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Vem aí o olho artificial!

Uma equipa de investigadores em ciência de materiais das Universidades de Illinois e Northwestern desenvolveram o protótipo de uma máquina fotográfica com um campo de visão muito semelhante ao olho humano. O protótipo tem aproximadamente o tamanho e forma de um olho, uma “retina” curva sensível à luz e representa mais um passo para criar uma retina artificial.

As câmaras convencionais usam lentes curvas para focar imagens numa superfície plana onde a luz é captada por filme ou sensores digitais. Todavia, essa focagem distorce a imagem, sendo necessárias mais lentes para reduzir as distorções, o que aumenta o volume e preço do dispositivo.

Em comparação, a visão humana usa uma única lente e não faz distorção porque foca as imagens numa superfície curva na parte de trás do olho.

A chave da invenção consistiu em vencer os obstáculos técnicos à colocação de fotodetectores de silicone (pixeis) em superfícies curvas, em vez de planas, o que permitiu obter melhor nitidez de imagem e maior campo visual.

Este material fotossensível só se podia aplicar até agora em superfícies planas por ser muito frágil e não ter flexibilidade suficiente para se curvar.

Segundo os cientistas, esta nova tecnologia ajudará a simplificar e a aperfeiçoar o desenho de minicâmaras fotográficas e ser também usado em imagiologia biológica.

Poderá ainda ser aplicado em robôs como olhos artificiais, fazendo lembrar o computador que no filme “2001: Uma Odisseia no Espaço”, de Stanley Kubrick, espiava a tripulação da nave espacial.

A solução encontrada consistiu em montar os componentes electrónicos numa membrana elástica previamente esticada mas capaz de voltar a qualquer momento à sua forma curva inicial.

Os elementos rígidos do sistema foram dispostos como se fossem colunas numa superfície curva e as estruturas de silicone foram ligadas por pontes de fio fino para poderem ser dobradas sem quebrar. Todo este conjunto foi então transferido da membrana para um cristal curvo que serve de base e unido depois à lente e aos elementos electrónicos externos.

“As simulações ópticas e os estudos de imagiologia mostram que estes sistemas proporcionam um campo de visão muito mais amplo, melhor uniformidade de iluminação e menos distorções do que as câmaras planas de lentes semelhantes”, explicou John Rogers, professor de Ciência e Engenharia de Materiais na Universidade de Illinois e um dos um dos autores do protótipo.

É por isso que “os dispositivos de detecção hemisféricos são muito mais indicados para implantes de retina do que os planos”.

O facto de se poder aplicar dispositivos de silicone de alta qualidade em superfícies complexas e em tecidos biológicos proporciona, segundo este cientista, “enormes capacidades ao desenho de dispositivos electrónicos e opto-electrónicos e muitas novas aplicações”.

O protótipo actual tem apenas 256 píxeis, mas, segundo os investigadores, é possível desenvolver outros com muito maior densidade. LUSA

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