À medida que o tempo passa, torna-se cada vez mais interessante parar e pensar um pouco no passado. Sim, realmente é muitas vezes delicioso pensar em como eram as coisas, há 20 ou 30 anos atrás e perceber a evolução que ocorreu desde então.
Também no mundo dos videojogos, e se calhar a um ritmo bem alucinante que noutras áreas da sociedade, essa evolução traz esses momentos de introspecção e nostalgia. PCs, consolas e os próprios jogos têm sofrido ao longo dos anos sucessivos impulsos que os fazem chegar mais longe … que os fazem inovar mais …
Essa evolução é inevitável e consigo traz muitos finais de ciclos. Consolas que são descontinuadas, componentes de PC que ficam obsoletos ou jogos que perdem o seu fulgor.
No entanto, há uns quantos títulos que teimam em sobreviver. Mais que isso … evoluem e reinventam-se ao longo do tempo levando-nos à tal reflexão nostálgica de como era “no inicio”.
Poucos são esses jogos que vão sobrevivendo e muito menos os que são apenas de plataformas mas, Donkey Kong é um deles. Um autêntico sobrevivente.
Andando por cá há mais de 20 anos, o segundo gorila mais famoso do mundo voltou este ano ao nosso convívio, com um remake de Country Returns mas desta feita para a Nintendo 3DS. E em boa hora o fez.
Donkey Kong e o seu amiguinho Diddy enfrentam nova ameaça e somos nós que os vamos encaminhar, ao longo de oito fantásticos níveis de Country Returns até ao final. Uma tribo malvada (Tribo Tiki-Tak) enfeitiçou os animais da ilha de Donkey Kong e roubou as bananas e isso não pode ficar assim.
São oito níveis distintos divididos por várias secções cada um, deliciosamente recriados e com uma abundância visual esmagadora e onde o 3D da consola da Nintendo faz a diferença de uma forma suave e perfeita. Vê-se perfeitamente que a equipa de desenvolvimento dispensou a atenção necessária na análise do jogo e das potencialidades da consola de forma a trazer ao jogador a melhor experiência de jogo possível.
Há cenários para todos os gostos, e até podemos inclusive andar num carrinho de mina ao estilo de Indiana Jones ou montar o rinoceronte (Rambi).
Há até cenários em ambiente lusco-fusco o que é de louvar mas … trazem alguns problemas. O facto de não haver grande diferenciação em termos de cor no cenário, acaba por dificultar a descoberta dos itens com interacção ao jogador.
A inclusão do 3D apresenta-se neste aspecto de uma forma extremamente bem pensada, colocando ao jogador obstáculos que se vêem e isso faz toda a diferença. É claro que sem o 3D ligado também estão lá mas, não é a mesma coisa… de longe como por exemplo, quando um polvo gigante nos ataca com os seus tentáculos e o 3D dá-nos a indicação perfeita de até onde podemos ir. Mecânica muito bem pensada e bem desenvolvida.
Cada um representa uma área da ilha onde se passa a acção, seja a inspiradora praia, o incandescente vulcão ou as fantasmagóricas ruínas e não só o pano de fundo foi muito bem pensado e tratado como também os diferentes adversários que por lá vamos encontrando.
E esses adversários com que nos vamos deparando são variados e, mais importante que isso, são diferentes nos seus ataques e pontos fracos. O que nos leva a adoptar uma postura diferente de nível para nível. Mas também nos leva a perder algumas vidas na tentativa de os descobrir.
Diddy, também se junta à festa e com o seu poder de planar leva-nos a descobrir muito mais do cenário que aquilo que à primeira vista se vê.
Este é um pormenor importante pois cada cenário apresenta variados locais ou itens escondidos e por vezes apenas com forte persistência e um pouco de sorte os conseguimos encontrar. Aliás o jogo permite-nos repetir os níveis após os termos concluído e este será talvez o maior incentivo a repetirmos. Nada como os jogar outra vez e tentar descobrir os itens ou as letras KONG que nos faltaram.
As mecânicas de plataforming estão presentes em todo o jogo e os puzzles que vão surgindo são na sua maior parte simples ou fáceis de entender. No entanto nem todos são fáceis de ultrapassar. O jogo apresenta-se equilibradamente difícil. Nem é oferecido nem apresenta obstáculos inultrapassáveis.
