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Análise Chasing Dead (Wii U)

Já existiram várias ocasiões nas quais tivemos oportunidade de referir que a Wii U, por se tratar de uma consola Nintendo, desde sempre se viu (injustamente) marcada como uma consola infantil ou, menos séria.

Apesar de ter uma longa lista de jogos que aponta nesse sentido (a herança Nintendo) o que é certo é que tem um potencial muito mais lato, podendo ser explorada para jogos mais ambiciosos. Um dos principais problemas coloca-se ao nível das próprias editoras que nem sempre apostam nesta consola para o desenvolvimento dos seus jogos.

Seja como for, é inegável que a Wii U já apresenta muitos títulos mais exigentes e hard-core que desmistificam essa ideia. E é precisamente neste âmbito que surge Chasing Dead, um titulo da 2020 Venture Team um estúdio independente que se lançou à conquista da Wii U com este seu FPS Survival Horror.

O Pplware já jogou Chasing Dead.

Como todos sabem, a Wii U não é claramente conhecida como sendo uma consola de FPS (First Person Shooters). Aliás, este é um tipo de jogo bastante pouco explorado na consola da Nintendo e Chasing Dead surge assim como uma oportunidade que a 2020 Venture Team tentou aproveitar.

A história que dá força ao jogo será talvez o seu maior ponto forte. O jogo baseia-se no aparecimento súbito de um outro planeta ao lado da Terra, exactamente igual (uma réplica do nosso planeta azul). Esse planeta misterioso coloca-se assim a perto de 1 milhão de Km da Terra e como não poderia ser de outra forma é enviada uma equipa de especialistas internacionais (cientistas e soldados) para investigar o planeta.

No entanto algo acontece e deixa-se de ter contacto com esse grupo enviado para a nova Terra. É assim que o jogador entra em campo … vestindo a pele de Jake um Marine sofisticado, é enviado para o planeta na tentativa de descobrir o que se passa.

O jogo começa com uma introdução bastante interessante e prometedora. Uma emissão especial de noticias (filmagem com actores reais) revela-nos a ausência de contactos com a equipa enviada para o planeta e informa ainda que foi enviada uma missão de resgate (composta por um soldado cibernético, Jake).

Após essa breve introdução assistimos ao momento em que a nave de Jake chega ao planeta e inicia a descida, acompanhada por um broadcast de Luna, uma operacional da nossa unidade que vai surgindo ao longo do jogo dando-nos dicas e informações.

Estes broadcasts, filmados com actores reais encontram-se muito bem idealizados e entrosados no jogo. Apesar de se notar que os actores não são propriamente profissionais, vê-se um esforço em criar o ambiente necessário ao jogo.

Ainda neste primeiro momento a nave de Jake embate com um avião de passageiros aparentemente deserto e Jake é catapultado para dentro da aeronave, tendo como objectivo o de tentar atingir o cockpit e controlá-lo de forma a evitar a sua queda.

No entanto, cedo descobre que o avião não se encontra vazio …

Começa Chasing Dead. À medida que vamos avançando pelos corredores do avião vamos encontrando armas, munições, lanternas … e zombies. Muitos zombies. Mas também começamos a encontrar problemas … e não são poucos.

Bem … à medida que vamos avançando e, ainda sem encontrar zombies, deparamos-nos com o primeiro problema … quebras abruptas de frames e soluços constantes. É impressionante que tal aconteça com tamanha frequência, tornando demasiado irritante o simples facto de tentar andar.

Por outro lado, quando o conseguimos fazer, surgem outros problemas como a detecção de objectos e até mesmo de espaços vazios. Por exemplo, é estranhamente sofrível o simples passar das cortinas que dividem as secções do avião ou avançar pelos corredores entre os assentos.

Começamos também a apercebermos-nos de outro pormenor. Apesar da acção se passar no interior do avião e deste estar bastante escuro, começamos a perceber uma certa pobreza nas texturas, quase nos remetendo para um jogo da década passada.

O mais chato é que a maior parte destes problemas persistem com o avançar do jogo. Aliás, surgem outros novos.

