Sou um defensor convicto deste projecto que fez mexer o nosso pequeno país. O Magalhães foi, é e será, a grande iniciativa estatal de dinamização individual no âmbito tecnológico dirigido à massa estudantil. No entanto, não são só benefícios que um utilizador recebe ao utilizar o Magalhães, há aspecto ligados à saúde que podem comprometer.
Neste sentido deixo-vos uma referencia do DN a essa preocupação que deverá ser levada em conta pelos encarregados de educação.
A utilização do computador Magalhães pode fazer disparar os casos de miopia entre as crianças devido ao tamanho do portátil e às letras muito pequenas, que obrigam a uma leitura muito próxima, alertou hoje a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia.
“Com o uso cada vez maior do computador e, neste caso, de um portátil que ainda é mais pequeno, com letras mais pequenas, em que se procuram distâncias de leitura cada vez mais próximas, o número de miopias com certeza vai aumentar em flecha”, disse hoje à agência Lusa Augusto Barbosa, coordenador do Grupo Português de Ergoftalmologia, da SPO.
O oftalmologista defendeu que o Governo deve informar e sensibilizar a população em geral para a importância da ergonomia visual. “Se se preocuparam em colocar o Magalhães nas escolas, também deveriam alertar para alguns cuidados a ter com o uso dos computadores, prevenindo o aparecimento de patologias do foro ocular.”
Para Augusto Barbosa, a entrega do famoso portátil deveria ser acompanhada de informação que pudesse “sensibilizar os pais para os problemas que poderá ter o uso exagerado do computador”.
A SPO alerta que o uso inadequado e excessivo do computador pode afectar a visão. “Já se fala em síndrome da visão de computador e acredita-se que o aumento da prevalência da miopia, da hipermetropia, do cansaço ocular e do olho seco está relacionado com a utilização crescente das novas tecnologias”, frisou.
Estima-se que a síndrome da visão de computador afecte mais de 70 por cento da população adulta activa da Europa.
Paralelamente, alguns estudos de universidades norte-americanas apontam que cerca de 30 por cento dos jovens que passam demasiado tempo em frente ao computador estejam em risco de desenvolver problemas oculares, como olho seco, irritação ocular, cansaço, hipersensibilidade à luz, hipermetropia e miopia.
Augusto Barbosa adiantou à Lusa que esta síndrome não atinge valores tão elevados em Portugal, mas considera que com “o uso cada vez maior de computadores, e agora o Magalhães, pode chegar-se a números muito próximos”.
“Há cada vez mais míopes, o que pode estar relacionado com o uso do computador”, disse. Por outro lado, a síndrome do olho seco pode resultar em situações mais graves, como a formação de micro-úlceras na córnea, que podem levar à “incapacidade para algumas actividades comuns do dia-a-dia”.
O oftalmologista explicou que há vários factores relacionados com o uso do computador que propiciam as alterações visuais.
“Habitualmente, pestanejamos 20 a 25 vezes por minuto, mas, em frente ao computador, pode haver uma redução de 10 a 20 por cento no número de pestanejos, abrindo-se caminho para a sensação de ardor e irritabilidade”, disse.
A postura, a distância em relação ao ecrã, o tempo passado em frente ao mesmo e as condições envolventes podem levar a problemas oftalmológicos e até de outro foro, como é o caso das enxaquecas, das cefaleias, das dores lombares ou dos espasmos musculares. E as pessoas que já sofrem de problemas visuais correm ainda mais riscos, alerta a SPO.
Para evitar o aparecimento das doenças oftálmicas relacionadas com os computadores, a SPO informa que o ecrã deve estar 10 a 25º abaixo do nível do olhar, a iluminação e o brilho envolventes devem ser equilibrados (evitar os reflexos), o monitor tem de estar limpo, os olhos devem estar a 50 ou 60 centímetros de distância do ecrã e fazer pausas de cinco a dez minutos por cada hora de trabalho.
“Se não se reunirem as condições mínimas para que a pessoa sofra o mínimo de efeitos secundários, a produtividade a nível laboral pode ser comprometida. E, ainda mais grave, a síndrome da visão de computador poderá vir a ser um problema de saúde pública”, acrescentou. DN