Trago aos nossos leitores, uma análise a uma distribuição de Linux. Mas será apenas mais uma gota num largo oceano? Eu diria que não, e arrisco a dizer depois de a testar, que passou a figurar na minha lista de distribuições Linux favoritas.
Mas… o que diferencia esta distribuição de Linux de muitas outras? Para já os requisitos mínimos. Saiba que, para correr esta distribuição, necessita de processador com 100 Mhz e 64 MB de RAM. Porém como performance recomendada, é aconselhável ter um processador de velocidade a 300 MHZ, e 128 MB de RAM. O segundo aspecto positivo desta distribuição, que eu destaco é a beleza, poucas distribuições se apresentam com um aspecto tão sóbrio e bonito.
A sofisticação desta distribuição, começa logo quando o utilizador inicia a sessão. Este é surpreendido logo de inicio, com um tema sonoro elegante e refrescante. A navegação porém será estranha e com contornos diferentes do que estamos habituados a ver em Windows, Linux ou mesmo Mac. Para já a diferença começa no ambiente gráfico, em vez de usar o Gnome, KDE ou mesmo Xfce, o Elive, usa um ambiente gráfico denominado Enlightenment, que permite com o mínimo de requisitos possíveis, disponibilizar um ambiente amigável. Desde já isso reflecte-se nos efeitos da área de trabalho, com efeitos como sombras, transições de menus, “fadding” ao clicar em ícones, etc… Eu diria que o único efeito de desktop que falta ao leque dos efeitos existentes, é o célebre efeito de “Cubo”. Sim, porque este ambiente gráfico não usa Compiz, nem qualquer aceleração da sua placa gráfica, o que é ainda mais extraordinário.
Quanto à fundação desta distribuição de Linux, baseia-se no sólido e estável projecto Debian. A navegação na versão do Elive, à primeira vista parece-se muito com uma experiência “Mac like”, a dock no fundo do ecrã, não passa de facto despercebida. Contudo a navegação na dock não é bem igual, por exemplo quando se lança uma aplicação, e de seguida a minimizamos, esta em vez de ficar representada na dock, cria um ícone relativo ao seu processo na área de trabalho.
Para aceder porém ao menu de todas as aplicações, o utilizador tem duas opções, pode carregar com o botão esquerdo sobre a área de trabalho, e ter acesso directo a essas categorias ou clicar com o botão do lado direito, sobre a mesma, e seleccionar o item Aplicações, tendo acesso a um vasto leque de categorias, para escolher a aplicação adequada às suas necessidades imediatas.
Como o Enlightenment está ainda em fase de desenvolvimento, não contém muitas aplicações nativas e necessárias, para um uso adequado. Por isso o autor do Elive, fez uma selecção das aplicações mais leves, independentemente do toolkit gráfico (seja GTK, TCL/TK ou QT), e incluiu-as no Elive. Posso acrescentar do que vi, que a integração dessas aplicações com o desktop, não causa na maioria dos casos, a sensação de estarem “desfasadas”.
Navegando um pouco pelas várias categorias de aplicações, na categoria Acessórios, destaco, o programa de gestão de Ficheiros. Trata-se do Thunar do Xfce, garantindo uma navegação de qualidade pelo sistema de ficheiros. Destaco ainda a inclusão de suporte para gestão de dispositivos blueetooth e partilha de ficheiros usando este protocolo, no Elive.
Na secção Internet, reside o cliente de mensagens pessoais instantâneas aMSN, e o cliente XChat como cliente de IRC. É ainda incluído para chamadas VOIP o Skype, o Transmission para descarregar ficheiros remotos no protocolo BitTorrent, e o Navegador Web Iceweasel (que é um “rebrand” da versão 3.0.3 do Firefox )
Na secção Som é incluído o streamtuner, para navegação de rádios Shoutcast / Icecast, e o reprodutor multimédia XMMS (um clássico leitor de média, que muitos afirmam ser clone do Winamp).
Na categoria Gráficos, destaco o obrigatório GIMP, para edição de imagem, e o visualizador de imagens “lightweight” GQView. Aplicações para gestão de scanners são também incluídas.
Na categoria Vídeos, é feito uma boa selecção do que melhor se faz nesta área no software livre, sendo incluído para reprodução de vídeos o MPlayer, para reprodução de DVD o Xine, e a célebre ferramenta de edição/encoding de vídeo Avidemux
Quanto à produtividade, as escolhas não poderiam ser mais leves, é incluído, o Abiword como processador de texto, e o Gnumeric como folha de cálculo.
Quanto aos jogos, destaco um pormenor curioso, a inclusão de dois emuladores, o Dosbox, que permite lhe correr aqueles jogos clássicos de DOS, e o ZSNES onde pode jogar títulos absolutamente viciantes da super Nintendo.
Quanto à secção de administração, não poderia faltar o imprescindível Gestor de Pacotes Synaptic, para instalação/gestão de novos pacotes, e o Editor de partições Gparted.
Um pormenor curioso na categoria de Preferências, é a inclusão do Wine, para todos os utilizadores que não se conseguem livrar daquela aplicação de Windows, que sempre faz falta. Isto demonstra o cuidado por parte do autor desta distribuição para que nada falte, aos seus utilizadores.
A navegação característica do Elive, exige um certo empenho e interesse em se habituar a esta distribuição. A velha máxima de primeiro estranha-se e depois entranha-se, aplica-se aqui. Porém, depois de o utilizador se habituar, irá achar toda a experiência na sua área de trabalho bastante leve e refrescante.
Alguns leitores estarão a se indagar, onde é que podem descarregar esta maravilha do mundo do pinguim? Bem… para conseguir descarregar uma versão estável, o autor pede-lhe que contribua para ele continuar no desenvolvimento. O mínimo que ele pede é 5 euros, para nos deixar descarregar uma versão estável. Mas como eu neste caso, não estava para perder tempo a fazer a transacção, descarreguei uma versão gratuita de desenvolvimento, com a qual fiz esta análise. O meu conselho é, que para quem quiser apenas testar esta distribuição de Linux, a versão de desenvolvimento serve bem. Quem gostar da experiência e quiser a versão estável, para instalação no seu sistema, porque não pagar os tais 5 euros ou mais. Diga-se de passagem, o autor do Elive merece pelo trabalho sozinho o trabalho fantástico que conseguiu em criar uma versão polida.
Segue um vídeo que apresenta a versão estável do Elive:
Nota: Deixo o reparo que dependendo de casos, a versão de desenvolvimento pode não ser a mais indicada para uso como sistema de produção.
