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Análise Catherine (Playstation 3)

De vez em quando saem jogos para as lojas que, por diversos motivos, conseguem verdadeiramente surpreender. Seja por mecânicas inovadoras e arrojadas, por enredos completamente diferentes ou pelo uso de tecnologias revolucionárias trata-se de títulos que conseguem fazer a diferença num Mundo dos Videojogos que luta por se manter atractivo e inovador.

Precisamente no mês em que se celebrou o Dia dos Namorados, tivemos a oportunidade de testar Catherine (que já cá anda há alguns tempos), um jogo de puzzles (e não só!) que retrata os amores e desamores, as dúvidas e certezas ou os medos e confianças de Vincent, um simples e comum tipo que ….. namora!

Apesar do enredo de arranque para este Catherine ser, aparentemente simples, este jogo não tem nada de comum e tornou-se num caso sério de vício aqui por estas bandas.

Mas… vamos ler um pouco mais!

Conforme já indiquei acima, Catherine é um jogo cuja história baseia-se em Vincent. Vincent é um tipo no inicio dos trintas que, com uma vida normal e uma namorada com a qual tem uma relação estável … embora ao longo do jogo, algumas nuvens de dúvida surjam no horizonte. Voltando ao nosso personagem, Vincent divide o seu tempo no jogo entre a companhia de Katherine (a sua namorada), os amigos no bar do bairro e ……. na companhia de Catherine, uma nova amiga que faz após os primeiros momentos do jogo. Ora, como já devem estar a perceber, esta Catherine é o elemento central do jogo e que vai transformar a vida de Vincent num autêntico filme de terror e dúvida. Isto porque além de Vincent se envolver numa relação com Catherine, que se vem a demonstrar muito ciumenta, mas também porque Katherine afirma estar à espera dum filho seu.

Entretanto por esta altura começam a surgir terríveis pesadelos a Vincent todas as noites aos quais Vincent tem de sobreviver pois tratam-se de pesadelos mortais. Estes pesadelos correspondem, numa forma bastante original e diferente, às secções de jogo e apresentam-se como níveis de puzzles onde temos de escalar autênticas pirâmides massivas de cubos até ao topo … isto num ambiente altamente claustrofóbico e ameaçador.

 

Gráficos: 8,6

Graficamente, Vincent não é um assombro, mas tudo o que faz, faz bem. O jogo pode-se dividir basicamente em duas áreas diferentes.

Conforme adiantei acima, quando Vincent tem os tais pesadelos é quando efectivamente entramos na área dos Puzzles e nada a apontar neste capítulo. A própria escolha das cores e texturas para estes ambientes, embora possa parecer pouco polida creio ter sido precisamente assim criada para conseguir criar aquela sensação de masmorra infernal e aterrorizante. Se a isto adicionarmos os fundos diferentes para cada secção e as personagens que vão aparecendo nestas secção para nos dificultar a vida (Catherine, Katherine, bebé gigante, …) estas áreas de puzzles atingem em cheio o que se pretende.

No entanto, e como disse anteriormente também, o jogo divide-se nessas secções de Puzzles (pesadelos)e o tempo em que Vincent está acordado. Na companhia dos amigos ou de alguma das Catherine/Katherine estas secções passam-se num estilo cartoon, muito manga-style e estão perfeitas. Na prática é quase como jogar um filme manga.

Som: 8,3

Catherine traz-nos uma experiência sonora simples mas coerente.

No do dia-a-dia, com os amigos ou com as Catarinas, as conversas são feitas de forma bastante simples e os actores que emprestaram as suas vozes, fizeram-no com bastante interesse e conseguiram realmente transpor para o jogo as emoções de cada altura e de cada conversa.

Durante as secções de puzzles temos, além dos obrigatórios sons dos cubos a serem arrastados ou destruídos que encaixam perfeitamente no que vemos no ecrã, os sons do nosso personagem enquanto sobe na pirâmide e vai tecendo alguns comentários ou desabafos.

Temos também nestas secções uma banda sonora que consegue e bem aumentar ainda mais a tensão quando temos de subir a pirâmide ao mesmo tempo que fugimos duma Katherine em fúria … ou dum bebé a chamar-nos constantemente “Daddy” com uma voz quase fantasmagórica, enquanto nos tenta matar com uma sapatada.

