A Argentina é liderada por Javier Milei desde dezembro do ano passado. Agora, seguindo a tendência da Inteligência Artificial (IA), o Presidente decidiu que vai usá-la para “prever futuros crimes”, numa iniciativa que preocupa os especialistas.
Conforme avançado pelo The Guardian, as forças de segurança da Argentina anunciaram que vão utilizar a IA para “prever futuros crimes”. Esta iniciativa materializar-se-á na Unidade de Inteligência Artificial Aplicada à Segurança, criada na semana passada, pelo Presidente Javier Milei. Segundo a legislação, utilizará “algoritmos de aprendizagem automática para analisar dados históricos de crimes e prever futuros crimes”.
Esta unidade deverá, também, utilizar software de reconhecimento facial para identificar “pessoas procuradas”, patrulhar as redes sociais e analisar imagens de câmaras de segurança em tempo real, por forma a detetar atividades suspeitas.
Embora o objetivo passe por “detetar potenciais ameaças, identificar movimentos de grupos criminosos ou antecipar distúrbios”, especialistas receiam que determinados grupos da sociedade possam ser excessivamente controlados por esta tecnologia.
Nova unidade de segurança de Javier Milei preocupa organizações e peritos
A nova unidade criada pelo Presidente da Argentina Javier Milei já está a motivar preocupações, uma vez que não é claro quais as forças de segurança que acederão à informação.
A Amnistia Internacional, por exemplo, alertou para o facto de esta medida poder violar os direitos humanos:
A vigilância em larga escala afeta a liberdade de expressão, porque encoraja as pessoas a auto-censurarem-se ou a absterem-se de partilhar as suas ideias ou críticas, se suspeitarem que tudo o que comentam, publicam ou divulgam está a ser monitorizado pelas forças de segurança.
Afirmou Mariela Belski, diretora-executiva da Amnistia Internacional Argentina.
Também o Centro Argentino de Estudos sobre Liberdade de Expressão e Acesso à Informação expressou preocupação, recordando que estas tecnologias têm sido historicamente usadas para “traçar o perfil de académicos, jornalistas, políticos e ativistas”, o que, sem supervisão, ameaça a privacidade.
A dirigir a Argentina desde dezembro de 2023, Javier Mieli prometeu ser duro no combate à criminalidade.
Uma fonte do Ministério da Segurança afirmou que a nova unidade irá trabalhar ao abrigo do atual quadro legislativo, incluindo o mandato da Lei de Proteção de Informações Pessoais. Mais do que isso, partilhou que a nova Unidade de Inteligência Artificial Aplicada à Segurança irá concentrar-se na aplicação de IA, análise de dados e aprendizagem automática, no sentido de identificar padrões e tendências criminais nas bases de dados do Ministério da Segurança.