Mas que há alguns que dão trabalho em ultrapassar, lá isso há. O que é bom, pois num jogo de plataformas o objectivo é também esse de nos obrigar a pensar um pouco em como derrotar determinado boss, como saltar pode determinado precipício ou como passar por uma muralha de água. E Donkey Kong tem isso tudo.
Donkey Kong apesar de ser um jogo de plataformas traz também algumas situações onde brinca com a posição da câmara. Na maior parte das vezes de uma forma bem pensada e sensata mas, por vezes inventa em demasia. Por exemplo no cenário da mina que referi acima, ao descermos a montanha no carrinho de mina a grande velocidade os programadores decidiram fazer com que a câmara fizesse Zoom Out e Zoom In em certas secções do percurso. Contudo, se vamos a grande velocidade e a câmara se posiciona com Zoom In, é bastante difícil reagir a tempo a um obstáculo que nos surge, e isso acontece algumas vezes, o quer dizer … vida perdida.
Felizmente, são apenas alguns exemplos desses que minam a jogabilidade viciante e divertida de Donkey Kong Country Returns.
É claro que é chato na altura e prejudica a aventura em certa medida, obrigando o jogador quase que a memorizar onde se encontram os tais obstáculos mas logo de seguida a aventura retoma com os níveis de vicio e emotividade em alta e tudo volta ao normal.
Creio não ser abuso indicar que para se jogar Donkey Kong é apenas necessário … querer jogar. O jogo é simples, intuitivo e com puzzles moderadamente exigentes que fazem do jogo um perfeito exemplo de como um jogo de plataformas deve ser. E mais … com um conjunto de novas mecânicas e novos puzzles Country Returns consegue manter o jogador agarrado à 3DS durante horas e horas até se passarem os avisos do jogo de que “Está a jogar há algum tempo. Deveria parar para descansar!”
Fiquei bastante satisfeito com os controlos, bastante responsivos e eficientes … aliás quem nos deixa mal por vezes é o próprio Donkey Kong, dada a sua falta de aptidão atlética … e são simples. Saltar, esmurrar, andar empoleirado, agarrar objectos, rebolar e pouco mais.
Por cada nível da ilha podemos ainda encontrar algumas lojas onde podemos comprar itens auxiliares com as moedas que vamos apanhando em cada secção. Balões que evitam que Donkey morra, corações extra ou um barril DK extra são alguns exemplos e por vezes tornam-se bastante úteis.
Como por exemplo, nos combates com os bosses na secção final de cada nível. A maior parte dos bosses são difíceis até encontrarmos a melhor mecânica de os derrotar mas, não pensem que é simples encontrar essa mecânica. Há bosses mais exigentes que outros e que necessitam de mais “atenção” tornando-se assim em bons desafios.
Tudo isto faz de Donkey Kong: Country Returns um dos melhores jogos de plataformas e puzzles que, saiu para a 3DS nos últimos tempos!
Nota Final- 8,7
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Donkey Kong: Country Returns foi uma agradável surpresa para a Nintendo 3DS. Com um equilíbrio perfeito entre divertimento e dificuldade torna-se no perfeito exemplo de como um jogo de plataformas deverá ser e com a inclusão de uma dose bem ponderada do 3D transforma-se num jogo perfeito para ser jogado na 3DS. É extremamente viciante e divertido e todos os possuidores de 3DS e que gostem de plataformas, será um Must Have, certamente. Um dos melhores jogos de plataformas para a 3DS. É caso para se dizer, toda a gente deveria ter um gorila destes em casa!
Gráficos: 8,6
Gráficos deslumbrantes repletos de vida e cor. Donkey Kong e Diddy iguais a si próprios. A inclusão do 3D traz consigo beleza e dinâmica completamente novas. Obstáculos 3D.
Som: 7,7
Efeitos sonoros regulares. Nada a apontar de negativo mas também sem algo que mereça destaque de maior.
Jogabilidade: 8,5
Jogabilidade simples e intuitiva com curva de aprendizagem não muito acentuada. Dificuldade moderadamente exigente. Muitas novas mecânicas de puzzles, obstáculos 3D, forma de derrotar adversários … variedade de desafios.
Longevidade: 9,0
Perigo de vicio!!!! Seja a solo ou com um amigo a comandar Diddy, Donkey Kong Country Returns é um daqueles jogos que tem mesmo de ter um aviso contra o vício. Capacidade de retomar níveis concluídos para obter 100%. Novo modo de jogo para os rookies e mais novos.