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Análise Aliens: Colonial Marines (Playstation 3)

Sou fã dos filmes Aliens desde o primeiro momento em que saíram para os ecrãs. Tenho-os todos, inclusive os menos bem conseguidos AVP: Alien versus Predator e tenho de confessar que já vi cada um deles em mais ocasiões que os dedos de uma das minhas mãos (pelo menos).

Pessoalmente estes filmes encontram-se na minha escala particular, ao mesmo nível que Guerra das Estrelas ou O Senhor dos Anéis.

E foi precisamente devido a este meu gosto pelos Xenomorphos mais conhecidos do Mundo, que têm ácido em vez de sangue, que peguei neste Aliens: Colonial Marines, repleto de excitação e de ansiedade.

Devo reconhecer que um dos melhores jogos que já tive oportunidade de experimentar neste Universo foi Aliens versus Predator 2, de 2001 para PC que, apesar de imiscuir duas realidades distintas (Aliens e Predator) trouxe para um videojogo todo o cocktail de emoções fortes a que os filmes nos habituaram.

Foi então com, high hopes que parti para a aventura de Aliens: Colonial Marines!

A história de Colonial Marines ocorre algures após o segundo filme, e encarnamos o Marine Christopher Winter, que é enviado com a sua companhia na nave USS Sephora, numa missão de salvamento. Acontece que a nave U.S.S. Sulaco, nossa conhecida, deixou de estar comunicável perto do planeta LV426 apenas enviando um sinal de pedido de auxilio. A partir desse momento estão lançados os dados para a aventura…

Com esta premissa saltamos então para a acção, numa tentativa de descobrir o que se passou na Sulaco e acabamos por nos ver entrincheirados entre Aliens, por um lado, e mercenários da Weyland-Yutani a nossa conhecida corporação que tão bem tratou da nossa amiga Ripley.

Após uma parte inicial do jogo passada dentro da nave, esta acaba por se destruir e somos obrigados a aterrar de emergência no planeta, onde a aventura continua até perto do seu final.

A história, apesar de parecer um pouco comum, acaba por assentar devidamente no Universo Aliens e não será por aí que o jogo não consegue atingir melhores resultados.

E é precisamente por aí que irei começar a minha análise. Pela minha decepção no que respeita a tudo o que o jogo poderia oferecer mas teima em não o conseguir.

Como qualquer fã dos filmes terá em conta, um ambiente Aliens tem de ser obrigatoriamente um ambiente adverso e hostil ao jogador, no qual tudo o que nos rodeia é um potencial esconderijo para um destes seres, ou que estamos a todo o momento com os batimentos cardíacos a altos ritmos. Em Aliens: Colonial Marines esses momentos acontecem mas … a espaços.

É pena, pois quando esses momentos surgem, surgem em força e pregam-nos verdadeiros cagaços mas, a maior parte do tempo o jogo apresenta-nos um shooter normal.

Ainda me recordo de uma situação em Alien versus Predator 2 em que, a dada altura, num corredor escuro, um cano de gás parte-se imediatamente a seguir à nossa passagem. Nesse momento, lembro-me perfeitamente de ter gasto um round de munições e tive de fazer uma pausa. Em Colonial Marines de vez em quando também apanhamos esses sustos que nos levam a premir o gatilho como se não houvesse amanhã mas são demasiado espaçados.

Tão espaçados que há ocasiões em que quase não merece a pena usar o Detector de Movimentos, pois os Aliens surgem à nossa frente e vêm ter connosco de uma forma absurda.

É um pouco absurdo que, agora depois de ter terminado o jogo, chegue à conclusão de que não precisaria do Detector de Movimentos em metade das ocasiões, isto porque os Aliens sempre se comportaram de forma demasiado previsível.

No entanto, tenho de referir que o Detector de Movimentos, encontra-se simplesmente irrepreensível e quando detecta algum movimento tem o poder quase sobrenatural de nos gelar o sangue. Aquele som à medida que algo se aproxima … hmmmm … delicioso.

No entanto neste capitulo do som, nem tudo são rosas. Aliás, há alguns espinhos. Se bem que a banda sonora se encontra bastante aceitável e consegue acompanhar a acção e ritmo que vemos no ecrã, as vozes dos actores estão na maior parte dos casos demasiadamente despidas de emoção. Há claramente momentos em que os actores apenas leram os seus guiões e esqueceram-se que tinham de representar também. Irrepreensível a voz do Bishop que é dada pelo actor original, Lance Henriksen.

Bishop que não é a nossa única cara conhecida que vemos em Colonial Marines e mais à frente no jogo vamos encontrar …. Hicks. Estranho, não é? Eu achei.

