A ofensiva que o exército israelita tem vindo a levar a cabo em Gaza tem contado com uma ajuda tecnológica preciosa. É que Israel criou uma verdadeira “fábrica” de inteligência artificial, que torna as operações militares cada vez mais letais.
Israel usa mais uma arma temível no Médio Oriente
O uso de tecnologia avançada em conflitos militares tem sido uma realidade crescente nas últimas décadas, mas a introdução de inteligência artificial (IA) nas operações de guerra está a redefinir os limites do combate moderno.
Israel deu um passo significativo nesta direção ao criar o que chama de “fábrica de IA”, uma estrutura projetada para integrar algoritmos de inteligência artificial na estratégia militar e que foi recentemente utilizada no conflito em Gaza.
Trata-se de um centro dedicado ao desenvolvimento e implementação de soluções de inteligência artificial especificamente para fins militares, utilizando enormes quantidades de dados recolhidos através de sensores, drones, satélites e outras fontes de vigilância para alimentar sistemas de IA.
O objetivo é identificar ameaças, prever ações inimigas e coordenar respostas militares de forma mais eficiente e em tempo real.
Esses sistemas de IA são capazes de analisar imagens, identificar alvos e até mesmo sugerir estratégias com base em padrões detetados nos dados. Este tipo de tecnologia vai além das capacidades humanas, permitindo análises e decisões quase instantâneas em cenários complexos de combate.
Israel usa IA em Gaza
No recente conflito em Gaza, Israel usou a “fábrica de IA” para coordenar as suas operações. Drones equipados com inteligência artificial foram utilizados para patrulhar áreas densamente povoadas, enquanto algoritmos ajudaram a identificar e priorizar alvos considerados ameaças.
Além disso, sistemas de IA foram usados para monitorizar redes sociais, comunicações e outros fluxos de dados, permitindo antecipar potenciais ataques ou movimentações do Hamas e de outras fações.
Um dos exemplos mencionados foi a capacidade do sistema de identificar alvos com precisão milimétrica, reduzindo danos colaterais em áreas urbanas, onde civis estão frequentemente próximos de instalações militares. No entanto, os críticos apontam que, apesar da precisão alegada, este tipo de tecnologia ainda está longe de ser infalível e pode levar a erros catastróficos.
Questões éticas e controvérsia
A utilização de IA em conflitos militares levanta sérias questões éticas. Quem é responsável por erros cometidos por decisões tomadas pela IA? Em casos de alvos errados que resultem na morte de civis, é difícil atribuir a culpa a um sistema autónomo.
Depois temos a questão da desumanização do conflito, já que o uso de tecnologia reduz o conflito a cálculos algorítmicos, distanciando os tomadores de decisão das consequências humanas das suas ações.
Finalmente é preciso ter em conta os problemas associados à escalada tecnológica, ou seja, a introdução de IA no campo de batalha pode desencadear uma nova corrida ao armamento, com outros países a investir pesadamente em sistemas semelhantes, aumentando o risco de conflitos globais baseados em tecnologia.
Impacto geopolítico
A utilização da “fábrica de IA” por Israel coloca o país na vanguarda da guerra tecnológica, mas também intensifica as tensões na região. O seu uso em Gaza é visto por muitos como uma extensão das políticas de segurança agressivas de Israel, levantando críticas de organizações internacionais de direitos humanos.
Além disso, o sucesso desta tecnologia pode inspirar outros países a desenvolver sistemas semelhantes, alterando permanentemente a forma como as guerras são conduzidas.
Por isso, o que está a acontecer em Israel é apenas o começo de uma nova era na guerra moderna. A “fábrica de IA” demonstra como a tecnologia está a transformar a forma como os conflitos são geridos, mas também expõe os riscos associados a depender de sistemas autónomos em decisões de vida ou morte.