boa noticia é que, as melhores armas encontradas no jogo, duram bastante mais que as restantes e podemos repará-las também. E o mesmo passa-se com as ferramentas, como por exemplo, se tivermos um nível de criação de lockpicks melhor, teremos menos probabilidades de as partir ao arrombar um baú.
Existem muitas armas no jogo e mesmo que fiquemos sem as que equipamos (podem ser 4), facilmente encontramos uma nova algures nas redondezas.
As missões noturnas e as investidas aos ninhos de Infetados são particularmente intensos e dão grande gozo. Quando entramos numa casa completamente recheada de tesouros e falta pouco tempo para o dia nascer, começamos a sentir o regresso dos Infetados… quase se consegue sentir a tensão a adensar. E, convém referir que, mesmo estando bem armados, jamais conseguiremos eliminar uma horda imensa de Infetados e se não houver um caminho de fuga rápido… Game Over.
E mais! Existe a possibilidade de fazermos inclusão de mods em algumas armas, criando modificações que lhes dão maior durabilidade e novos tipos de ataque, como por exemplo, choques elétricos.
No entanto, não será apenas contra os Infetados que iremos lutar e, combater esses pobres desgraçados é completamente diferente de lutar contra humanos. Estes últimos são mais inteligentes e usam táticas concretas, ao contrário dos Infetados que apenas nos atacam diretamente (consoante a sua classe).
A Techland incluiu ainda a possibilidade de ataques/movimentos furtivos. Por exemplo, podemos escondermo-nos em arbustos ou debaixo de mesas para tentar passar despercebidos. No decorrer da minha experiência de jogo, estas dinâmicas funcionam mal, sendo que por vezes não somos vistos e noutras somos, de uma forma quase aleatória. É pena, pois em muitas ocasiões, uma postura furtiva é a mais importante.
Por outro lado, a criação de itens de cura ou ferramentas, por exemplo, é algo que a Techland decidiu incluir no jogo sem a necessidade de bancadas ou outro tipo de locais específicos para tal. Basicamente, basta termos os ingredientes necessários e poderemos criá-los. Em alguns casos, para se poder isso é necessário ter as respetivas “receitas”.
Uma palavra para o capitulo sonoro que ganha bastante com os grunhidos e gritos que os Infetados lançam no ar. Num jogo destes os sons são bastante importantes, em particular nas situações em que se quer mais tensão e suspensa e realmente isso é conseguido, quando avançamos no meio de uma sala repleta de Infetados adormecidos e de repente um apenas ruge… é o suficiente para nos colocar em estado de alerta, e fazendo com que existam momentos de verdadeira tensão.
Ainda no capitulo sonoro, o trabalho de vozes está competente e o facto do jogo ter legendas é uma mais-valia óbvia.
Graficamente, e no que respeita às animações dos personagens, Dying Light 2: Stay Human poderia estar melhor. Já vimos bem melhor na Xbox Series X, faltando-lhes um pouco de vida e emoção. Quanto ao resto, o jogo encontra-se bastante competente com uma cidade (exteriores e interiores) bastante bem produzida, com detalhe e pormenores interessantes.
Impressões Finais
Quem gostou do primeiro jogo vai certamente gostar de Dying Light 2: Stay Human. Trata-se de um titulo bastante rico, em praticamente todos os aspetos do jogo que é capaz de manter entretido os jogadores durante largas dezenas de horas.
Com uma jogabilidade acessível e funcional, o jogo consegue momentos de adrenalina durante o dia e de tensão, durante a noite. Não esquecendo um complexa teia narrativa envolvendo a história principal e as principais facções em jogo.
Um jogo bastante competente, que não desiludirá os apreciadores do género que o queiram experimentar.