Pplware

Tupperware declara falência. Fechar a tampa a um símbolo de inovação e tecnologia

Foi uma autêntica revolução no que diz respeito à conservação de alimentos. A Tupperware e os seus recipientes chegaram a todas as casas do mundo e tornaram-se um ícone, uma evolução tecnológica de trabalhar polímeros plásticos, com outro nível de imaginação. Mas tudo tem um fim e a empresa pediu falência.


Tupperware não é uma marca, é um conceito

Mais do que uma marca isolada, tornou-se num conceito. Qualquer recipiente com tampa, utilizado na cozinha ou para transportar alimentos, era simplesmente um Tupperware. Mesmo que não fosse.

Foi uma revolução plástica, duradoura, mas que agora vê aproximar-se o fim de forma galopante. A falência da Tupperware é um marco significativo na história de uma das marcas mais icónicas do mundo, sinónimo de inovação e sucesso no setor doméstico, atravessou uma série de dificuldades nos últimos anos, culminando com o definitivo pedido de falência hoje.

Fundada em 1946 por Earl Tupper, a Tupperware surgiu com uma invenção inovadora: recipientes plásticos com uma tampa hermética que permitiam conservar os alimentos de forma mais eficiente. A ideia era revolucionária e mudou a forma como as pessoas armazenavam comida, numa altura em que a refrigeração em casa ainda estava a expandir-se.

A grande viragem da empresa veio com a ideia de organizar festas em casa para vender os produtos, conhecida como o modelo de “Tupperware Parties”, desenvolvida por Brownie Wise, uma mulher empreendedora que revolucionou o marketing de vendas diretas.

Esta estratégia inovadora não só ajudou a marca a crescer rapidamente, mas também criou um fenómeno social, especialmente entre as donas de casa que viam nessas festas uma oportunidade de se conectar e ao mesmo tempo ganhar dinheiro.

Nas décadas seguintes, a Tupperware expandiu-se globalmente, tornando-se um símbolo de praticidade e modernidade. No entanto, apesar de décadas de sucesso, os problemas começaram a surgir com a mudança nos padrões de consumo e o crescimento da concorrência.

No mercado nacional ainda há agentes que comercializam produtos da marca. Segundo o que foi apurado, a Tupperware ainda vende bem no país e a preços competitivos.

 

Razões da falência

As dificuldades da Tupperware começaram a evidenciar-se à medida que as novas gerações adotaram diferentes hábitos de consumo. O modelo de vendas porta a porta e as festas Tupperware começaram a perder relevância, sendo gradualmente substituídos por compras online e retalhistas que ofereciam produtos semelhantes a preços mais competitivos.

O impacto da tecnologia e a digitalização não foram devidamente acompanhados pela marca, que permaneceu focada num modelo de negócio tradicional.

Outro fator crucial foi a crescente preocupação ambiental. Nos últimos anos, o plástico, principal material utilizado pela Tupperware, tornou-se alvo de críticas por parte de ativistas ambientais e consumidores conscientes, que passaram a preferir alternativas mais sustentáveis, como recipientes de vidro ou bambu. A marca, apesar de algumas tentativas de modernização, até porque a marca apostou no vidro também desde há vários anos, foi lenta a adaptar-se a essa mudança, o que contribuiu para a sua perda de relevância no mercado.

A Tupperware apresentou uma lista de activos estimados entre 500 milhões e 1.000 milhões de dólares e um passivo estimado entre 1.000 milhões e 10.000 milhões de dólares, de acordo com os registos de falência no Tribunal de Falências dos EUA para o Distrito de Delaware.

Além disso, a gestão financeira da empresa deteriorou-se nos últimos anos. A Tupperware acumulou dívidas consideráveis e não conseguiu inovar a um ritmo suficiente para recuperar a sua base de clientes ou atrair novas gerações de consumidores. Em abril de 2023, a empresa anunciou que poderia não ter liquidez suficiente para continuar a operar, levando eventualmente ao atual pedido de falência.

Tupperware: estórias de sucesso

  1. Primeira empresa a usar vendas diretas: embora a Tupperware não tenha sido a inventora das vendas diretas, popularizou o conceito com as suas festas em casa, que se tornaram um fenómeno cultural na década de 1950.
  2. Empoderamento feminino: nos anos 50 e 60, a Tupperware deu a muitas mulheres, que na época estavam fora da força de trabalho tradicional, a oportunidade de ganhar dinheiro e criar redes sociais, o que ajudou a empoderá-las financeiramente.
  3. Museu da Tupperware: há um museu em Orlando, na Flórida, dedicado à história da Tupperware e à sua influência na sociedade. O museu contém exemplares antigos dos recipientes e explora a evolução da marca.
  4. Produtos colecionáveis: alguns dos modelos vintage da Tupperware, como os recipientes coloridos dos anos 60 e 70, tornaram-se itens de colecionador, sendo vendidos em leilões e plataformas como o eBay por preços consideráveis.

 O declínio da Tupperware é uma lição sobre a importância da inovação e da adaptação às mudanças no comportamento do consumidor.

Apesar de ser uma marca com um passado rico e uma forte presença cultural, a empresa não conseguiu modernizar-se a tempo para enfrentar a concorrência crescente e as novas exigências de sustentabilidade. Não foi por falta de qualidade, isso ainda a tem de sobra, mas o mundo evoluiu rápido e deixou a icónica empresa para trás.

Exit mobile version