Há no entanto uma coisa que me irritou particularmente … quando chegamos perto do final duma pirâmide, começa a surgir um gongo de relógio a indicar que estamos perto … mas acreditem que esse som, tanto pode ter de libertador como de stressante.

Jogabilidade: 8,8

Catherine é um jogo portentoso. Como já vos disse o jogo divide-se em duas secções distintas. A secção do dia-a-dia e a dos pesadelos.

Embora no dia-a-dia as coisas sejam bem mais facilitadas e menos exigentes, pois trata-se de jogar secções animadas ao estilo manga, há também certos pormenores muito importantes para o desenrolar do jogo. Antes do mais queria indicar que em Catherine existe uma barra do Bem versus Mal algo diferente. Normalmente o Bem contra o Mal é algo muito específico, centrando-se em acções boas contra acções más, mas neste Catherine as coisas são bem mais …. peculiares. Como já devem ter-se apercebido a questão principal por detrás do jogo corresponde ao assumir compromissos. Por um lado temos Katherine que começa a falar em casamento logo ao inicio do jogo e que nos indica estar grávida e por outro lado temos Catherine que é uma moçoila livre e liberal que ao mesmo tempo afirma não querer compromisso. Esta á a premissa principal e que nos vai acompanhar ao longo do jogo. Assim sendo as nossas acções são valorizadas entre as decisões que apontam mais num sentido de Compromisso ou de Descompromisso!

Essas decisões surgem no dia-a-dia e a qualquer momento ou interacção com os nossos amigos, ou com alguma das Catarinas. Por exemplo, se Catherine num dia, nos pergunta se queremos que ela apareça em nossa casa à noite e respondemos que sim, aumenta a nossa pesagem para o lado da Descompromisso. No entanto se respondermos não já aumenta a barra para o lado do Compromisso! Um outro meio que frequentemente altera a nossa posição na barra do Compromisso é o telemóvel, pois muitas vezes comunicamos com as Catarinas por SMS e consoante as nossas respostas (existem sempre várias opções) tal será a movimentação na barra.

Ao longo dos puzzles existem determinados Checkpoints a meio das escaladas das pirâmides, onde temos de ir ao confessionário e nos fazem perguntas relacionadas com esta duplicidade e que também afectam essa nova barra.

Resta indicar que a nossa posição final na Barra do Compromisso determina os finais que iremos presenciar quando terminarmos o jogo.

Entretanto, e enquanto acordado Vincent vai tentando perceber que pesadelos são aqueles e se são verdadeiros e, com a ajuda de diversos outros personagens que aparecem no bar (e noticias na própria TV) vai-se apercebendo de algo bem mais assombroso.

Nas secções de Puzzles é onde se passa a maior parte da acção e onde se passa a maior parte do desespero também.

A jogabilidade destas secções de puzzles é simples, mas tal não é o mesmo que afirmar que é fácil. Tenho de admitir antes de avançar mais que, Catherine, em modo Fácil é Difícil, em modo Normal é Muito Difícil e em modo Difícil é …………… aterrorizador. Pode-se mudar o nível de dificuldade a qualquer momento e acreditem, tive de o fazer por algumas ocasiões … tal o sufoco.

A mecânica é como disse, simples. Basicamente começamos na base duma pirâmide de cubos e temos de subir até ao topo onde encontramos uma porta de saída do pesadelo. No entanto, e embora possa parecer algo repetitivo acaba por não o ser completamente, pois a cada nível são incluídos factores novos que vão acrescentando alguma inovação ao desafio, bem como mais alguns níveis de dificuldade e frustração. Catherine é um jogo que é bem capaz de vos ir buscar os limites da paciência, tornando-se por vezes muito frustrante. O que por outro lado, também o torna num jogo extremamente gratificante por cada nível que completamos.

Essas inovações bem podem ir de acrescentar novos tipos de cubos, como por exemplo cubos que se partem depois de passarmos por cima deles, como de acrescentar cubos que escorregam e que um passo em falso pode querer dizer uma escorregadela até ao Loading do ultimo savepoint. Outros elementos são também adicionados para causar ainda mais aquele efeito de stress e urgência como por exemplo, aparecer uma Catherine gigantesca armada com um garfo atrás de nós enquanto tentamos desesperadamente escalar a pilha de cubos.

