A indústria da pornografia é enorme e a perversidade envolvida é atroz. A existência de menores de idade, o tráfico sexual e a prática de sexo sem consentimento são apenas alguns dos crimes associados à indústria. Há uns meses chegou a falar-se “no fim do Pornhub” uma vez que a plataforma promovia descaradamente estas práticas. Recentemente, o The New York Times escreveu um artigo extenso intitulado de The Children of Pornhub onde abordou profundamente toda a temática.
As repercussões destas acusações já estão a acontecer e a plataforma terá mudanças em breve.
Os filhos do Pornhub e a mudança na plataforma
Foi há poucos dias que o The New York Times publicou um artigo extenso dedicado ao negócio de milhões do Pornhub, assente em práticas criminosas. The Children of Pornhub ou, em português, Os filhos do Pornhub começa por questionar desde logo o motivo pelo qual o Canadá permite que a empresa lucre com vídeos de exploração e agressão.
O Pornhub atrai 3,5 mil milhões de visitantes por mês e arrecada dinheiro de quase três mil milhões de anúncio que surgem por dia. É ainda o 10º site mais visitado em todo o mundo, não sendo, no entanto, o site com conteúdo pornográfico mais popular.
Mas a empresa que fatura milhões e que até tem ações de louvar um pouco por todo o mundo, está a faturar muito à custa de crimes sexuais. A empresa está a fazer dinheiro ao monetizar violações infantis, pornografia de vingança, vídeos de câmara oculta de mulheres a tomar banho, conteúdo racista e misógino, e imagens de mulheres a serem asfixiadas em sacos plásticos. Uma pesquisa por “girls under18” ou “14yo” leva, em cada caso, a mais de 100.000 vídeos. A maioria não é de crianças a serem agredidas, mas muitos são.
Há um caso, frequentemente relatado, de uma rapariga de 15 anos que desapareceu na Florida e que foi encontrada pela mãe num destaque de vídeos na plataforma, um ano depois. Mas o artigo foca-se bastante na história de uma rapariga de 19 anos que, aos 14, viu a sua vida mudar, depois de ter partilhado um vídeo de cariz sexual com o namorado que acabou por colocá-lo no Pornhub.
O que muda?
Depois do artigo do The New York Times, as repercussões não tardaram. Em primeiro lugar, as empresas Visa e Mastercard assumiram o iniciar de uma investigação à ligação com a empresa detentora do Pornhub. Colocando em cima da mesa a possibilidade de acabar mesmo com os pagamentos na plataforma.
Em consequência, o Pornhub prepara-se para fazer grandes mudanças no seu serviço.
Assim, a plataforma Pornhub prepara-se para terminar com a possibilidade de qualquer utilizador poder fazer upload de vídeos. Esta possibilidade passa a estar apenas do lado de utilizadores verificados. Além disso, grande parte do conteúdo deixa também de estar acessível para fazer download.
Finalmente, a empresa prepara-se também para implementar novas políticas de moderação e lançará um relatório de transparência em 2021.
As novas regras irão alterar significativamente as principais dinâmicas do serviço, que passará a impor limites sobre quem pode fazer upload de conteúdo para o site e bloquear a capacidade de download da maior parte do seu conteúdo.
Embora a empresa ainda permita que os utilizadores carreguem os seus próprios vídeos, a partir do próximo ano vai passar a exigir que, primeiro, as pessoas completem um “protocolo de identificação” para verificar a sua identidade. O site bloqueará ainda todos os downloads de conteúdo “com efeito imediato”, exceto para “downloads pagos dentro do Programa Modelo verificado”.
Além disso, a empresa expandiu o seu trabalho de moderação de conteúdo com uma “Equipa Vermelha” que “se dedica exclusivamente a autoavaliar material potencialmente ilegal” dentro da plataforma. Assim, em 2021, o Pornhub lançará o seu primeiro relatório de transparência com mais detalhes sobre “conteúdo que deve e não deve aparecer na plataforma”, bem como o seu trabalho com o National Center for Missing & Exploited Children (NCMEC).