Enfim, esses dois personagens estão graficamente muito parecidos com os actores reais mas padecem do mesmo problema que todos os personagens humanos, são máquinas de guerra inexpressivas e com SuperCola 3 nas bochechas. Tanto no meio do jogo, como nas animações, é lamentável a falta de emoção atribuída a cada personagem quando se pronunciam. Hoje em dia não basta fazer mexer os lábios e a tecnologia há evoluiu ao ponto de fazer faces mais humanas.

No entanto no computo geral, a nível gráfico o jogo não se apresenta assim tão catastrófico. Aliás, tem bastantes bons pormenores, desde os corpos espalhados pelo chão, escombros, buracos nas estruturas provocados pelo ácido dos Aliens …

Existem ainda determinadas infraestruturas (edifícios) em LV-426 que, tal como no Alien 2, surgem completamente cobertas por aquela substância que os Xenomorphos produzem o efeito visual está bastante bem conseguido. É pena, no entanto, que isso não tenha sido melhor usado conforme mencionei acima. Seria de esperar que quando passássemos por essas zonas houvessem Aliens a sair por todos os buracos e entrássemos num frenesim de tiro em tudo o que mexa mas não é o que acontece. Lá vem um Alien de vez em quando, ou dois mas tranquilo.

E uma coisa que me chateou imenso. A maior parte das vezes os Aliens atacam pelo chão, não aproveitando a mais-valia estratégica do tecto e paredes. Bolas para isso.

O jogo deveria obrigar-nos a avançar com mais cautelas defensivas que as que na realidade nos obriga e essa é, para mim a grande falha. É pena que os Aliens passem mais tempo a ser uma chatice que um susto.

Os Xenomorphos por seu lado, estão relativamente bem desenhados mas aqui ou ali também se notam alguns problemas. Existem várias subespécies de Aliens. Os tradicionais, outros maiores que parecem rinocerontes e uns que cospem ácido. E a Rainha, claro!  Ok, que acaba por ser interessante defrontar variados tipos de Aliens, mas bolas … aqueles que referi que parecem rinocerontes, são burros como tudo e é pena que passem grande parte do tempo apenas a … marrar.

 

Os vídeos intermédios dão-nos informações sobre Colonial Marines e aqui ou ali vão dando mais algumas dicas sobre o Universo Aliens e acabam por ser uma boa forma de fazer a ponte entre capítulos.

No decorrer do jogo temos à nossa disposição variadas armas nossas conhecidas. Temos as normais Machinegun de assalto, as potentes Shotguns e as mais fraquinhas pistolas pessoais, mas extremamente úteis para matar os Xenomorphos bebésOcasionalmente também nos é permitido montar metralhadoras pesadas fixas tal como as usadas no segundo filme e estas funcionam bastante bem.

Aliás, O jogo deixa-nos uma sensação de Deja Vu, especialmente em relação ao segundo filme. Pena a sensação predominante é de que, já se viu tudo o que o jogo oferece, não havendo grandes novidades. As localizações, os personagens, os diálogos, … tudo parece muito visto, gasto. 

Até já visto é o combate final que me desiludiu imenso. Nem tanto por ser um combate copy-cat do filme na sua mecânica mas por ser estupidamente simples e fácil. Terminei o combate final em apenas 2 tentativas e uma delas morri porque não percebi uma mecânica de alavancas que é preciso usar e morri no centro do hangar a olhar para elas.

A Gearbox teve tudo à sua mercê para criar um jogo exigente e que nos colocasse o coração nas mãos, mas teima em lançar autênticos baldes de água fria quando estamos prestes a atingir um clímax. É pena, muita pena.

Conforme mencionei acima, o jogo é um shooter e consegue mesmo assim adicionar uns pozinhos de perlimpimpim pelo meio. Por exemplo, escondidos pelos cenários existem variadas Dog Tags que vamos acumulando, ou existem Audio Logs escondidos e isso vai enriquecendo um pouco a nossa aventura, pois obriga-nos a inspeccionar bem o meio ambiente.

De louvar algumas secções do jogo que surgem como tentativas claras de aumentar a diversidade da experiência  Por exemplo, numa secção do jogo, ainda na nave Sulaco, avançamos desarmados pelos esgotos e temos de passar despercebidos por inúmeros Aliens em estado letárgico, mas que ocasionalmente acordam e se deslocam. É uma secção do jogo totalmente direccionada para uma abordagem stealth, o que é de louvar.

Creio que o que notei mais falta em Aliens: Colonial Marines foi do medo.

O jogo apresenta ainda vários bugs que são um pouco chatos. Por exemplo, em determinadas secções os nossos camaradas acabam por estupidificar e ficar parados esperando que nós avancemos ou noutras avançam feitos doidos pelo meio de dezenas de Aliens. Uma outra coisa que não gostei nada no jogo, foi da decisão da equipa de desenvolvimento em fazer com que os tiros que damos “trespassem” os nossos camaradas, acertando nos Aliens por detrás deles. É estúpido e irreal.

