Em 1974, foi criado o chamado “Darwin Correspondence Project”, com o objectivo de publicar a edição definitiva dessas cartas, das quais 5.000 estarão disponíveis em todo o mundo, à simples distância de um clique. O projecto “Darwin on-line” reúne a maior colecção de escritos de e sobre Darwin e inclui mais de 50.000 páginas de texto, arquivos de áudio e 40.000 imagens, segundo a Universidade britânica.
Cada carta foi digitalizada e editada cuidadosamente, o que exigiu a decifração da escrita vitoriana e, também, complementada com referências cruzadas e notas esclarecedoras. As notas de rodapé junto à cronologia, e outras explicações do “Darwin Correspondence Project”, ajudam a situar as cartas no seu contexto e permitem ter a ideia não só da evolução do pensamento de Darwin mas também da sua própria pessoa.
Fonte de observações científicas
Estas cartas não são apenas uma fonte extraordinária de observações científicas, oferecendo, também, muitas delas dados relevantes sobre os seus hábitos pessoais. Filho e neto de médicos, Darwin estudou Medicina durante dois anos em Edimburgo para logo seguir o estudo de Teologia em Cambridge, onde um dos seus professores, o naturalista John Stevens Henslow, lhe despertou o interesse para as Ciências Naturais.
Por recomendação desse professor e apenas com 22 anos, embarcou no HMS Beagle, como naturalista de uma expedição à volta do mundo que durou quase cinco anos: desde 27 de Dezembro de 1831 até 02 de Outubro de 1836. Nessa viagem, durante a qual percorreu as costas atlântica e pacífica da América do sul, Darwin estudou as águas e correntes oceânicas e fez expedições terrestres para recolher espécimes da fauna e da flora locais.
Inspirado pelo “Ensaio sobre o princípio da população” do economista Thomas Malthus, que falava sobre o crescimento exponencial da população mundial, o esgotamento dos recursos e o triunfo dos mais fortes, Darwin desenvolveu a sua teoria da selecção natural. Segundo Darwin, os seres vivos têm uma ascendência comum e a diversidade das espécies é o resultado da selecção natural ao longo dos séculos.
Ao seu livro mais famoso, “A Origem das Espécies”, publicado a 24 de Novembro de 1859, seguiu-se, em 1871, “A Origem do Homem”, que explica a Teoria da Evolução do Homem, apresentando-o como um “parente” do macaco. Esta Teoria foi combatida duramente por alguns teólogos, que o acusaram de negar a existência de Deus, polémica que encontra prolongamento no actual debate com os chamados “criacionistas”.