As ferramentas de Inteligência Artificial (IA) tomaram o mundo de assalto há cerca de um ano, dando-lhe a conhecer aquilo de que são capazes. Ora, num ano repleto de eleições importantes, como será o de 2024, poderemos não estar preparados para o impacto da tecnologia.
De facto, a IA está a ser estudada há largos anos. Contudo, só recentemente fomos chamados (nós, público) a considerar o seu verdadeiro potencial. Aliás, não passou muito tempo desde que foram colocadas à nossa disposição ferramentas úteis e intuitivas equipadas com a tecnologia.
Por já se ter visto como (re)age o mundo, em tempo de eleições – especialmente nas grandes potências -, especialistas alertam que poderemos não estar preparados para o impacto da IA num período tão sensível quanto o que se avizinha.
Capacidades da IA podem ser problemáticas em ano de eleições
Além das eleições legislativas marcadas para o dia 10 de março, em Portugal, o Reino Unido deverá realizar eleições gerais, os Estados Unidos da América (EUA) terão eleições presidenciais, e o país mais populoso do mundo, a Índia, votará no seu próximo primeiro-ministro.
Estas eleições marcarão o ponto de partida de uma realidade um tanto diferente: serão as primeiras, desde que as ferramentas generativas de IA, como o ChatGPT e o Midjourney, se tornaram populares.
Segundo Martina Larkin, executiva-chefe do Project Liberty, uma organização sem fins lucrativos que procura promover a segurança na Internet, os políticos estão “no topo da pirâmide”, quando se trata de desinformação impulsionada pela IA.
As imagens que já conhecemos como deepfakes são, para os especialistas, particularmente preocupantes. Afinal, o Presidente dos EUA, Joe Biden, o seu possível adversário, Donald Trump, e o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, foram, repetidamente, vítimas desse tipo de vídeo.
A par destes, também a voz do líder trabalhista, Sir Keir Starmer, foi clonada para fins nefastos, de acordo com o Sky News.
Conforme alertado por Martina Larkin, essa desinformação poderia espalhar-se “numa escala muito maior” no período que antecede as eleições de 2024.
Por sua vez, Kunal Anand, que administrava a segurança do outrora dominante MySpace, disse que uma combinação de IA generativa, bots e redes sociais poderia, como nunca, “acelerar narrativas falsas”.
Assim sendo, apesar de, na sua perspetiva, as plataformas terem a “responsabilidade” de remover conteúdo falso, os eleitores devem acautelar-se.
As pessoas precisam verificar o que veem, mais do que nunca. Não é fácil detetar deepfakes. Mas, se algo parecer questionável, verifique. Esteja ciente do viés de confirmação e diversifique as suas fontes noticiosas.
Aconselhou Kunal Anand, incentivando as pessoas a “brincar” com as ferramentas, de modo a compreenderem o seu funcionamento e as suas capacidades.