Com data marcada para os dias 17 e 18 de Setembro, o TECHDAYS Aveiro 2015 será um evento marcante não só para a cidade dos ovos moles, mas sobretudo para todos aqueles que se interessam e/ou exercem funções na área das Tecnologias de Informação.
Recentemente entrevistamos o Dr. Ricardo Luz, Administrador Executivo Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD) que nos falou sobre as expectavivas para o TechDays e da importância das Tecnologias da Informação, Comunicação e Electrónica (TICE) para Portugal em especial para a sua Economia.
1) Como Administrador Executivo Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD) explique-nos um pouco qual a vossa missão/áreas de acção.
A Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD) é uma sociedade anónima que tem como único accionista o Estado Português, através da Direcção-Geral do Tesouro e Finanças.
Desempenha a função de gestão de Instrumentos Financeiros (IF) dirigidos ao apoio à economia e ao estímulo e orientação do investimento empresarial.
A IFD irá focar a sua actividade na criação e disponibilização de novos Instrumentos Financeiros (IF), com vista a atingir os seguintes objectivos:
- Melhorar as condições de financiamento das PME, nomeadamente através de:
- reforço dos capitais próprios e quase próprios das empresas.
- redução dos custos e aumento das maturidades de financiamento das empresas; e
- aumento da liquidez disponível na economia.
- Desempenhar as funções de gestão de fundos de fundos públicos, destinados a promover a criação de instrumentos financeiros (IF) de estímulo e incentivo ao investimento empresarial, fundamentalmente, mas não apenas, em empresas nos sectores de bens e serviços transaccionáveis;
- Exercer, complementarmente, as funções de apoio técnico sobre modelos de financiamento público na promoção da competitividade e da internacionalização, e no desenho/concepção de soluções e propostas concretas de produtos/serviços para o financiamento das empresas (designadas de soluções powered by IFD);
Esta necessidade de mobilização de IF para apoio às necessidades de financiamento das PME, nas áreas da dívida, do capital e do quase capital, guiam a actuação da IFD, numa lógica de fundo de fundos (grossista), em que recorre a Fundos Europeus Estruturais e de Investimento (FEEI) e -após autorização da Comissão Europeia, DG COMP- de entidades externas, em operações de On-lending (no balanço) e de Arrangement (fora do balanço), que depois são colocados a concurso aos diversos operadores de mercado, para oferecerem às empresas soluções de financiamento com IF, tais como: Instrumentos de dívida de médio e longo prazo; Instrumentos de financiamento Mezzanine (quasi-equity); Instrumentos de dívida de médio e longo prazo desintermediada (obrigações PME); Operações de securitização de carteiras de crédito bancário de PME; Reforço de capitais próprios usando o capital de risco e os business angels (BA); Reforço de capitais próprios usando o private equity; Reforço dos capitais próprios das PME com perspetivas de rentabilidade normal; e Reforço de capitais próprios usando, em especial, o “equity crowdfunding” e de divida, o “peer 2 peer lending”.
Finalmente, além de assegurar a base institucional para o desenho, lançamento, acompanhamento e gestão de um conjunto significativo de Instrumentos Financeiros de apoio à economia, a IFD deverá vir a coordenar o conjunto de participadas financeiras existentes (SPGM, Portugal Ventures, PME Investimentos e Sofid), com responsabilidades no apoio ao financiamento da economia.
Espero que seja um bom evento de partilha e networking entre profissionais, onde se reflicta sobre o papel desempenhado pelas TICE no desenvolvimento das empresas, em especial que -pela apresentação e discussão de casos concretos, de sucesso e/ou insucesso empresarial- se reflicta sobre a importância que as TICE têm na economia actual, como elemento indutor da inovação e potenciador da internacionalização das PME portuguesas. Espero ainda que, para além das TICE, se debata também outros importantes factores para a competitividade das empresas, em especial as PME, entre outros, ao nível da relação Empresa/Universidade e do financiamento.
3) Portugal tem óptimos profissionais, boas infraestruturas, unidades de Investigação e Desenvolvimento, elevados níveis de conectividade, etc…É fácil “apoiar” projectos portugueses?
Portugal tem sem dúvida óptimos profissionais, como aliás têm muitos países, Tem jovens altamente qualificados, fruto da boa formação científico-tecnológica obtida nas nossas principais universidades e centros de investigação. Portugal investiu fortíssimo nos últimos anos, nas infraestruturas e centros de saber, e na capacitação das pessoas e organizações, mas tem ainda muito a fazer, em especial ao nível da simplificação e desburocratização de processos, na criação de instrumentos financeiros de capital e quase-capital, no desenvolvimento de mercados verdadeiramente concorrenciais, livres na operação mas correctamente regulados. Só assim continuará a trilhar um caminho, de forma positiva, que torne mais fácil o aparecimento de bons projectos empresariais, capazes de atrair financiamento, a nível nacional e internacional, que lhes permita crescer muito para além do seu mercado natural.
4) De um ponto de vista do investimento, qual a importância das Tecnologias da Informação, Comunicação e Electrónica (TICE) para Portugal em especial para a sua Economia.
As TICE são hoje, mais que tecnologias, a essência da inovação e desenvolvimento de projectos e empresas, e estão cada vez mais implícitas na relação entre pessoas e entre pessoas e organizações.
São obviamente fundamentais, mais do que para a Economia de uma região ou de um pais, para a vida como hoje a concebemos. Assim sendo, são obviamente críticas do ponto de vista do (contínuo) investimento.