No Multiplayer estes problemas são semelhantes mas ainda conseguem ir a um extremo. Para podemos andar na paredes e tectos com os Xenomorphos, temos de pressionar o gatilho esquerdo e mantém-lo premido enquanto nos deslocamos. Se largarmos o gatilho, caímos. Senti que essa mecânica é chata e pouco prática. Mais valia terem a opção de premir o gatilho para colocar em Modo Parede/Tecto e premir novamente para Modo Chão.

É pena que não hajam veículos que se possam conduzir e que o mais próximo de tal, seja apenas a possibilidade de conduzir um daqueles Mechs empilhadores gigantes com o qual a Tenente Ripley deu uma coça a uma das Rainhas.

Mais atrás mencionei que existem alguns tipos diferentes de armas mas convém mencionar que todas elas podem sofrer alguns aperfeiçoamento, tais como melhores miras, maior capacidade de munições ou maior pontaria. No entanto, é uma mecânica simples.

Há certos eventos que são tão óbvios que acabam por ser ingénuos. Existem determinadas alturas em que temos de matar um Aliens por exemplo e, mesmo que algum nosso camarada esteja mesmo ao lado, vai esperar que nós o matemos.

Conforme mencionei, pelo caminho, vamos também lutando contra os mercenários da Waylan Corporation dando lugar a algumas situações interessantes quando por exemplo, entramos numa sala onde as tropas da Waylan Corp estão a ser atacadas pelos Aliens e nós entramos em cena e é o caos total.

Demorei pouco mais de 6 horas a terminar o Singleplayer, o que acho pouco e vem de encontro à sensação de que o jogo é demasiado fácil e previsível.

De louvar na vertente multipayer, a existência de um Modo Co-Op que pode ser local ou online e que se trata claramente de uma boa adição ao jogo.

Uma das coisas mais irritantes e que ocorre tanto no singleplayer como no Multiplayer é o facto de quando alguém avança demais, os restantes são tele-transportados até perto do primeiro e isso é ridículo e potencialmente perigoso para os jogadores.

Os restantes modos Team Deathmatch, Escape, Survivor ou Extermination, são modos interessantes mas que pecam, na minha perspectiva, pela dificuldade em se jogar com os Aliens, ou pelo menos a forma complicada de usar uma das suas mais-valias, que é o andar pelo tecto, paredes e condutas.

No entanto, continua a ser brutal a satisfação de se encarnar um Alien e de destroçar um marine em pedaços, com um ataque vindo do tecto.

 

Nota Final- 6,0

[0…....10]

 

Como fã incondicional dos filmes tenho de referir que me senti algo defraudado pelo jogo. Estava à espera de um shooter, mas de um shooter que me mantivesse sempre em sobressalto e que me levasse de 5 em 5 minutos a fumar um cigarro para me acalmar. Esta à espera de um jogo que me desse pesadelos quando me fosse deitar. Infelizmente nada disto aconteceu, ou pelo menos, nada disto aconteceu com frequência. Aqui ou ali o jogo consegue mostrar todo o potencial do que poderia ter sido mas na maior parte do tempo é um simples shooter, que ainda por cima mostra alguns problemas em termos gráficos e de interface. É pena, pois o jogo não está mau para FPS, mas com a chancela Aliens, exigiria muito mais.

 

Gráficos: 6,5

Gráficos razoáveis mas que se exigiriam com maior detalhe e mais sombrios. No entanto, não é apenas pelo grafismo que o ambiente Aliens não é totalmente atingido. Personagens sem emoções. Vídeos e animações intermédias entre secções e níveis interessantes e que servem de apoio à história.

 

Som: 7,0

Banda sonora que acompanha a acção e o ritmo do jogo. Vozes fracas e sem alma e emoção, na maior parte dos casos. Efeitos das armas bons e um Detector de Movimento que está irrepreensível.

 

Jogabilidade: 5,5

Mecânicas de níveis demasiado repetitivas. Excesso de facilitismos e de previsibilidade. Momentos de estupidez dos nossos camaradas e dos próprios Aliens. Problemas de controlo dos Aliens no Multiplayer. Alguns níveis diferentes que funcionam como uma lufada de ar fresco na jogabilidade. Elementos tradicionais de um shooter.

 

Longevidade: 7,0

Não é desta que ganho calos com os comandos da PS3 a jogar Aliens. 6 horas para terminar o singleplayer podem ser ultrapassados por uma vertente multiplayer entusiasmante e competitiva. Modo Cooperativo é uma mais-valia apesar de alguns problemas.

Género: First Person Shooter Plataforma Analisada: Playstation 3 Outras Plataformas: Xbox 360, Nintendo Wii U (data a confirmar), Windows PC Homepage Aliens: Colonial Marines

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