Uma cidade francesa anunciou que iria fornecer acesso gratuito ao ChatGPT Premium aos seus 12.000 habitantes. A ideia é promover a literacia digital, mas há outros problemas associados. Como a questão da desinformação e das fake news…
GPT-4: População com ferramentas futuristas
Os residentes da cidade francesa de Arcachon, no sudoeste do país, terão acesso gratuito ao ChatGPT Premium para ajudar a população, principalmente mais idosa, a aceder a informações da cidade.
O presidente da câmara, Yves Foulon, do partido de direita Les Republicains, anunciou na semana passada que é “essencial ter literacia digital no quotidiano”.
A cidade tem pessoas formadas para ajudar os residentes com informações digitais, mas agora “decidiram dar um passo mais além e dar a todos os seus residentes acesso gratuito ao ChatGPT,” disse Foulon num vídeo oficial.
Mais de 60% dos 12.000 residentes da cidade têm mais de 60 anos, com o presidente da câmara a descrever a sua cidade, numa entrevista a um canal de televisão francês, como a “mais envelhecida de França, sociologicamente”,
O acesso será fornecido através do site da cidade, que dá exemplos de tarefas que o assistente com inteligência artificial (IA) poderia ajudar, como o acesso a informações municipais.
O chat é alimentado pelo GPT-4, a versão mais recente do ChatGPT, que só está disponível para subscritores pagos, e foi afinado com os dados da cidade.
Segundo a autarquia, 250 códigos de acesso ao ChatGPT foram distribuídos no dia do lançamento.
A cidade costeira no Atlântico, a sudoeste de Bordéus, tem multiplicado as iniciativas para reduzir a exclusão digital, uma vez que cada vez mais serviços administrativos, como os impostos, são realizados online.
Algumas preocupações levantadas por utilizadores de redes sociais incluíam o facto de a cidade ter escolhido uma empresa americana em vez de uma francesa.
O orçamento para o ChatGPT foi estimado em cerca de 10.000 euros por ano, disse Foulon, mesmo numa altura em que o país procura cortar custos devido a uma grave crise orçamental.
No entanto, há perigos à espreita. As ferramentas de IA generativa têm vindo a ser criticadas pelo facto de conseguirem criar, de forma convincente, informações falsas ou manipuladas. Para combater isso, a cidade planeia organizar sessões de formação regulares para garantir o melhor uso da ferramenta.
ChatGPT e os risco de desinformação
Como é sabido, as ferramentas de inteligência artificial (IA) estão a transformar a forma como acedemos à informação, mas também estão a aumentar os riscos associados às fake news.
Algoritmos avançados, como os modelos de linguagem, conseguem criar textos, imagens e até vídeos realistas que são difíceis de distinguir da realidade. Esta capacidade permite que desinformação seja disseminada de forma rápida e convincente, confundindo o público e alimentando a polarização social.
Um dos principais problemas das fake news geradas por IA é a facilidade com que podem ser adaptadas a diferentes contextos, parecendo autênticas e credíveis. Além disso, a rapidez de produção permite que conteúdos falsos se espalhem antes de serem desmentidos.
Por isso, e para combater este problema, é essencial promover a literacia digital, reforçar a regulação das plataformas e desenvolver tecnologias que identifiquem conteúdo gerado por IA.