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Microsoft com ‘software’ exclusivo no ‘Magalhães’

Tecnologia. Steve Ballmer, o presidente da Microsoft, vai estar hoje em Portugal para assinar um novo Memorando de Entendimento. Mas o grande anúncio é o de aplicações feitas para serem utilizadas apenas pelo ‘Magalhães’, o minicomputador de produção nacional

 

Empresa já investiu 245 milhões em Portugal
O presidente da Microsoft, Steve Ballmer, anuncia hoje um conjunto de aplicações exclusivamente desenvolvidas para o Magalhães. O minicomputador produzido em Portugal vai ser o único no mundo com a nova Learning Suite, numa estratégia de exportação assinada também pelo Governo português. Este é o mais recente resultado da pareceria estabelecida entre Portugal e a Microsoft em 2006, que já levou o gigante informático a investir 346 milhões de dólares, cerca de 245 milhões de euros.

O pacote desenvolvido pela Microsoft está dividido em três áreas. Uma de Aprendizagem e Desenvolvimento de Competências, outra de Segurança e Antivírus e uma terceira para Comunicação e Colaboração. Cada uma delas é composta por aplicações com o carimbo da Microsoft. Estes elementos vão estar disponíveis apenas mediante a compra do novo Magalhães. Ou seja, o software não vai estar disponível sem a compra do hardware – na prática, quem já comprou um computador Magalhães não vai poder instalar esta suite como foi preparada pela Microsoft sem a compra de um novo aparelho.

O fabricante de software garante que entre as prioridades deste modelo está a relação com alunos e professores, mas igualmente com os encarregados de educação. Também por essa razão, um dos grandes objectivos desta remodelação foi a melhoria da interactividade do aparelho com as potencialidades da Internet.
De acordo com o Ministério das Obras Públicas, este novo Magalhães terá como alvo preferencial o mercado externo, e Portugal vai ter o exclusivo da sua produção. Esta, no entanto, poderá não ser ser só assegurada pela JP Sá Couto, entidade que assinou o protocolo com o Governo para a produção dos computadores que integraram o programa e-escolinha. e que já tem várias encomendas para o estrangeiro. No entanto, a produção será sempre da responsabilidade de uma empresa portuguesa. Ainda que a exportação seja a política a privilegiar, a comercialização do aparelho com o novo software da Microsoft em Portugal também faz parte do protocolo.

O impacto económico será "significativo", garante o Ministério, já que Portugal será o único agente produtor e distribuidor do modelo. Aliás, o secretário de Estado adjunto das Obras Públicas, Paulo Campos, acredita que "este pacote ajudará na penetração do computador no mercado internacional porque é uma mais-valia".

A Microsoft procurará não só o resultado financeiro (fonte da empresa em Portugal garante que o custo de fabrico não será mais elevado e que todas as adaptações ao preço final foram feitas pela entidade americana), mas também por uma questão de política social e de comunicação. Se a primeira faz parte dos planos da empresa desde há muito, a segunda é preocupação constante desde que concorrentes como a Google ou a Apple conquistaram espaço generoso ao gigante criador do MS-DOS e Windows.

Mais apoio ao programa Simplex
Memorando 2.0. A Microsoft vai continuar a apoiar quatro áreas do Plano Tecnológico
O Memorando de Entendimento assinado hoje prevê um conjunto de medidas de natureza prática, em quatro áreas do Plano Tecnológico: educação, economia, segurança e modernização da Administração Pública.
Segundo um comunicado da Microsoft, o acordo "irá abranger uma colaboração com cerca de uma dezena de ministérios", tais como a Administração Interna, Obras Públicas, entre outros. Na área da educação, o objectivo é continuar a modernizar os estabelecimentos de ensino, com a disponibilização de software, formação e certificação no uso das tecnologias, "no âmbito dos diversos programas oficiais actualmente em vigor em Portugal".

Quanto à economia, a Microsoft compromete-se a apoiar as novas empresas de base tecnológica fornecendo "o acesso gratuito a ferramentas e tecnologias suas".
Mas uma das principais novidades surge no âmbito da segurança: a empresa irá implementar em Portugal o Projecto CETS (Child Exploitation Tracking and Investigation System) – um conjunto abrangente de ferramentas tecnológicas para apoiar as polícias na colaboração e partilha de informação em tempo real, para acelerar a captura de criminosos online, sobretudo na área da pedofilia infantil, exploração e abuso de crianças e menores.
Ainda no capítulo da segurança nacional, a Microsoft irá colaborar em "medidas de prevenção e mitigação de ameaças à segurança informática nacional".

Em 2009, a gigante da informática vai disponibilizar uma plataforma de suporte ao registo electrónico de pacientes em colaboração com o Ministério da Saúde. Esta é uma das medidas que sobressaem no âmbito da modernização da Administração Pública.
O Memorando de Entendimento 2.0 assume-se sobretudo como um reforçar dos anteriores acordos entre a empresa e o Governo português.

O gestor obrigado a fugir de ovos
Milionário. A sua boa disposição é visível nos vídeos que circulam pela Internet
Steve Ballmer foi o primeiro gestor contratado por Bill Gates para a empresa que tinha fundado em Albuquerque, no Novo México, cinco anos antes, em 1975.
Descrito como "entusiasta, concentrado, engraçado, apaixonado, sincero" no seu perfil na página da empresa, Ballmer é conhecido por surpreender os colaboradores: na cele- bração do 25.º aniversário da Microsoft, saiu do bolo de aniversário.
Steve Ballmer nasceu em Detroit, em Março de 1956. O pai trabalhava como gestor na Ford. Em 1973, terminou o liceu numa escola onde agora ocupa um lugar na direcção.

Licenciou-se em Matemática e Economia na prestigiada Universidade da Harvard. Na faculdade, teve uma vida ocupada: trabalhou no jornal Harvard Crimson e na revista literária da instituição e embora não jogasse, estava envolvido na gestão da equipa de futebol americano. Mais importante, vivia no mesmo dormitório que Bill Gates.

Depois da faculdade, trabalhou dois anos na Procter & Gamble Co. Abandonou o MBA na Stanford University Graduate School of Business para se juntar a Bill Gates, tornando–se no 24.º empregado da empresa. Na altura, ficou com 8% das acções, uma percentagem que foi crescendo ao longo dos anos.
Mas até uma das mais bem sucedidas parcerias na história do mundo empresarial teve problemas: no princípio de 2000, quando Ballmer ocupou o lugar da Gates na Microsoft. Segundo o The Wall Street Journal, Ballmer ficou com o título mas Gates manteve as funções, desencadeando um combate que terá durado um ano. Ballmer é agora o líder incontestado da empresa e vale cerca de 15 mil milhões de dólares, segundo a lista de 2008 da revista Forbes, que o coloca na 43.ª posição entre os mais ricos do mundo.

Apesar da sua boa disposição, já lendária através dos vídeos virais que circulam pela Internet, é um dos alvos favoritos dos mais críticos da Microsoft, sobretudo quando se fala de bolos e ovos. Talvez por isso a sua agenda privada durante as visitas como a de hoje em Lisboa seja mantida em segredo por razões de segurança.
É que os vídeos de Ballmer a dançar loucamente numa convenção da empresa são tão populares como aqueles em que tenta escapar a um ataque com ovos durante uma conferência, numa universidade em Budapeste.dn

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