As questões de direitos de autor continuam a ser uma área cinzenta da Inteligência Artificial. As obras de milhares de criadores estão a ensinar a IA generativa, estão a ajudar a criar novas obras ou a servir de fonte nos resultados, mas os criadores não estão a ser recompensados. Agora, mais de 8000 escritores estão a assinar uma carta aberta dirigida às empresas de IA generativa como a OpenAI, Meta e Google, e ameaçam com processos.
A carta aberta parte do Authors Guild, a maior e mais antiga organização profissional para escritores da América, e é dirigida aos líderes de IA generativa. Em concreto é endereçada a Sam Altman, CEO da OpenAI; Sundar Pichai, CEO da Alphabet; Mark Zuckerberg, CEO da Meta; Emad Mostaque, CEO da Stability AI; Arvind Krishna, CEO da IBM; e Satya Nadella, CEO da Microsoft.
Este grupo exige que as empresas obtenham consentimento, crédito e compensem de forma justa os escritores pelo uso de materiais protegidos por direitos de autor no treino de IA generativa.
Desta lista fazem já parte mais de 8.000 escritores, incluindo Jennifer Egan, autora dos livros A Praia de Manhattan ou A Visit from the Goon Squad, Nora Roberts, Jodi Picoult, Louise Erdrich, Michael Chabon, Suzanne Collins, Margaret Atwood, Viet Thanh Nguyen.
Carta aberta de escritores dirigida às grandes empresas de IA
A carta aberta quer ser uma chamada de atenção para a “injustiça inerente à exploração” dos seus trabalhos utilizados como parte dos sistemas de IA destas empresas sem “consentimento, crédito ou compensação”.
As tecnologias de IA generativas construídas em grandes modelos de linguagem devem a sua existência aos nossos escritos. Essas tecnologias imitam e regurgitam a nossa linguagem, histórias, estilo e ideias. Milhões de livros, artigos, ensaios e poesia protegidos por direitos de autor fornecem o “alimento” para sistemas de IA, refeições intermináveis para as quais não houve cobrança. Vocês estão a gastar milhares de dólares para desenvolver tecnologia de IA. É justo que nos compensem pelo uso dos nossos textos, sem os quais a IA seria banal e extremamente limitada.
Referem que é claro que muitos dos livros usados na aprendizagem destes sistemas foram obtidos em sites de pirataria, algo grave, principalmente se houver um processo em tribunal nesse sentido. Mais que isso, sentem que a sua profissão pode ficar comprometida pela IA generativa.
Como resultado da incorporação das nossas obras literárias nos vossos sistemas, a IA generativa ameaça prejudicar a nossa profissão, inundando o mercado com livros, histórias e jornalismo medíocres, escritos por máquinas com base no nosso trabalho. Na última década, os autores têm enfrentado um declínio de 40% nos rendimentos, e o salário médio atual para escritores em tempo integral em 2022 foi de apenas $ 23.000. A introdução da IA ameaça inclinar a balança para tornar ainda mais difícil, se não impossível, para os escritores – especialmente jovens escritores e vozes de comunidades sub-representadas – ganhar a vida com a sua profissão.
E o que sugerem os escritores para tornar o processo de aprendizagem e utilização da IA mais justo? São três os pontos-chave:
- Obter permissão para usar o material protegido por direitos de autor nos seus programas generativos de IA.
- Compensar os escritores de forma justa pelo uso passado e contínuo dos seus trabalhos nos programas de IA generativos
- Compensar os escritores de forma justa pelo uso dos seus trabalhos nos resultados finais de IA, independentemente de as saídas estarem ou não a infringir a lei atual.
Nesta altura, já todos percebemos que não é possível lutar contra a IA generativa, por isso, é importante criar mecanismos que compensem o trabalho de todos aqueles que estão envolvidos no processo.