Portugal foi eleito o país mais atrativo para novos investimentos industriais para empresas que procuram cadeias de abastecimento nearshore, de acordo com o estudo “Nearshoring Index 2024”.
O mais recente estudo da Savills, “Nearshoring Index 2024“, aponta Portugal como o país mais atrativo para novos investimentos industriais para empresas que procuram cadeias de abastecimento nearshore.
Nearshore pressupõe a deslocalização de capacidade laboral para países próximos, procurando uma proximidade cultural, e almejando indicadores de eficiência operacional, poupanças financeiras, elevada performance, escalabilidade do negócio e uma comunicação fluida entre as equipas destacadas.
O estudo da empresa de consultoria financeira classifica 26 países, considerando fatores que podem ser importantes para as empresas que procuram novos locais para encurtar ou diversificar as suas cadeias de abastecimento e/ou reduzir a sua dependência de importações estrangeiras.
Estes fatores incluem os seguintes: a sua resiliência; o custo económico (rendas, energia e custos laborais); o ambiente empresarial; o desempenho ESG (indicadores ambientais, sociais e de governação corporativa). A Savills dispôs os países da seguinte forma (classificação, país e região):
- Portugal – EMEA
- Chéquia – EMEA
- Polónia – EMEA
- Suécia – EMEA
- Japão – APAC
- Singapura – APAC
- Canadá – Américas
- Coreia do Sul – APAC
- Espanha – EMEA
- Reino Unido – EMEA
- Vietname – APAC
- China – APAC
- México – Américas
- França – EMEA
- Alemanha – EMEA
- Noruega – EMEA
- Áustria – EMEA
- Holanda – EMEA
- Itália – EMEA
- Estados Unidos – Américas
- Índia – APAC
- Dinamarca – EMEA
- Austrália – APAC
- Roménia – EMEA
- Irlanda – EMEA
- Bélgica – EMEA
Segundo a Savills, apesar do seu ranking, a escolha das empresas considera as suas prioridades individuais, pelo que outros locais mais abaixo no Índice podem ser preferenciais. Por exemplo, as empresas podem optar por aqueles onde os custos são mais elevados, mas onde as credenciais são mais fortes em termos ambientais e onde há um melhor ambiente empresarial.
Nos últimos anos Portugal tem realizado progressos fantásticos nas diferentes dimensões. Uma maior independência e competitividade energética, um mix energético com os maiores níveis de incorporação de renováveis aliado a um contexto político de relativa estabilidade, mão de obra qualificada e políticas de ESG muito fortes são os fundamentais de atratividade para o nosso país.
Disse Tiago Cortez, Associate I&L Investment da Savills, acrescentando que “a posição geográfica de Portugal permite servir muito rapidamente quer o mercado europeu, quer o mercado americano.”.
Na perspetiva de Tiago Cortez, “as conclusões do Savills Impacts são excelentes notícias para Portugal e corroboram o que as nossas equipas acompanham no terreno nos últimos dois anos, que é um interesse sem precedentes no nosso país para a instalação de novas unidades produtivas”.
Tendências de produção parecem beneficiar Portugal
De acordo com o estudo da Savills, os hubs que são tradicionalmente “low cost” foram os maiores beneficiados da onda original de offshoring, uma vez que as empresas priorizaram os custos.
No entanto, com os impactos dos choques de oferta e um maior foco no desempenho ESG, muitas estão agora a ponderar outros fatores na sua tomada de decisão.
As tendências de produção parecem mostrar que, embora as empresas estejam a instalar-se em novos locais, continuam a dar prioridade à redução de custos, favorecendo locais como o México e o Vietname.
Mas há exceções: algumas indústrias, como os semicondutores, os veículos elétricos e a energia, são mais sensíveis à geopolítica e à política comercial, pelo que as empresas aqui tendem a dar prioridade à produção mais qualificada e de maior valor e, portanto, favorecem locais como a Suécia, o Reino Unido e EUA.
Disse, por sua vez, Charlotte Rushton, analista da Savills World Research.
Aparentemente, a Polónia, Portugal e a República Checa proporcionam uma rara combinação de baixo custo e resiliência, e oferecem às empresas o acesso ao mercado único europeu.
A Coreia do Sul serve um propósito semelhante na APAC (Ásia-Pacífico) e oferece custos mais baixos, embora ocupe um lugar inferior no Índice comparativamente a outros países da APAC, como o Japão e Singapura.