O mundo transfigura-se a uma velocidade alucinante, medir com um piscar de olhos já se torna lento, quando queremos definir o quanto este mundo da tecnologia evolui. Há marcos na história dos gadgets que dão essa percepção do tempo.
Mesmo havendo hoje um hype em volta de alguns smartphone, como é o caso do iPhone, este mesmo vendendo aos milhões, não conseguiu ainda destronar o rei, o verdadeiro telemóvel. Sabia que o Nokia 1100 vendeu até hoje 250 milhões de unidades?
Nokia 1100
Quando perguntamos às pessoas se sabem qual é o telemóvel mais vendido no mundo, a resposta é directa: iPhone. Mas não, nem de perto conseguem acertar. A Apple vende um smartphone tipo jóia e aos milhões, é verdade. É verdade que é o smartphone que mais vendeu até hoje… dentro da categoria smartphone, também é verdade, mas o modelo que mais vendeu foi o iPhone 6 que alcançou as 71.5 milhões de unidades (em apenas 3 meses) mas está longe do verdadeiro rei, o Nokia 1100.
O Nokia 1100 é um dispositivo entrada de linha que foi apresentado ao mercado em 2003. Não tem câmara frontal, não tem um ecrã multi-toque… nem de toque sequer, não tem ecrã curvo, não, nem muito menos tem antena LTE… mas vendeu que se fartou.
Trouxe na altura algumas funcionalidade, a destacar uma bateria que durava e durava. Trouxe também uma lanterna (pouco usual), era resistente ao pó, era muito leve, enfim, era o telemóvel ideal para tudo e mais alguma coisa, era um duro com cunho Nokia. A China e a Índia, entre outros, elevaram a um expoente máximo as vendas deste dispositivo.
250 milhões de unidades em 5 anos
A Nokia durante 5 anos conseguiu vender 250 milhões deste telemóvel, tornando-o no mais vendido de sempre em todo o mundo, sendo por isso o dispositivo electrónico mais vendido de sempre. Curiosamente, a Nokia vendeu o seu telemóvel “mil milhão” e foi um Nokia 1100, na Nigéria em 2005.
Mas o que levava as pessoas a ficarem doidas pelo Nokia 1100?
Eram vários factores. O preço do Nokia era barato, custava na altura cerca de 90 euros (mais coisa menos coisa). Era um telefone muito modesto mesmo para os padrões de 2003, dado que nesta altura já existiam telemóveis bem mais evoluídos. O utilizador poderia beneficiar de uma lanterna incluída, toques monofónicos, cerca de 36 toques disponíveis e ainda permitia que o utilizador instalasse mais 7. Já possibilitava uma certa personalização, trazendo tampas que poderiam ser combinadas com mais cores.
Era robusto, resistente ao pó e salpicos de água, permitia que o utilizador carregasse até 50 contactos na sua memória e a bateria durava para 400 horas. Além de tudo isto, vocês lembram-se, tinha o jogo da serpente (a segunda versão). Pois, quem não se lembra do jogo da serpente!!!
Tudo isto parece-lhe banal? Pode parecer, mas 250 milhões de pessoas andaram felizes e contentes com um equipamento que dificilmente avariava, e em que o seu interior era só por si uma peça de arte electrónica.
Embora a Nokia tivesse produzido milhares e milhares de unidades, em 2009, estranhamente, apareceram unidades à venda por preços obscenos, como se tratasse de uma peça de colecção raríssima. Imagine-se que num site de classificados esteve à venda um Nokia 1100 pelo preço de 32 mil dólares!!! Mas isto tem uma razão!!!
Nokia 1100 ao serviços dos hackers?
Aparentemente uns hackers descobriram uma forma de reprogramar algumas unidades (as unidades fabricadas na fábrica alemã da Nokia). Estes dispositivos, depois de adulterados, conseguiam receber as mensagens que eram enviadas para outros números, abrindo uma grande possibilidade à fraude. Poderiam ser usados para obter informações confidenciais simplesmente “esperando” receber uma cópia dos SMS do telemóvel que estava a ser espiado.
Aparentemente não houve qualquer dano na privacidade, pelo menos não foi reportado nenhum caso de alegados burlados, a não ser os que pagaram milhares de euros pelo telemóvel “modificado” pelo exploit.
Nokia 1100 com Android?
Este dispositivo esteve perto de receber uma nova vida, após o mercado praticamente o abandonar, houve um projecto onde um Nokia 1100 recebeu um processador quad-core 1.3GHzMT-6582 da MediaTek onde correu Android. Quem sabe se a Nokia depois de ter vendido o departamento de mobilidade à Microsoft não pensou em reabilitar de novo este fenómeno de vendas?