A 2020 Ventures Team optou por oferecer a Chasing Dead um open-world disponível à exploração e descoberta. Este é um pormenor interessante e ambicioso e que tinha tudo para correr menos mal no meio destes problemas todos. O pior é que também este aspecto mostra outros problemas.

Por exemplo a distância de escrita no ecrã é extremamente curta e os edifícios e objectos vão surgindo demasiado perto do jogador mas ainda mais grave … devido aos constantes saltos do jogo, esses mesmos objectos, edifícios ou mesmo os zombies surgem de repente … é estranho e é mau que aconteça.

Sendo um jogo que aposta na mecânica de um open-world será de esperar um mini-mapa completo que nos dê um mínimo de informações sobre a nossa localização, objectivos, inimigos, … pois, Chasing Dead não tem nada disso. Aliás, os objectivos apenas surgem quando estamos muito perto deles e não é no mini-mapa que surgem (surge um marcador no próprio ecrã a indicar a distância do objectivo).

No entanto, matar zombies é sempre divertido e, apesar da grande oferta de títulos do género, Chasing Dead mantém esse espírito. Em abono na verdade, tenho de fazer um aparte e revelar que neste jogo conseguimos encontrar alguns zombies bem criados e com texturas agradáveis.

Seja como for, Chasing Dead presenteia o jogador com uma variedade impressionante de formas de despachar os mortos-vivos. Seja à machadada, à paulada, as socos, aos pontapés, usando caçadeiras ou pistolas, fazendo explodir bidões de gasolina, … tudo vale para os matar e torna-se extremamente gratificante e divertido despachá-los.

Apesar de alguns outros títulos mais completos neste capitulo, os desmembramentos que os nossos ataques provocam são bastante competentes, saltando braços, pernas, cabeças … apenas lamentando a má qualidade do sangue.

Um pormenor que me deixou algo surpreendido foi o facto da própria Nintendo deixar que surjam zombies crianças que, invariavelmente, também teremos de matar.

Armas, conforme mencionei, são mais que muitas … e encontram-se espalhadas pelo cenário. Aliás, até alguns veículos são passiveis de conduzir (apesar de padecerem de problemas de condução). Bem, mas quanto às armas, existe uma grande variedade, aumentando assim o leque de opções para arrebentar com os zombies.

E isso poderia ser um ponto bastante a favor do jogo se não existissem graves problemas de detecção de colisões. Infelizmente, é frequente dispararmos uma arma a apontar para um zombie e não acontecer nada, bem como também é frequente apontarmos ao lado e acertarmos em cheio. Ou então apontarmos à cabeça de um zombie caído e acertarmos-lhe algures no braço ou na perna. Bem … dá para ter a ideia, certo?

Aparte do enredo que é deveras interessante ou da inclusão de vídeos com actores reais, existem ainda alguns outros aspectos mais positivos. Por exemplo, os efeitos sonoros encontram-se minimamente competentes desde os sons das armas, dos veículos, da chuva, do terreno, …

Como referi inicialmente a inclusão dos broadcasts de Luna como auxiliar à missão e a forma como ela interage com Jake está bastante bem entrosada dando ao jogo uma ambiência de filme de terror de classe B, e com um certo carisma, um certo apelo.

Mas isto são algumas gotas de água no oceano tumultuoso que Chasing Dead se veio a revelar. É pena, pois acredito que haveria espaço para mais, mesmo para um Estúdio Independente.

Veredicto

Chasing Dead poderia ser um dos jogos survival horror de referência para a Wii U. Com uma história extremamente interessante e algumas boas ideias, faltou a concretização técnica das mesmas. Creio que se poderá explicar em parte uma vez que estamos a falar de um estúdio independente mas, creio que se poderia exigir ainda um pouco mais. Apesar de me ser impossível recomendar o jogo, não posso deixar de reforçar que Chasing Dead apresenta algumas boas ideias e que, com outras condições, talvez conseguisse ter uma qualidade final (para a Wii U) bastante melhor.

Chasing Dead

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