Já agora convém mencionar que essas aparições destes elementos estão relacionados com algo que se passa sempre na realidade, como por exemplo, o bebé gigante aparece quando Katherine nos diz que está grávida. Entretanto e enquanto subimos as pirâmides vamo-nos deparando com algumas ovelhas a escalarem a mesma pilha, e que em certas alturas tentam mesmo dificultar-nos a vida. A existência destas outras ovelhas (aparentemente elas também vêem Vincent como uma ovelha) está relacionada com o tal segredo que Vincent se vai apercebendo na realidade.

Nos intervalos entre as secções de escalada encontramos áreas de algum descanso onde se encontram as tais ditas ovelhas (como nós). Aqui podemos fazer Save e inclusive falar com algumas dessas ovelhas e perceber parte do tal segredo. Algumas dessas ovelhas servem também como tutorial para a secção que se aproxima ensinando-nos certas técnicas de escalada. A passagem para a próxima secção é feita no confessionário que indiquei mais acima. A cada resposta dada no confessionário é-nos mostrado um resultado online…

Uma das particularidades que torna Catherine tão incrivelmente viciante é que os puzzles não têm uma solução única, sendo nós que as vamos construindo à medida que vamos movendo os cubos dos níveis inferiores. Embora possamos antecipar várias jogadas, há muito mais que se passa que não vemos e que exige um grande poder de improvisação e raciocínio rápido. A curva de aprendizagem em Catherine acaba por ser equilibrada, dentro da dificuldade imensa do jogo. Em cada episódio, temos normalmente 2 ou mais secções nas quais a primeira é a de aprendizagem às mecânicas desse episódio (por exemplo, num episódio apenas se empurram ou puxam cubos, enquanto que no seguinte, há cubos que nos fazem escorregar e cair no precipício) e isso ajuda um pouco a perceber a técnica a usar. No entanto, não pensem que isto vos ajuda muito a evitar algumas situações de desespero total.

Há no entanto uma falha que deveria ter sido tratada convenientemente. As secções de Puzzles são vistas numa perspectiva 3D que se apresenta algo limitada. Isso porque embora se veja a pirâmide de frente numa perspectiva 2D, quando o nosso personagem se desloca para trás de algum cubo, podemos rodar a câmara mas apenas até um determinado ponto não permitindo acompanhar esse movimento na totalidade e perdermos assim a noção de onde se encontra Vincent. É claro que num jogo de puzzles e em que um passo em falso pode provocar uma queda mortal e um loading, isso torna-se chato.

Outro aspecto negativo será o facto de nem sempre os comandos reagirem adequadamente, especialmente quando estamos sob pressão e necessitamos de puxar um bloco e Vincent teima em empurrar apenas o do lado. Esta é uma situação que acontece algumas vezes e que se torna algo frustrante, especialmente porque nos níveis finais de cada secção o tempo urge.

Longevidade: 8,3

Terminada a campanha, que pode demorar várias horas (mais duma dezena), dependendo da dificuldade escolhida e do tempo de demora em comprar um novo controlador, desbloqueamos novos modos multiplayer onde a diversão consegue ultrapassar o sofrimento enquanto tentamos evitar que um nosso amigo chegue ao todo do puzzle primeiro que nós.

Nota Final- 8,7

[0…....10]

Catherine é um jogo que me surpreendeu bastante. A sua complexidade moral bem como a mecânica imposta que interliga essa complexidade com o jogo e com os puzzles deixou-me desde o inicio arrebatado. Catherine é um jogo sobre compromissos e como tal jogar Catherine é por si próprio um compromisso. É um jogo que, embora possa ser considerado algo repetitivo na mecânica dos próprios puzzles, sabe cativar quem está determinado em saber o que se passa com Vincent. Viciante, inovador, exigente, frustrante, complexo, psicológico, apaixonante … são alguns dos adjectivos que rapidamente me surgem à cabeça quando penso nas longas horas que joguei Catherine.

 

Género: Puzzles Plataforma Analisada: Playstation 3 Outras Plataformas: Xbox 360 Homepage: Catherine

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