A descoberta da magnetorresistência gigante (GMR), que deu hoje o prémio Nobel da Física 2007 ao francês Albert Fert e ao alemão Peter Grunberg, revolucionou a tecnologia dos discos rígidos de computador e teve influência directa em muitos objectos do dia a dia, como os leitores de MP3, os telemóveis ou os computadores portáteis.
Os dois laureados descobriram a GMR em 1988, durante trabalhos desenvolvidos separadamente. Os dois também ganharam em conjunto o prémio Japão 2007 pelo seu trabalho.
A descoberta permitiu a nanotecnologia que teve um forte impacto nas tecnologias de informação e da comunicação, permitindo sobretudo produzir as cabeças de leitura que equipam hoje todos os discos rígidos.
Foi sobretudo graças a esta descoberta que foi possível conseguir a enorme miniaturização dos discos duros a que se assiste hoje em dia, diz o Comité Nobel em comunicado.
“A história do efeito GMR é uma demonstração muito boa de como uma inesperada descoberta científica pode originar tecnologias completamente novas que resultam em produtos comerciais”, escreve o comité.
As pesquisas neste domínio de nanociência continuam em forte expansão. Os cientistas conseguem, cada vez mais, guardar enormes quantidades de informação em espaços cada vez mais pequenos.
O efeito GMR é o resultado de uma grande resposta eléctrica proveniente de um pequeno estímulo magnético. Quando os átomos são colocados nas camadas magnéticas dos discos duros, interagem de modo diferente, o que permite armazenar uma maior quantidade de dados nos discos duros.
Isto é devido à propriedade intitulada “spin” dos electrões, uma das partículas que constituem os átomos. As variações de “spin” produzem as variações de resistência eléctrica usadas para armazenar os dados nas superfícies magnéticas.
A aplicação prática desta descoberta resultou num sem fim de aparelhos portáteis e de pequeno tamanho. Os exemplos são os telemóveis, pequenos computadores portáteis, leitores de música MP3 ou o iPod.
Mas permitiu também tudo o que implica uma grande quantidade de informação, como o YouTube, comentou Chris Marrows, um físico da Universidade de Leeds especializado no ramo da ciência chamado “spintronics”.
Os laureados receberão a 10 de Dezembro em Estocolmo uma medalha de ouro, um diploma e um cheque de 10 milhões de coroas suecas (1,08 milhões de euros), quantia que será dividida pelos dois.
No ano passado, o prémio Nobel da Física foi partilhado pelos norte-americanos John Mather e George Smoot por trabalhos sobre as radiações cósmicas que apoiam a teoria do Big Bang para explicar a origem do Universo.